O Ministério Público do Paraná (MP-PR) e o Ministério Público do Trabalho, juntamente com outras entidades locais, estão liderando um movimento para banir completamente o uso do amianto no estado. A fibra mineral, considerada cancerígena, põe em risco a saúde dos trabalhadores das indústrias que lidam com o produto. Quando o pó de amianto é aspirado, há chance de desenvolver doenças pulmonares.
Também conhecido como asbesto, o mineral é empregado na fabricação de telhas de fibrocimento, em roupas resistentes ao fogo e em lonas de freios de veículos – só para citar alguns exemplos. Atualmente, o Paraná tem três grandes indústrias que utilizam o amianto. Outros estados, como São Paulo, já o proibiram. “As fábricas estão concentradas aqui. Viramos exportadores de amianto, ou seja, viramos ‘produtores de morte’”, disparou o procurador de Justiça Saint Clair Honorato Santos, um dos coordenadores da campanha contra a substância.
Ontem, em Curitiba, a Comissão Interinstitucional pelo Banimento do Amianto no Estado organizou dois eventos para discutir a questão. Pela manhã, houve uma audiência pública no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). À tarde, na sede do MP-PR, ocorreu o seminário “Por um Paraná sem amianto”. Em ambos os eventos, médicos, políticos e promotores palestraram sobre o tema.
Durante a audiência pública, empregados do setor de fibrocimento compareceram ao plenário da Alep, mas o uso da palavra lhes foi negado. De acordo com Saint Clair, são as empresas do setor que patrocinam as manifestações. Durante o seminário, um grupo de sindicalistas participou do evento, defendendo o uso seguro do amianto e não simplesmente seu banimento.
Adilson Santana, vice-presidente da Comissão Nacional dos Trabalhadores de Amianto, porém, diz que o risco de desenvolver doenças pelo uso da substância diminuiu bastante graças à modernidade das fábricas. “O Brasil hoje exporta tecnologia no uso controlado do amianto”, reiterou.