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Para alcançar esta meta, seria necessário crescer entre 5% e 7% no segundo semestre em relação ao primeiro
 São Paulo – O crescimento da economia brasileira está frustrando as expectativas e a meta do governo Dilma Rousseff de avançar 4,5% em 2012 se tornou inatingível. Bancos e consultorias cortaram, na semana passada, em cerca de meio ponto porcentual suas estimativas e já preveem que a alta do Produto Interno Bruto (PIB) pode ser inferior a 3% em 2012. 

  Pelos resultados da atividade econômica de janeiro a abril, seria necessário crescer entre 5% e 7% no segundo semestre em relação ao primeiro para atingir a meta, calculam consultorias privadas. ‘‘É um salto olímpico, dado o ritmo atual’’, diz o sócio da RC Consultores, Fábio Silveira. 

  A economia não está reagindo, apesar do esforço do governo: a queda na taxa básica de juros, a reversão das medidas macroprudenciais e a pressão sobre os bancos privados para reduzir juros e spread. Um desempenho fraco em 2012 pode comprometer o objetivo de Dilma de crescimento médio de 4,7% ao ano no seu governo, similar aos 4,6% do segundo mandato de Lula. 

  Até mesmo a equipe econômica já sabe que não será possível crescer 4,5%, mas evita admitir em público para não contaminar o setor privado com pessimismo. Segundo uma fonte do governo federal, os dois primeiros anos de Dilma foram sacrificados para cumprir o superávit fiscal e garantir a redução de juros. A recuperação do crescimento, diz a fonte, virá a partir de 2013. 

  O enfraquecimento das exportações e do consumo doméstico e o peso do estoques, acumulado em setores-chaves da indústria foram uma ducha de água fria no mercado. ‘‘Crescer 4,5% é extremamente improvável. De onde virá essa demanda toda?’’, questiona o economista da LCA Consultores, Francisco Pessoa Faria Jr. 

  Na semana passada, a consultoria reduziu de 3% para 2,6% a previsão de crescimento do PIB para este ano. O corte foi sustentado pelo fraco resultado da indústria, que acumula retração de 1,1% em 12 meses até março, e especialmente pelo desempenho das vendas de veículos novos, que caíram em abril 10,8% em relação a abril de 2011. Em relação a março, o fluxo de veículos pesados nas rodovias caiu 2,6%, a expedição de papelão ondulado recuou 0,1%, e o consumo de energia diminuiu 0,4%, conforme dados dessazonalizados pela consultoria Tendências. 

  Segundo Fábio Ramos, economista da Quest Investimentos, o ritmo das atividades ligadas ao crédito, como investimentos das empresas e compra de bens de maior valor, está fraco, enquanto setores que dependem da renda do trabalhador, como a venda de alimentos e artigos de higiene, mantêm desempenho forte. A consultoria reduziu de 3,5% para 3,3% sua previsão de crescimento, mas pretende cortar mais nos próximos dias. 

  Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria Integrada, chama a atenção para a desaceleração das exportações, bastante afetadas pela queda dos preços das commodities, como o minério de ferro, e pela redução da demanda global. ‘‘A influência do setor externo na produção industrial é grande’’, diz. Por causa dos resultados decepcionantes da indústria, a Tendências reduziu sua previsão de alta do PIB de 3,2% para 2,5%. 

Ajuste fiscal 

  Outro fator que estaria prejudicando o ritmo de atividade é o impacto do ajuste fiscal feito pelo governo para cumprimento da meta de superavit primário em 3,1% do PIB, sem truques contábeis. ‘‘A demanda do governo se estabilizou e isso tem impacto na atividade’’, diz o economista da Rosenberg Consultores Associados, Rafael Bistafa. Ele pondera que o ritmo de atividade será maior no segundo semestre, quando o impacto da redução da taxa Selic, iniciada em agosto de 2011, e do afrouxamento subsequente da política monetária serão totalmente observados. Porém, ele acredita que esses fatores serão insuficientes para o crescimento de 4,5%.

Raquel Landim e Márcia De Chiara