Estudo divulgado nesta segunda-feira (28) pela Tax Foundation revela que, em 2024, os Estados Unidos importaram cerca de US$ 221 bilhões em produtos alimentícios, 74% dos quais (US$ 163 bilhões) são alvo das tarifas impostas pelo presidente do país, Donald Trump.
A Tax Foundation, organização sem fins lucrativos, que atua há mais de 80 anos fazendo avaliações sobre impostos e coletando dados sobre tributos ao redor do mundo, explicou que, nas condições atuais, essas importações enfrentam tarifas que variam de 10% a 30%.
Mas lembrou que elas poderão ultrapassar o patamar de 30% para alguns países se as tarifas recíprocas entrarem em vigor em 1º de agosto, como é o caso do Brasil — com o qual Trump ameaça com uma sobretaxa de 50%.
“Os cinco maiores exportadores de produtos alimentícios para os EUA, em ordem, são México, Canadá, UE [União Europeia], Brasil e China, representando 62% do total das importações de alimentos dos EUA”, diz a Tax Foundation.
Impacto na inflação norte-americana
De acordo com o levantamento da Tax Foundation, as tarifas sobre as importações de produtos dos EUA devem aumentar para mais de 80 países em 1º de agosto. A conclusão é de que o tarifaço de Trump afetará quase 75% das importações de alimentos dos EUA.
“Com cerca de 71% das importações de produtos dos EUA já enfrentando as tarifas mínimas de 10% do presidente Trump, grande parte da atenção tem se concentrado em como as tarifas impactarão o setor de bens manufaturados. No entanto, diversas importações de alimentos também são impactadas pelas tarifas, o que provavelmente levará a preços mais altos para os consumidores”, diz o estudo.
Segundo o documento, assinado por Alex Durante, economista senior da Tax Foundation, e Rebecca Walker, o aumento das tarifas de importação de produtos alimentícios tende a pressionar a inflação norte-americana pelo fato de que a produção local não seria suficiente. Eles citaram o exemplo da importação de bananas.
“Em 2023, os EUA importaram mais de US$ 2 bilhões em bananas, principalmente da Guatemala e de outros países da América Central. Os EUA têm uma capacidade limitada de produção de bananas, com poucas localidades com clima adequado. Como a terra é um recurso escasso, os produtores de banana na Flórida e no Havaí não conseguiriam expandir a produção de banana com a mesma facilidade para atender à demanda americana. O resultado final é que uma tarifa sobre a importação de banana simplesmente levaria os consumidores americanos a pagar preços mais altos pelas bananas importadas”, argumentaram os analistas.
No caso do café importado do Brasil — que pode estar sujeito a uma sobretaxa de 50% a partir da próxima sexta-feira — o estudo cita o sabor como atrativo.
“Considerando que o café brasileiro pode ter um perfil de sabor único, os produtores americanos não podem simplesmente produzir ‘café brasileiro’ nos EUA. Nessa situação, alguns consumidores podem optar por simplesmente pagar o preço de importação mais alto pelo café brasileiro, em vez de trocar por outro tipo”, diz o estudo da Tax Foundation.
Segundo dados oficiais, as tarifas que Donald Trump anunciou no primeiro semestre tiveram impacto na inflação. Produtos como roupas, eletrodomésticos e móveis encareceram, pressionados pelas sobretaxas do presidente americano. Em junho, os preços ao consumidor subiram, em média, 0,3%, e 2,7% no acumulado em 12 meses.