NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

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Na campanha presidencial de Sebastião Piñera, um dos pontos fracos mais explorados por seus adversários era o relacionado aos seus negócios e um passado empresarial que esteve várias vezes à beira do legal com respeito ao tratamento dado aos seus trabalhadores ou seu comportamento financeiro para erigir uma das maiores fortunas do país.

Custou ao hoje presidente do Chile vender sua participação na Lam – empresa que hoje está em negociações com a TAM – , o canal de TV Chilevisión ou suas ações no Colo-Colo, o time de futebol mais popular do país. Encurralado pela pressão pública e sendo já mandatário, não teve outro caminho a não ser vender, não sem reconhecer que lhe doía desfazer-se de suas empresas que o converteram em multimilionário, com uma fortuna de 2,2 bilhões de dólares segundo a revista Forbes.

Pois bem, dois anos se passaram desde que o presidente de direita chegou ao poder e as encrencas empresariais não param. Duas trabalhadoras da seção de lavanderia do Complexo Turístico Bahía Coique, do qual Piñera é dono, o enfrentaram acusando-o de pagar-lhes menos que salário mínimo chileno (US$ 380) e ignorar suas reivindicações anteriores, em atitudes francamente “discriminatórias”.

Piñera, que se encontra em férias, visitou no domingo passado um amigo no sul do Chile, onde recebeu a reclamação de Patricia Oporto e Luz Herrera, as funcionárias da colônia de férias, que asseguraram ter recebido durante anos “salários miseráveis, e ainda suportaram jornadas extenuantes com apenas um dia livre na semana.

“Me pagam 145 mil pesos (US$ 300) e não se vive só com isso. Ele diz sempre na televisão que seu pessoal é bem pago, e isso é mentira. “Vocês compreendem, com 145 mil pesos, o que faz uma mãe solteira? No ano passado, nós quisemos falar com Piñera aqui e ele disse que não falava com o pessoal que trabalhava pra ele, porque nós éramos pouca coisa”, afirmou Herrera.

“Ele sempre enche a boca dizendo que os trabalhadores dele são os que ganham melhor salário, e isso não é verdade”, insistiu a mulher, que assegura que empregadas e pessoal doméstico se encontram na mesma situação que as lavadeiras.

Acuado pela opinião pública, o Ministério do Trabalho anunciou nesta segunda-feira que equipes da inspeção do trabalho se mobilizarão para fiscalizar em campo o Centro Turístico Bahía Coique, na região dos Rios onde o presidente Sebastião Piñera passa suas férias.

Esta informação foi confirmada pelo titular da pasta, Brum Baranda, após se conhecerem as denúncias das trabalhadoras do lugar, que afirmam trabalhar de segunda a domingo, recebendo menos que o salário mínimo.

O porta-voz do Governo, Andrés Chadwick, esclareceu o assinalado pela autoridade do trabalho e confirmou que o centro hoteleiro encravado na Região dos Rios é de propriedade do Presidente Sebastião Piñera.

Entretanto, o secretário de estado minimizou a afirmação de que o mandatário tivesse más intenções, uma vez que “como todo o país sabe, o presidente, desde que assumiu seu cargo, abandonou por completo todo tipo de participação e administração em qualquer de seus bens e atividades empresariais”, disse Chadwick.