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Associação suspende venda de grãos até segunda-feira e organiza protestos


BUENOS AIRES. Uma nova greve dos produtores rurais argentinos começou ontem, em repúdio às restrições aplicadas pela Casa Rosada às exportações de grãos. Por decisão da chamada Comissão de Enlace, formada pelas principais associações rurais do país, foi suspensa a comercialização de grãos até a próxima segunda-feira. Também serão realizadas manifestações em diferentes cidades argentinas, sobretudo pelos produtores de trigo, que nos últimos meses enfrentaram uma série de limitações às vendas para mercados externos, entre eles o Brasil.

Segundo líderes ruralistas, o governo de Cristina Kirchner aplica cotas às exportações de grãos que beneficiam grandes empresas exportadoras que mantêm boas relações com o Executivo e prejudicam pequenos e médios produtores. Paralelamente, os mesmos pequenos e médios produtores são prejudicados no mercado interno pela escalada da inflação, que, de acordo com consultorias privadas, provocou a disparada do preço do pão, mas não reajustou, na mesma proporção, o valor do trigo. Relatório da consultoria 3-El Semillas mostrou que, entre 2006 e 2010, o preço do pão subiu 200%. No mesmo período, o montante pago aos produtores de trigo cresceu 55%.
Ruralistas afirmam que não haverá desabastecimento

Semana passada, a Casa Rosada se dispôs a liberar a exportação de 3 milhões de toneladas de trigo este mês. Com a medida, o total autorizado pelo governo foi de 7 milhões de toneladas da safra 2010-2011. Mas os produtores exigem o fim das cotas às exportações.

– Não entendemos o sentido desse protesto, porque os produtores precisam vender – argumentou o ministro da Agricultura, Julián Domínguez, que, como outros membros do governo, alertou para o risco de desabastecimento de alimentos.

Já membros da Comissão de Enlace garantiram que a greve não afetará a população:

– Não existe qualquer ameaça de desabastecimento nem de variação dos preços internos – assegurou o presidente da Sociedade Rural Argentina, Hugo Biolcati.

O presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, denunciou que a política de controle das exportações de trigo “rendeu US$2,5 bilhões às grandes empresas exportadoras”. Já o presidente das Confederações Rurais Argentinas, Mario Llambías, disse que o prejuízo para os pequenos produtores foi de quase US$1 bilhão.

A Argentina é o terceiro maior produtor e exportador mundial de soja (este ano a produção cresceu 77% em relação a 2009, atingindo 54,8 milhões de toneladas), mas a ausência de uma política agropecuária de forte impulso à produção impede, segundo a economista Marina dal Poggetto, da Bein Consultores, “que o país se transforme, novamente, numa espécie de celeiro do mundo”.

Fonte: O Globo