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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa de juros básica Selic em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano, foi vista por entidades de classe como uma medida conservadora diante do cenário de inflação sob controle.

“O Copom continua exagerando na dose de conservadorismo. Com a inflação sob controle, com deflação apurada por alguns indicadores, recuo nas vendas e desaceleração do emprego, o Comitê poderia acertar a dose e manter os juros básicos da economia”, afirmou Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ.

A Fecomercio-SP foi na mesma linha ao avaliar que o aumento da Selic mostra um “medo exagerado” da autoridade monetária com relação às expectativas de inflação, ainda mais quando se considera os sinais de arrefecimento da economia nos últimos meses.

O diretor executivo da Fecomercio-SP, Antonio Carlos Borges, classificou o reajuste como desnecessário. “As ações do BC têm se mostrado inapropriadas e ineficientes nesse momento”, acrescentou. Borges lembrou que as alterações na Selic levam de quatro a oito meses para surtirem efeito na economia real.

Mesmo assim, observou o diretor executivo, o efeito psicológico já afetou alguns consumidores, que estão menos dispostos a comprar.

Já o presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, disse ver “com algum alento” a decisão do Copom. No entanto, argumentou que diversos dados da economia divulgados recentemente já trazem desaceleração do ritmo de atividade.

Além disso, ressaltou que o próprio índice de atividade econômica produzido pelo BC, referente a maio, aponta estabilidade do Produto Interno Bruto (PIB).

“Somados a isso, diversos indicadores antecedentes, como a produção e venda de veículos, produção de papel ondulado e consumo de energia elétrica confirmam o quadro de clara redução no ritmo de crescimento já no segundo trimestre deste ano”, assinalou Andrade.

O presidente da CNI teme que a persistência desse processo de aperto monetário possa provocar a redução do ritmo de crescimento dos investimentos, que considera um aspecto fundamental para o desenvolvimento sustentado.

O presidente em exercício da Força Sindical, Miguel Torres, também lamentou o resultado da reunião do Copom e previu que a medida irá aumentar a “trava” para a produção e a geração de empregos. “Lamentamos profundamente que o Brasil esteja virando um paraíso para os especuladores do mundo inteiro”.

A Fiesp e o Ciesp também acreditam que a geração de postos de trabalho será a maior prejudicada com a opção pelo aumento da taxa. “Quando a insistência da política de juros altos, na contramão da realidade econômica do país, prejudica o crescimento e tira da sociedade emprego e renda, quem trabalha e produz fica desmotivado. Isso não é bom para o Brasil”, alegou Rafael Cervone, presidente em exercício do Ciesp.