O PT sai na frente na disputa pelos votos da chamada nova classe média. O grupo – cerca de 30 milhões de pessoas – é um dos principais alvos de petistas e tucanos para as eleições presidenciais de 2014. Os primeiros dados objetivos sobre o comportamento eleitoral desse grupo confirmam as hipóteses dominantes: Dilma Rousseff (PT) foi a mais favorecida em 2010. Estudo dos pesquisadores Lucio Rennó (Universidade de Brasília) e Vítor Peixoto (Universidade Estadual do Norte Fluminense) mostra de maneira inédita que a percepção de ascensão social nos anos Lula aumentou em 78% a chance de o eleitor ter votado em Dilma em 2010.
“Até seria de esperar, mas isso não tinha sido demonstrado: quem percebe ascensão social recompensa o governo. No entanto, não há diferenças tão significativas de voto entre quem percebe queda e quem identifica imobilidade”, afirma Peixoto. Em 2010, Dilma teve 48,6% dos votos no primeiro turno. Segundo o trabalho, entre os eleitores que perceberam ascensão de sua própria classe, ela chegou a 57,4%. A petista alcançou apenas 35,3% entre os que sentiram queda e ficou com 38,1% entre os que identificaram imobilidade.
No segundo turno, o impacto da mobilidade social é ainda mais visível. O candidato derrotado José Serra (PSDB), que teve 36,8% dos votos, conquistou 50,4% (suficiente para ser eleito, portanto) dos eleitores que perceberam queda de classe social e apenas 29,1% dos que viram ascensão (e 45,5% dos que notaram imobilidade). Em contrapartida, Dilma, que teve 57,2% dos votos, chegou a 66% entre os que perceberam ascensão de sua própria classe e 43% entre os que sentiram queda (e 47,1% entre os que viram imobilidade). O trabalho de Rennó e Peixoto foi feito com base nos dados do Eseb (Estudos Eleitorais Brasileiros), pesquisa realizada com 2.000 pessoas logo após as eleições de 2010. O estudo foi apresentado pela no 35º encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG).