NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

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Pela primeira vez em cinco anos, o salário inicial da construção civil está próximo do pago pela indústria da transformação na região. Em 2006, a remuneração média nos canteiros de obras era R$ 1.080,17 e no chão de fábrica chegava a R$ 1.277,64, valor 18% maior. Mas no ano passado, a disparidade caiu para 12%, com as empreiteiras pagando R$ 1.266,62 e as fábricas, quantia de R$ 1.418,20. Os dados foram extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego.
 
A falta de mão de obra qualificada na construção somada ao boom imobiliário que a região vivencia foi um dos responsáveis pela alta dos salários. A diretora do Sindicato da Indústria da Construção do Grande ABC, Rosana Carnevalli, explica que desde 2006, além da correção da inflação, os trabalhadores do setor têm ganho real na remuneração. A formalização foi outro aspecto importante. “Foi um plano do SindusCon-SP para valorizar a categoria e tentar reter profissionais no momento em que a construção se recuperava de um período de recessão.”
 
Atualmente, o salário de admissão nos canteiros das sete cidades está à frente do comércio (R$ 943,08), serviços (R$ 977,79) e administração pública (R$ 908,47). Para o professor do Observatório Econômico da Universidade Metodista Sandro Maskio, que fez o levantamento a pedido do Diário, a tendência é que o valor pago aos pedreiros, marceneiros, ferreiros e carpinteiros se eleve nos próximos anos devido às obras de infraestrutura para os eventos esportivos e a demanda do programa Minha Casa, Minha Vida.
 
INDÚSTRIA – Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, afirma que a importação desenfreada por parte das montadoras está ocasionando desindustrialização e deixando de gerar empregos. “A cada ano, os profissionais experientes, com maiores salários, são dispensados. No lugar deles são contratados metalúrgicos que ganham o piso. Essa prática está achatando o salário na indústria do Grande ABC”, critica.
 
Espirro salienta que o aumento com ganho real de 3,1% no ano passado não tem conseguido superar a alta rotatividade nas fábricas. Ele destaca que a valorização dos profissionais da construção com carteira assinada, pagamento de benefícios e capacitação nos próprios canteiros é uma situação pela qual a indústria passou há muitos anos.
 
A diretora regional do SindusCon acredita que é uma questão de tempo para que a remuneração na construção civil alcance o da indústria. Essa situação é, inclusive, cada vez mais real no País. Dados do Ministério do Trabalho mostram que o salário na contratação do setor em 2011 foi de R$ 933,33, enquanto na indústria da transformação foi de R$ 941,83.