Produção industrial recuou em fevereiro pelo sexto mês consecutivo, atingindo 46,5 pontos, informou nesta quarta-feira (21) a Confederação Nacional da Indústria, por meio da sondagem industrial. A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 14 de março com 1.883 empresas, das quais 683 de pequeno porte, 710 médias e 490 grandes.
Os indicadores variam de zero a 100. Valores acima de 50 indicam aumento da atividade, do emprego, acúmulo de estoques indesejados e uso do parque fabril acima do usual. Já valores abaixo de 50 pontos indicam recuo da atividade, do emprego e dos estoques.
Apesar da atividade industrial ainda estar em queda, uma vez que permaneceu abaixo da linha de 50 pontos, houve melhora frente a janeiro deste ano (45 pontos) e a dezembro do ano passado (42,5 pontos), segundo números divulgados pela CNI.
A utilização da capacidade instalada (UCI), que representa o nível de uso do parque fabril, ainda de acordo com a entidade, somou 42,9 pontos em fevereiro, patamar abaixo do usual para o mês. Entretanto, também houve melhora frente ao patamar registrado em janeiro deste ano (41,7 pontos).
Estoques não caem
“Mesmo com quedas sucessivas na produção industrial, o setor não consegue reduzir o volume de estoques, que tem ficado acima do planejado desde março de 2011”, informou a CNI, com base nos números da sondagem industrial. Em fevereiro, o índice de estoque efetivo em relação ao planejado atingiu 52,1 pontos, indicando, de acordo com a entidade, acúmulo de estoques indesejados. A evolução de estoques ficou em 51,1 pontos, sinalizando crescimento de produtos que, por não serem vendidos, foram armazenados pelas indústrias.
Ainda segundo a CNI, a indústria operou, em média, com 71% da capacidade instalada em fevereiro. Em março, esse percentual foi de 69%. Mesmo com essa “leve melhora”, a Confederação Nacional da Indústria avaliou que a atividade industrial “continua desaquecida”, uma vez que o índice ficou abaixo da linha divisória dos 50 pontos no mês passado. O índice de evolução do emprego também ficou abaixo dos 50 pontos, assinalando 46,5 pontos em fevereiro, o que configura redução nas vagas de trabalho no setor industrial.
Maior otimismo
Apesar do desaquecimento da indústria, os empresários estão mais otimistas sobre a evolução da atividade nos próximos seis meses, informou a CNI. A exceção ocorre em relação às expectativas sobre as exportações, que tiveram leve recuo. O índice de perspectivas sobre as vendas ao mercado externo caiu de 51,9 pontos, em fevereiro, para 51,2 pontos em março.
“O otimismo dos empresários é maior sobre a demanda no mercado interno. O indicador, que foi de 59,3 pontos em fevereiro, subiu a 60,4 pontos em março. Em relação às compras de matérias-primas, o índice se elevou de 56,4 pontos para 57,5 pontos no período, mostrando que as empresas devem comprar mais insumos nos próximos meses para aumentar a produção. Expectativa semelhante ocorre com o índice de número de empregados, que aumentou de 52,2 pontos para 53,3 pontos no período, apontando que o setor deve contratar mais nos próximos meses”, informou a entidade.
O economista da CNI, Marcelo Azevedo, avaliou que a confiança dos empresários cresceu devido às medidas adotadas pelo governo para tentar reduzir a valorização cambial, com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas operações de câmbio, e pela redução contínua da taxa de juros, cujos efeitos devem ser sentidos nos próximos meses. “De qualquer forma, essa retomada da atividade industrial, que provavelmente começará no segundo trimestre, deve ser lenta”, afirmou.
