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Categoria cobra melhoria salarial, implantação de um terço de hora-atividade e faz críticas à junção de turmas

Curitiba – Nem mesmo a chuva forte que caiu ontem de manhã em Curitiba conseguiu diminuir a manifestação dos professores da rede estadual. De guarda-chuva na mão, perto de 7 mil professores, segundo estimativa do sindicato da categoria, participaram da passeata, que começou no Centro e terminou em frente ao palácio do governo, no Centro Cívico, onde diretores da APP-Sindicato reuniu-se com o governador em exercício Flávio Arns, para discutir as reivindicações da categoria. Em Londrina, a concentração foi no Calçadão Central. 

Foram realizados atos regionais em várias cidades. Segundo a presidente da APP-Sindicato, Marlei Fernandes, a mobilização teve adesão de 100% dos 90 mil professores do Estado. Todas as escolas estaduais ficaram fechadas ontem. 

A mobilização no dia 30 de agosto tem caráter histórico desde 30 de agosto de 1988, quando os professores, que estavam em greve no governo Alvaro Dias, teve sua manifestação na frente do Palácio Iguaçu violentamente reprimida pela Polícia Militar, com o uso da cavalaria. Na época, a categoria lutava pelo piso salarial de três salários mínimos. 

Desta vez, a principal preocupação dos professores, discutida com o governo ontem, refere-se à decisão da Secretaria Estadual de Educação (Seed) de juntar as turmas em algumas escolas. Segundo a presidente da APP, muitas escolas reclamam que o fechamento das turmas está sendo determinado de forma impositiva, sem levarem conta as justificativas de professores e diretores das escolas. 

”É um procedimento comum de otimização dos espaços escolares, onde há turmas pequenas, elas são juntadas. Com isso garante-se a maximização dos recursos, otimização dos espaços e da qualidade de ensino”, disse Flávio Arns, secretário de Educação. Ele garantiu, no entanto, que a Seed leva em conta critérios de número máximo de alunos por turma, dependendo da série escolar e de outras condições, como o tamanho da escola ou a existência de alunos com deficiência, por exemplo, que exigem mais atenção dos professores. 

Atendendo reivindicação da APP, ele garantiu que não será feito nenhum fechamento automático de turma e que serão revistas as justificativas das escolas que não concordam com a junção. Arns propôs ainda que as junções previstas sejam discutidas em uma reunião específica entre as partes. De 55 mil turmas existentes no Estado, segundo ele, está previsto o fechamento de menos de 200 turmas, o equivalente a 0,2%. 

A questão salarial também esteve em pauta, mas em menor grau de preocupação, uma vez que o governador Beto Richa (PSDB) vem cumprindo os compromissos assumidos com a categoria. Ontem mesmo a Assembleia Legislativa aprovou mensagem enviada pelo Executivo, que prevê a concessão de 5,83% de aumento nos salários. Trata-se da primeira parcela de reajuste de um total de 26% a serem pagos entre 2010 e 2014, de modo a equiparar a remuneração do magistério aos vencimentos dos demais profissionais de nível superior do Estado. Com o reajuste de 5,83%, o vencimento base dos docentes com carga horária de 40 horas semanais passa a ser de R$ 1.748,07 a partir de outubro, ou seja, o valor respeita o Piso Nacional do Magistério, estipulado em lei federal (Lei 11.738/2008). 

Sobre a reivindicação para implantação de um terço de hora-atividade para os professores, também prevista na lei federal, Arns se comprometeu a criar uma comissão, que irá estudar os impactos da medida para o próximo ano.

Maigue Gueths
Equipe da Folha