NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Apesar de já aprovado na semana passada em primeira discussão na Assembleia Legislativa, o projeto de lei 334/11, do deputado estadual Fábio Camargo (PTB), pegou o setor hoteleiro de Londrina de surpresa. A proposta estabelece que as diárias em hotéis, pousadas, pensões, casas de repousos e similares, no Paraná, passam a vencer a cada 24 horas a partir do ingresso dos hóspedes. Hoje, a maior parte dos hotéis inicia e finaliza as diárias ao meio-dia.

O projeto proíbe a cobrança de mais de uma diária antes que se complete o período de 24 horas de hospedagem. O presidente do Sindicato dos Hotéis de Londrina, Alzir Bocchi, disse ontem desconhecer a existência do projeto. ”Não tenho conhecimento, não fui convidado a discutir”, afirmou.

Apesar disso, ele declarou que nenhuma lei pode obrigar o hotel a ”deixar apartamento vazio”. Segundo Bocchi, se um hóspede deixar o hotel às 21 horas, por exemplo, o apartamento só poderá ser limpo na manhã seguinte, quando as camareiras chegam para o trabalho. ”Essa lei pode inclusive encarecer a hospedagem”, advertiu.

Para Reinaldo Cassimiro da Costa Junior, gerente do Cedro Hotel e presidente do Londrina Convention & Visitors Bureau, o deputado ”demonstra desconhecimento de como funciona o setor hoteleiro”. ”Essa é um prática mundial, as diárias começam e terminam ao meio-dia”, alegou. Costa Junior, que soube do projeto no final de semana, disse que os hotéis trabalham com previsão de reserva. ”Como vou reservar se não sei que horas terei o quarto disponível?”, questionou.

De acordo com o gerente, se aprovada, a lei vai obrigar os estabelecimentos a manterem equipes de limpeza 24 horas o que iria aumentar ”absurdamente” os custos e encarecer as diárias. ”O atual sistema não é um capricho dos hoteleiros, é uma maneira que a hotelaria encontrou de prestar um bom serviço ao cliente.”

Bruno Veronesi, da Veronesi Hotelaria, também desconhecia o projeto. Segundo ele, os hotéis precisam de programação. ”Ao meio-dia, a gente sabe que tem um pessoal entrando e outro saindo. Se não for assim, não temos como nos programar”, reforçou.

Fora de pauta

O projeto do deputado Fábio Camargo está fora de pauta. Ele recebeu uma emenda que está sob análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e não há prazo para nova votação. No entanto, Camargo já admite fazer mudanças.

Ontem, ele recebeu proposta dos hotéis para que o início e o fim das diárias permaneçam ao meio-dia, mas que os hóspedes possam pagar proporcionalmente pelas horas que extrapolarem o término da diária.”Seria um porcentual de 10% do valor da diária por hora”, explicou. Ele admite a possibilidade, mas pretende realizar audiências públicas antes da votação. ”Vamos escutar o setor e acho que o Parlamento vai chegar a bom termo”, afirmou.

Para o gerente do Hotel Cedro, essa proposta é uma ”lenda”. Segundo ele, a hotelaria do Paraná é uma das mais eficientes e flexíveis do Brasil. ”Nós, por exemplo, não cobramos meia diária de quem extrapola até as 17 horas”, garantiu. Segundo ele, até as 18 horas, há camareira no hotel para fazer a limpeza do quarto. ”Mas se o hóspede sai às 19 ou às 20 horas, eu tenho de cobrar porque o apartamento vai ficar vazio até o outro dia.”

Nelson Bortolin
Reportagem Local