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O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse ontem que, mantida a condução da atual política econômica, será possível que o Banco Central continue com a trajetória de queda dos juros até 2014. Mas a expectativa de que o IPCA fique distante do centro da meta em 2012, baseado em fatores como o reaquecimento do país em meados do próximo ano e a crise internacional concentrada basicamente na Europa, leva economistas a não acreditar que os juros nominais no Brasil ficarão abaixo de 9,5% no ano que vem. Segundo eles, a desinflação que virá do exterior nos próximos 13 meses será bem menos expressiva do que espera o Banco Central.

Estratégia | Taxa de desemprego é prioridade do governo

Para José Márcio Camargo, a política econômica do governo é pautada por um princípio: manter a taxa de desemprego baixa. “Não faço juízo de valor sobre essa estratégia, mas isso é um fato”, disse. Segundo ele, a taxa média de desocupação neste ano deve ficar próxima a 6%, o que deve levar o PIB para 3,2% e a IPCA a 6,6%, o que na prática é a descrição de uma curva de Phillips. Ele acredita que a estratégia do governo é fazer com que a taxa de desemprego não supere em 2012 a média de 7%, o que deve levar a inflação para 5,5%, com expansão do país de 3%.

Na avaliação de Camargo, para que aquele índice de preços atingisse a meta de 4,5% no próximo ano, seria necessário que a taxa média de desemprego atingisse 8%, o que faria com que o PIB subisse 2%. Ou seja, seria de um ponto porcentual a “taxa de sacrifício” do PIB para que a inflação alcançasse o objetivo central em 2012.

PIB | Massa salarial influenciará avanço
Para Braulio Borges, economista-chefe da LCA, a inflação no Brasil “não deve dar conforto” no próximo ano, pois deve ficar acima da meta em 2012, quando deve atingir 5,2%. Além de o mundo não entrar em recessão, segundo Borges outros fatores vão estimular a economia doméstica, como a elevação da massa salarial de 4,7% em 2011 e de 4,9% no próximo ano, mais a alta de 14% do salário mínimo, que deve colaborar para elevar o PIB ao redor de 0,3 ponto porcentual no ano que vem em relação ao atual. Na prática, o salário mínimo será um dos principais fatores que fará com que o país avance um pouco mais em 2012 ante este ano, pois Borges estima taxas de expansão do PIB de 3,1% e 2,8%, respectivamente.

De acordo com Borges, um outro fator importante que deve estimular a demanda no próximo ano é o não cumprimento da meta cheia do superávit primário. Com a preocupação em reforçar o crescimento do país, ele acredita que o saldo positivo deve atingir 2,7% do PIB em 2012, abaixo da marca de 3,1% do PIB. “Para atingir a meta cheia do superávit primário no próximo ano, o governo precisará cortar do Orçamento R$ 60 bilhões, acima dos R$ 50 bilhões contingenciados neste ano, o que não é provável”, destacou.

Embora os economistas avaliem que a zona do euro deverá enfrentar recessão no fim de 2011 e no primeiro semestre do próximo ano, ponderam que os EUA ainda vão crescer perto de 1,5%, enquanto o pouso suave na China deve permitir um crescimento de pelo menos 8%. Na avaliação dos especialistas, para que a Selic pudesse baixar mais e chegasse a 8% em 2012, seria necessário que a atual crise internacional atingisse um nível bem mais profundo, com efeitos depressivos na economia do Brasil tão ou mais graves do que os registrados entre julho de 2008 a março de 2009, quando a produção industrial caiu 14%, avalia o ex-diretor do BC Alexan­­dre Schwartsman.

Com os sinais emitidos pelo BC, Schwartsman avalia que a Selic receberá mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual: a primeira delas na quarta-feira da próxima semana e a segunda em janeiro. Ou seja, há mais chances de a taxa de juro real cair ainda mais, o que tende a estimular o nível de atividade e realimentar as pressões de alta da inflação. “A inflação só alcança a meta de 4,5% em 2012 com intervenção divina”, disse. Para ele, o IPCA fechará o ano que vem entre 5,5% e 6%, depois de ter atingido 6,5% em 2011. O BC espera que o IPCA encerre o próximo ano em 4,7%; ontem, Nel­son Barbosa disse que o índice deve desacelerar para um patamar abaixo de 5% em 2012.

Salário mínimo

O professor da Pontifícia Univer­sidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) José Márcio Camargo pondera que, com um aumento nominal de 14% do salário mínimo em 2012, mais a decolagem dos investimentos em infraestrutura para a realização da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olím­­picos de 2016, no Rio, a economia vai se revigorar – o que não vai permitir que os preços caiam com vigor no próximo ano. Ele espera que o PIB suba 3,2% neste ano e 3% em 2012, mas a demanda das famílias deverá ser mais vigorosa, pois, na sua estimativa, subiria 5,5% e 4%, respectivamente.

“A inflação vai reduzir a velocidade nos próximos três ou quatro meses. Porém, como o consumo doméstico está em expansão, como aponta a inflação de serviços, e a taxa de desemprego está nos menores patamares históricos, o IPCA deve retomar o vigor em meados de 2012 e fechar o próximo ano em 5,7%, depois de ter atingido 6,6% em 2011”, disse Camargo, que também é economista-chefe da Opus Gestão de Recursos.