NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

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Oano de 2010 será histórico para a maioria das categorias de trabalhadores brasileiros. Além do menor nível de desemprego desde 2002, de 5,7% em novembro, os trabalhadores conseguiram engordar seus vencimentos com aumentos reais médios, já descontada a inflação, de 3,5% – mais que o dobro do ganho de 1,5% conquistado em 2009. Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, “97% de todas as categorias conseguiram aumentos reais significativos” no ano passado. O avanço dos salários já está aparecendo nos índices de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), uma prévia do índice que orienta o sistema de metas de inflação do governo, foi de 0,76% em janeiro. Em dezembro, ficara em 0,69% e, em 12 meses, acumula 6,04%, informou o IBGE. Pressionado pelos reajustes já esperados de 1,77% nos ônibus urbanos e de 1,21% na alimentação, o índice trouxe um dado que surpreendeu analistas: a alta de 0,88% nos serviços.

– Nos índices anteriores de dezembro e novembro, essa taxa ficara em 0,49%. A inflação dos serviços praticamente dobrou e ficou acima do IPCA médio. Em janeiro do ano passado, esses índices andavam juntos – afirmou o professor da PUC Luiz Roberto Cunha.

Segundo o economista, o aumento dos salários pressiona os preços de duas formas. A primeira influência vem da alta dos custos da produção com mão de obra, principalmente no setor de serviços no qual a folha de pagamento tem o maior peso. A segunda pressão se dá pelo aumento do poder aquisitivo dos trabalhadores, que faz o preço subir diante da expansão da demanda. Novamente, os serviços são os mais procurados quando a renda das famílias cresce.

E os reajustes acima da inflação vão continuar este ano. Os eletricitários, categoria que tem dissídio em maio, vão reivindicar o dobro do aumento real conquistado em 2010.

– No mínimo, vamos reivindicar 2% acima da inflação – afirmou Magno dos Santos Filho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Energia Elétrica do Rio de Janeiro.

Expansão menor do país deve frear ganho este ano

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 2010 foi o ano com a maior média de ganhos reais para as categorias formais de trabalhadores desde 1995. Porém, diante da perspectiva de expansão menor da economia e do ajuste fiscal, o cenário para 2011 desenha-se menos favorável à evolução da renda.

– A projeção de crescimento menor reflete nas negociações. Do ponto de vista do ganho real, a tendência se mantém, porque o mercado vai continuar crescendo. Só vai ser difícil chegar ao mesmo patamar de reajuste do ano passado – explica o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre.

No primeiro semestre de 2010, 97% dos acordos repuseram a inflação, o maior percentual registrado pelo Dieese. Entre julho e dezembro, espera-se que chegue perto de 100%.

Na avaliação do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, mesmo que os reajustes salariais nos próximos anos não sejam tão expressivos de um modo geral, o crescimento da renda poderá ser puxado de “forma individual”.

– As empresas terão interesse em manter trabalhadores que atendam suas demandas. O cenário aponta para reajustes individualizados para quem tiver mais qualificação.

Nas categorias que tiveram ganhos reais expressivos, as opiniões dos dirigentes sindicais se dividem quanto às expectativas para 2011. Os petroleiros, que conseguiram aumentos entre 8% e 9,36%, com ganhos reais de 3,5% a 4,5% (de acordo com a faixa salarial), estão otimistas.

– Nesses 12 anos que negociamos com a Petrobras, esse foi o maior índice. Há cinco refinarias sendo construídas. Não apostamos que um crescimento menor vá afetar o setor – diz o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio Moraes.

Os 60 mil metalúrgicos de São Paulo, ligados à Força Sindical, e do ABC, filiados à CUT, comemoram os maiores ganhos reais – de 9% e 10,8%, respectivamente. Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, está preocupado com alta das importações, que reduzem a competitividade da indústria e as medidas do governo para conter o crédito.

– O reajuste será do tamanho do desempenho do setor, mas a expansão da economia vem sendo puxada pelo aumento do mínimo e dos acordos salariais acima da inflação. É importante continuar assim.

O metalúrgico Evaristo José da Silva, de São Paulo, concorda. Ele pertence à categoria que teve o segundo maior aumento real em 2010: 3,6% (alta nominal de 9%). Silva, que trabalha há 20 anos na Metalúrgica Schioppa, diz que há muito tempo a categoria não recebia um reajuste assim.

– Com a diferença no salário dá para pensar em um fogão novo, móveis novos ou até em um carro – comemora.

Para Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, a boa situação econômica deixa o trabalhador mais confiante.

– Com isso, temos mais mobilização. E em 2011 está mais fácil de negociar.

Fonte: O Globo