Segundo especialistas, indicação de parentes pode decepcionar eleitor, que esperava por renovação
Além de escolher políticos que já estiveram envolvidos em escândalos e problemas na Justiça para compor o seu secretariado, o futuro governo Beto Richa também não temeu possíveis críticas e indicou a mulher, Fernanda Richa, e o irmão, José Richa Filho, para secretarias importantes. Fernanda, que foi presidente da Fundação de Ação Social (FAS) no período em que o marido era prefeito de Curitiba, agora será secretária da Família e do Desenvolvimento Social. Richa Filho, que também fez parte da administração municipal no período que Richa estava na prefeitura, assumirá a Secretaria de Infraestrutura e Logística. A pasta reunirá as atuais secretarias de obra e de transporte e tem status de supersecretaria.
A nomeação de parentes para cargos de confiança como o de secretário não é proibida pela súmula antinepotismo editada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas a prática foi motivo de críticas de Richa ao ex-governador Roberto Requião – que manteve no governo a mulher e dois irmãos. Além disso, na avaliação do cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a prática não condiz com o discurso de modernização da administração adotado pelo ex-prefeito durante a campanha eleitoral.
Para ele, o eleitor de Richa que esperava mudanças tende a ficar decepcionado com medidas como essa. “Vemos o nepotismo sendo ampliado, com o irmão em uma supersecretaria e a esposa assumindo uma pasta com um peso muito maior do que o da FAS”, diz. Segundo ele, ao indicar dois parentes para pastas importantes do seu governo Richa se aproxima de algo que era típico do ex-governador Requião.
“Ele está reproduzindo o velho estilo de nepotismo. Passando a ideia muito mais de continuidade que de renovação”, comenta. “Com isso, o Beto é mais Requião que o próprio Requião. Porque ele coloca os familiares no governo e ainda os favorece com cargos importantes”, afirma Oliveira.
O especialista em marketing político Carlos Manhanelli, porém, não enxerga nas indicações de parentes algo tão preocupante para a imagem do futuro governo. De acordo com Manhanelli, o eleitor tende a ser tolerante com a indicação de parentes para cargos no governo. “Quando o governo funciona, aí é que as pessoas não se importam mesmo com isso”, avalia.
Fonte: Gazeta do Povo