Após perder o emprego com carteira assinada, o supervisor de segurança José Vicente dos Santos, morador da região do Jabaquara, atrasou o pagamento do carro financiado em 60 parcelas. ” Estou tentando renegociar com o banco porque paguei R$ 8.000 de entrada e já quitei 24 parcelas do veículo. O fato é que perdi o salário de R$ 1.800 e passei a fazer bicos. Minha renda caiu pela metade e não consegui equilibrar o orçamento. Era muito puxado pagar R$ 518 de prestação. Mas ninguém gosta de ficar devendo”, diz.
Assim como Santos, milhares de consumidores inscritos na lista de devedores do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) alegam que a perda de emprego é a principal razão para terem se tornado inadimplentes. O segundo motivo apontado é o descontrole de gastos. Em seguida está emprestar o nome e o cartão para ajudar familiares e amigos.
” A população de menor renda é mais solidária”, diz Renato Meirelles, do instituto Data Popular, especializado em baixa renda. O autônomo Fábio Ricardo de Almeida Silva é exemplo disso. “Ajudei minha mãe a comprar material para reformar seu bar, em Campinas. Mas ela não conseguiu quitar a dívida em meu nome. Hoje, devo R$ 850.” (CR)