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Quem são os empresários que estão por trás dos grandes projetos na área de infraestrutura no Brasil.
O Brasil vive uma situação inusitada em sua história recente no que se refere à infraestrutura. Estudo elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) indica que os investimentos nessa área deverão somar R$ 378 bilhões, no período 2011-2014. Boa parte dessa bolada continua a ser movimentada por companhias tradicionais do segmento, como as baianas Odebrecht e OAS, a mineira Andrade Gutierrez e a pernambucana Queiroz Galvão. A diferença em relação ao início da década de 1970, período conhecido como do Milagre Econômico, é que, agora, as obras não vêm sendo bancadas exclusivamente pelos governos federal, estadual, municipal e as estatais. Graças à abertura do mercado internacional e ao aumento relativo da participação do capital privado no Produto Interno Bruto (PIB), o governo deixou de ser o único “tocador de obras”. Esse cenário favorável também acabou abrindo espaço para “novatos” na área, como o carioca Eike Batista, controlador do grupo EBX. “O Estado não consegue fazer tudo sozinho”, disse Batista à DINHEIRO. “A iniciativa privada precisa ajudar a construir esse Brasil novo, isso é natural.” Para o empresário, na maioria das vezes, o setor privado é mais eficiente, principalmente quando associado a índices de desempenho. “Na EBX, enxergamos o Brasil 50 anos à frente, desenvolvemos projetos estruturantes e de longo prazo”, afirma.
No portfólio da EBX constam desde projetos de prospecção de petróleo até o superporto de Açu, tocado pela LLX, o braço de logística do grupo. Situado em São João da Barra, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, ele foi concebido para funcionar como um terminal multiuso, operando de forma integrada com um distrito industrial. A área de 130 km² contará com espaço para armazenagem e transporte de cargas, além de abrigar siderúrgicas e fabricantes de bens de consumo, como automóveis. Desde 2007, a LLX já investiu R$ 2,3 bilhões no projeto cuja entrada em operação está marcada para 2013.
A vocação industrial do porto está garantida, também, por uma série de incentivos fiscais. “O custo de operação de quem optar pelo local deve ser quase 30% menor em relação a outras regiões do Estado”, afirma Otávio Lazcano, CEO da LLX. A estimativa leva em conta a cobrança de 2% de ICMS ante uma alíquota máxima de 18%, sem contar a facilidade logística, já que a região é servida por importantes rodovias e ferrovias. No total, Açu deverá movimentar 350 milhões de toneladas de produtos por ano, montante mais que três vezes maior que o que trafega atualmente pelo porto de Santos.
A família Odebrecht é outro clã que vem apostando em projetos com perfil diferenciado. Uma de suas controladas, na verdade a origem de seus negócios, a Construtora Norberto Odebrecht (CNO) foi uma das primeiras empresas brasileiras a se internacionalizar, no início dos anos 1990. Ainda hoje um dos pilares do grupo comandado por Marcelo Odebrecht, da terceira geração familiar, a CNO entrou literalmente em campo para a Copa do Mundo de 2014, absorvendo algumas das principais obras programadas. A lista inclui a reforma e a construção de quatro estádios de futebol. Sobre os trilhos:  orçada em R$ 5,4 bilhões, a Ferrovia Transnordestina, tocada pela Odebrecht, é um dos símbolos da retomada dos projetos no setor Entre eles, destacam-se o Maracanã, no Rio de Janeiro, a Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, na região metropolitana do Recife, e a Arena Fonte Nova, em Salvador (saiba mais aqui). Nas duas últimas, a companhia ganhou a concessão no modelo de parceria público-privada. “Os contratos assinados no Brasil devem colaborar com 60% de nossas receitas neste ano”, diz Benedicto Barbosa da Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura. Um dos projetos mais emblemáticos é a Ferrovia Transnordestina, feito sob encomenda da Companhia Siderúrgica Nacional, ligando os Estados de Piauí e Pernambuco.
Os clãs mineiros Andrade e Gutierrez, donos da construtora batizada com o sobrenome das duas famílias fundadoras, são outros destacados membros desse seleto grupo que está construindo as principais obras de infraestrutura no Brasil. A participação na construção da usina hidrelétrica de Itaipu, na década de 1970, credenciou a companhia como uma das maiores especialistas no segmento de energia no mundo.   Tanto que agora ela participa da construção da polêmica usina hidrelétrica de Belo Monte, situada no Pará. Orçada em R$ 25,8 bilhões,  Belo Monte será a terceira maior do mundo em capacidade de geração (11,2 GW), perdendo apenas para a chinesa Três Gargantas e Itaipu. “O Brasil vive a década de infraestrutura e queremos ser um ator importante neste processo”, afirma Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez. Para reduzir a dependência das encomendas governamentais, especialmente no Brasil, a companhia elaborou um modelo de negócio cuja pedra de toque são os contratos de longo prazo. Duas de suas principais clientes são a Vale e a Petrobras, com as quais a construtora mineira mantém parcerias também no Exterior. Além disso, passou a apostar mais fortemente nos segmentos de óleo e gás, de olho nos investimentos que serão feitos para a exploração da camada de pré-sal.