NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Menos pessoas estão interessadas em fazer parte da força de trabalho neste ano. Nos oito primeiros meses de 2011, a População Economicamente Ativa (PEA) – soma das pessoas ocupadas e à busca de emprego – avançou apenas 1,2% sobre igual período de 2010, considerando-se a média dos dois intervalos analisados, chegando a 24,1 milhões de pessoas em agosto passado nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2010, a PEA havia se expandido 2% em igual ordem, segundo cálculos da LCA Consultores feitos a pedido do Valor com base na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.

O crescimento deste ano é o menor desde 2006, com exceção do ano de 2009, com o qual praticamente empata – é apenas 0,1 ponto percentual acima do verificado há dois anos na mesma comparação.

As fracas variações de 2009 e 2011, no entanto, são causadas por motivos diferentes, explicam analistas. Há dois anos, o pessimismo em relação à situação econômica do país desestimulava a busca por emprego – os desempregados viam poucas chances de conseguir uma ocupação. Agora, o aumento da renda familiar faz parecer desnecessário aos olhos dos jovens a entrada no mercado de trabalho.

O bom momento vivido pelos trabalhadores pode ser mensurado pelo chamado desemprego pelo desalento, contingente contabilizado nas pesquisas como pessoas que precisam trabalhar, mas que desistiram de procurar emprego por um certo período, motivadas pela descrença em conseguir uma vaga, ou por algum outro impedimento que foge de seu controle.

Em agosto passado, 185 mil estavam nessa condição no total das sete regiões pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em igual mês de 2009, esse número era de 338 mil, após ter atingido o pico em março daquele ano (368 mil). O cálculo do Dieese leva em conta pessoas que buscam trabalho com poucas interrupções nos últimos 12 meses.

Assim como os “desalentados”, também está diminuindo a participação de jovens que têm como preocupação encontrar um emprego para ajudar a família durante a faculdade. A parcela de componentes da PEA com idade entre 18 e 24 anos, que chegou a ser de 19,3% em agosto de 2003, caiu para 14,9% em igual mês deste ano, segundo dados do IBGE. Também diminuiu, ainda que em ritmo mais brando, a participação do grupo de 15 a 17 anos na PEA, de 3% em agosto de 2003 para 1,8% no mesmo mês de 2011.

Pelo seu perfil, a redução no ritmo de crescimento da PEA não preocupa a economista Lúcia Garcia, coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese. “Por enquanto, a expectativa formada pelos trabalhadores é de uma economia robusta”. Segundo ela, o movimento atual da PEA é um ajuste após a recuperação do nível de renda e do emprego, e não há risco de um retrocesso à situação do mercado de trabalho do fim dos anos 90.

“A renda está em um patamar de crescimento real importante, o que pode impedir que mais membros da família procurem um emprego”, observa o economista Fábio Romão, da LCA. Após três meses seguidos subindo 4% na comparação anual, o rendimento médio real dos trabalhadores diminuiu o avanço nessa base para 3,2% em agosto, percentual ainda significativo. A projeção da consultoria é que o rendimento médio real encerre 2011 com expansão de 3,4% sobre 2010, quando o crescimento foi de 3,8%.

Essa “bonança”, no entanto, não deve dificultar a contratação de mão de obra temporária no fim do ano, diz Romão, já que, em sua opinião, a desaceleração da atividade econômica em curso deve diminuir a demanda dos setores por esse tipo de trabalhador.

Ele cita como sinal de procura mais fraca por funcionários temporários o comportamento da indústria, cujas contratações feitas em função das festas de fim de ano começam em agosto.

Em agosto deste ano o saldo de vagas nas fábricas foi de 37,9 mil, frente os 72,1 mil postos criados em igual mês de 2010. “O número deste ano é fraco para a contratação da indústria no mês”, sustenta o economista.

Para Lúcia, os setores que precisam de mão de obra temporária terão que oferecer um incentivo a mais para recrutar pessoal neste ano. “Para abrir mão de trabalhar menos, é preciso que a pessoa enxergue uma oportunidade como uma renda maior, e esse será um grande mecanismo de ajuste daqui para frente”, opina. “O mercado mostra para o trabalhador que a renda deve cair. Em um momento de estabilidade da PEA, é preciso sinalizar que a renda vai aumentar.”