De todos, Pimentel já era o mais próximo por ter convivido com Dilma na época da luta contra a ditadura. A primeira crise envolvendo Pimentel – a que tomou conta da campanha de Dilma, quando foi realizado um dossiê contra o candidato tucano José Serra – não a afastou de Pimentel. E na crise atual, pelo menos até agora, a presidente continua fiel ao amigo mineiro.
Pimentel acompanhou a presidente em praticamente todas as viagens e, até antes do caso das consultorias, era consultado por ela em assuntos importantes. Em Nova York, em setembro, por exemplo, Dilma discutiu em vários momentos com Pimentel o tom do discurso que faria nas Nações Unidas. Ele tinha longas conversas com ela sobre questões políticas e era também conselheiro de problemas cotidianos.
Outro que ganhou a confiança de Dilma é Aloizio Mercadante. Na última viagem à África, em outubro, Dilma sentiu falta de Mercadante e, na última hora, mandou incluí-lo na comitiva, obrigando-o a alterar toda a sua agenda. A afinidade dos dois cresceu também na avaliação sobre a condução da política econômica.
A proximidade com Mercadante cresceu tanto que, durante o processo de substituição do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, Dilma chegou a alertá-lo que ele era uma opção reserva. Logo depois, foi confirmada a nomeação de Celso Amorim. Agora, é citado nas rodas políticas como o preferido para substituir Fernando Haddad no Ministério da Educação.
Também tem conquistado pontos com a presidente o ministro Gilberto Carvalho. Apontado inicialmente como uma espécie de “olhos e ouvidos” do ex-presidente Lula, Gilberto ganhou a confiança da presidente ao longo desses primeiros 12 meses de mandato. Tanto que ela o tem escalado cada vez mais para missões especiais.
Durante a crise que culminou com a queda do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, Gilberto foi o principal interlocutor do Planalto junto ao PCdoB. Ele também mantém um contato permanente entre Dilma e Lula.
Agenda
Do outro lado, os “renegados”
Agência Estado
Levantamento nas 352 agendas oficiais da presidente entre 1º de janeiro e a última quinta-feira, incluindo as programações de fins de semana, mostra o outro lado dessa história: o dos ministros menos prestigiados. Há uma só audiência com o ministro da Pesca. Foi em 7 de janeiro, quando a titular da pasta era Ideli Salvatti, hoje ministra das Relações Institucionais.
O atual ministro da pasta, Luiz Sérgio, jamais foi recebido pela presidente da República. No mesmo grupo em que está o da Pesca encontram-se os da Igualdade Racial e Assuntos Estratégicos. Luiza Bairros e Moreira Franco, titulares destas pastas, só foram recebidos por Dilma uma única vez até agora.
Luiz Sérgio e Luiza Bairros não quiseram comentar o pouco prestígio com a presidente. Moreira Franco informou, por intermédio de sua assessoria, que já despachou com a presidente fora da agenda por quatro vezes, antes das reuniões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES), quando mostrou os projetos estratégicos para o país nos quais está trabalhando.
A agenda da presidente não registra a presença do general José Elito de Carvalho (Segurança Institucional) nas audiências. Mas ele despacha com a presidente todos os dias, assim que ela chega ao Palácio do Planalto. Aldo Rebelo (Esportes), que tomou posse em 31 de outubro, esteve com Dilma uma vez. Orlando Silva, seu antecessor, foi chamado à sala da presidente da República nove vezes. Na mesma situação encontra-se Mendes Ribeiro (Agricultura), que foi recebido uma vez.