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Empresa tenta se adaptar ao acirramento da concorrência no mercado, que tem reduzido as margens de lucro. Cerca de 10% do quadro de funcionários foi dispensado, segundo sindicato

A Positivo Informática iniciou o processo de demissões na fábrica, localizada na Cidade Industrial de Curitiba. A empresa começou ontem as rescisões de contratos, que devem contemplar, ao todo, entre 500 e 600 funcionários – o equivalente a cerca de 10% do seu quadro de empregados, segundo informações do Seletroar, que representa os trabalhadores das indústrias de aparelhos elétricos, eletrônicos e similares.

A empresa já havia anunciado a necessidade de fazer “ajustes” para se adaptar ao cenário de maior concorrência de mercado. As demissões ocorrem em meio a um quadro de queda acentuada de lucratividade e dos preços de mercado das ações da companhia.

A forte concorrência de preços praticada por concorrentes, a alta de insumos e o aumento dos custos das vendas, principalmente em áreas como assistência técnica e garantias, derrubaram o lucro da empresa no terceiro trimestre, que recuou 74%, para R$ 15,3 milhões. O fraco resultado tem impactado no desempenho das ações da companhia.

A Positivo Informática fez parte das homologações na agência Nossa Recursos Humanos, na Marechal Floriano Peixoto, e outra parte no próprio Seletroar. O sindicato, porém, não soube informar quantos dos demitidos eram temporários, contratados para trabalhar durante o pico de produção para o Natal, que ocorre entre setembro e novembro.

De acordo com a assessoria de imprensa do Seletroar, foi negociado um pacote de benefícios aos demitidos, além das verbas rescisórias normais. Entre elas o pagamento de R$ 250 referentes à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), R$ 120 em cesta básica e o pagamento de metas de premiação por desempenho. Na semana passada foram realizadas três reuniões entre representantes da empresa e do sindicato para negociar as demissões.

O clima entre os ex-funcionários era de desolação e de preocupação em relação à possibilidade de novas demissões. “A produção de fato estava caindo muito. Havia dias em que ficávamos sem fazer nada”, relata uma ex-funcionária, que trabalhou na empresa durante um ano e quatro meses. Segundo ela, o ambiente de trabalho era tenso nos últimos dias. “Há quem diga que os cortes podem chegar a 50% dos funcionários”, diz ela.

Dificuldades

Nos bastidores, comenta-se que dois fatores estariam pesando na decisão da empresa: o fim de alguns contratos de fornecimento de equipamentos para o governo e a dificuldade em vender seus produtos na Casas Bahia, depois da fusão com Ponto Frio/Pão de Açúcar. O fortalecimento do grupo de varejo teria tornado as negociações mais complicadas para a Positivo, que já vem enfrentando forte concorrência de preços com Acer e HP.

A Positivo preferiu não conceder entrevista. Por meio de sua assessoria de imprensa informou apenas “que o processo de reestruturação e de demissões por conta da sazonalidade foi concluído”.

A fabricante de computadores também vem mexendo na área de gestão da empresa. Somente na área de marketing foram demitidas sete pessoas, de um total de 30 que trabalhavam no departamento. Apesar disso, a empresa deve voltar a contratar. Nessa área, foram reabertas cinco vagas. Ontem, as ações da Positivo fecharam o pregão com recuo de 2%. No ano, os papéis da empresa acumulam queda de 54,74%.

Fonte: Gazeta do Povo