A investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil levantou uma dúvida entre os brasileiros: por que a maior potência econômica do mundo está preocupada com o Pix?
A resposta envolve poucas, mas grandes empresas do mundo financeiro – como as operadoras de cartão de crédito – e as plataformas de tecnologia – como as donas dos aplicativos de mensagem.
Nesses dois mercados, multinacionais norte-americanas como Visa, Mastercard, Google, Apple ou WhatsApp lideram seus mercados globais. Essas marcas, porém, encaram esses novos sistemas de pagamento como concorrentes.
A criação de sistemas de pagamentos instantâneos tem sido um fenômeno especialmente em países emergentes.
No fim dos anos 2000, países da África começaram a ver a popularização de sistemas que usavam a tecnologia do SMS para guarda e transferência de dinheiro.
Sistemas como o M-Pesa, criado no Quênia, cruzaram fronteiras e se tornaram um amplo sistema de pagamentos com baixíssimos custos para pessoas físicas em vários países africanos. E o mais importante: sem a intermediação de agentes financeiros tradicionais.
Não há, necessariamente, um banco ou uma grande bandeira de cartão de crédito por trás do M-Pesa. A operação ocorre basicamente entre o cliente, pequenos varejistas e a operadora de telefonia celular.
Nos últimos anos, outra tecnologia mais avançada surgiu – novamente em países emergentes.
Primeiro, a Indonésia lançou o QRIS em 2019. O sistema usa um padrão para criação de um QR code para a transferência de dinheiro entre pessoas físicas e/ou empresas.
O sistema foi criado pelo Banco Central da Indonésia e oferece a possibilidade de transferências em tempo real gratuitas para os clientes.
No ano seguinte, em 2020, o Brasil lançou sistema semelhante: o Pix. Novamente, o ambiente foi criado por um órgão público: o Banco Central do Brasil.
O sucesso foi instantâneo nos dois países, especialmente pela popularidade dos telefones celulares na população indonésia e brasileira. Além disso, ambas operações são gratuitas para os clientes.
Grandes empresas norte-americanas encaram esses sistemas como um concorrente a meios de pagamento tradicionais, como os cartões de crédito, ou os aplicativos de transferência de dinheiro, como Apple Pay, Google Pay ou o WhatsApp Pay.
CNN