A dez dias do fim do prazo da adequação de empresas para a instalação do ponto eletrônico, milhares das que estão obrigadas pela portaria 1.510/2009 do Ministério do Trabalho (que têm mais de dez funcionários registrados) ainda não aderiram ao sistema.
Levantamento da Dimep, fabricante de sistema de ponto, mostra que, de um total de 600 mil empresas no País, só 260 mil adquiriram os equipamentos até o momento. Outro estudo, feito pela Associação dos Fabricantes de Relógio de Ponto em parceria com a Madis Rodbel, revela que 38% das companhias do Grande ABC ainda não efetuaram a troca do aparelho.
Um dos motivos que levam à morosidade da adesão é o custo do aparelho, que varia de R$
O sistema do ponto eletrônico foi regulamentado sob o intuito de diminuir as reclamações trabalhistas e, consequentemente, reduzir o prazo de processos. Isso deverá acontecer porque, na entrada e saída do trabalho e para o almoço, será emitido um tíquete ao passar o crachá. Ao todo, serão quatro por dia, 20 por semana, 80 por mês e 960 por ano. Esses papéis ajudarão a comprovar horas extras trabalhadas e evitar faltas indevidas.
Na avaliação do presidente da CUT-SP, Adi dos Santos, “a quantidade de árvores que serão utilizadas para gerar esse volume de comprovantes é um absurdo. Imagine quem trabalhar 20 anos em um mesmo lugar, na hora de acertar as contas”. Para a categoria que ele representa, a dos metalúrgicos, a maior parte está desobrigada da instalação do novo aparelho, graças aos acordos coletivos e ao fato de já haver sistema semelhante, mas sem a emissão dos papéis. A principal queixa era a das grandes filas que se formariam nas montadoras para retirar os tíquetes. Santos reconhece, no entanto, que setores como o comércio requerem controle mais rígido para evitar problemas.
Pesquisa mostra que 78% dos funcionários aprovam medida
Das empresas que já implantaram o sistema do ponto eletrônico, 74% mostraram-se satisfeitas com a inovação e, de seus funcionários, 78% aprovaram. Isso é o que aponta pesquisa realizada pelo Instituto AGP.
A quantidade de empregados das companhias entrevistadas é bem dividida – entre cinco e 2.800. Metade das empresas está utilizando apenas um aparelho e, 31%, entre dois e quatro equipamentos. Apenas 3% dos trabalhadores e 8% das empresas estão insatisfeitos com a novidade. A maioria dos entrevistados está trabalhando com o sistema há pelo menos três meses.
O estudo mostra, ainda, que 60% dos funcionários sentem-se mais protegidos com o novo registro de ponto e apenas 6% não acreditam que haja mais proteção com a ferramenta; 70% das empresas acreditam que estão protegidas e 8% não perceberam a melhora. O relacionamento e a confiança entre ambos melhoraram 59%, e 14% não acreditam nessa melhora.
CORRIDA – O gerente de vendas da Madis Rodbel (fabricante de relógios que tem operações no Grande ABC), Reginaldo Fermino, alerta que as companhias que deixaram para a última hora terão de esperar por pelo menos 30 dias. E o Ministério do Trabalho já inicia o processo de fiscalização no dia 1º de setembro. A primeira visita é orientadora; a segunda, que deve ocorrer entre 30 e 90 dias depois, implicará na aplicação de multa.
Fermino conta que a Madis, que tem 6% de seu faturamento proveniente da região, onde atende a 700 empresas, investiu R$ 2,7 milhões em desenvolvimento de produtos, tecnologia e treinamento de pessoas para atender demanda da portaria do MTE.