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Criatividade é o forte do Rio. A constatação vem de pesquisa realizada pela Firjan, que mostra que os profissionais fluminenses da indústria criativa são os mais bem remunerados do Brasil. Enquanto a renda média mensal paga no país pelas empresas do setor em 2010 foi de R$ 2.296, no Estado do Rio, esse valor médio chegou a R$ 3.014.
 
O termo indústria criativa foi criado em 1998 no Reino Unido, para designar os setores que têm sua origem em criatividade aliada a perícia e talento individuais, com potencial para gerar lucro e empregos. No estudo da Firjan, feito com base em dados de 2010, televisão e rádio, software e computação, mercado editorial, publicidade, arquitetura, artes visuais, filme e vídeo, música, artes cênicas e design foram as áreas avaliadas. Juntas, representam hoje 2,5% do PIB nacional, o que equivale a uma movimentação de R$ 93 bilhões na economia — em 2006, respondiam por 2,4% do PIB.
 
E, embora no Rio os salários sejam mais altos, a indústria criativa como um todo está fortalecida no país: em 2010, a renda média mensal do núcleo foi de R$ 2.296, contra R$ 1.588 dos empregados formais do resto da economia, ou seja, quem trabalha na área ganha 45% acima dos demais.
 
— Isso se explica pelo alto valor agregado da atividade, que cria produtos que são muito valiosos. Além disso, os profissionais que atuam na indústria criativa têm alto grau de instrução, seja universitário ou técnico — afirma o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Guilherme Mercês.
 
TV paga mais. Só design fica abaixo da média
 
No Estado do Rio, o rendimento do núcleo criativo é superior à média brasileira em todos os segmentos analisados, com exceção do design. E há três atividades em que o profissional fluminense é o mais bem pago do país: TV e rádio (R$ 4.971), música (R$ 3.263) e arquitetura (R$ 2.467).
 
— Esse resultado é reflexo direto ainda da vocação natural do Rio para a cultura. Por termos sido a capital do país por tanto tempo, termos uma geografia privilegiada, inspiradora e que favorece a integração. O Rio foi, e é cada dia mais, local de atração dos criativos do país — acredita Marcos André Carvalho, coordenador de Economia Criativa da Secretaria de Estado de Cultura do Rio.
 
A arquiteta Dália Tamler, que, segundo a pesquisa, exerce a terceira atividade do núcleo criativo com maior remuneração, concorda que o cenário está mais favorável do que há cerca de dez anos:
 
— Quando entrei na faculdade, no fim dos anos 90, só se falava de arquitetos que trabalhavam em outras áreas, porque não havia trabalho. Hoje não falta emprego no setor.
 
Sócio da Benfeitoria, um dos 21 empreendimentos que integram as Incubadoras Rio Criativo, programa da secretaria de cultura, Murilo Farah lançou, com a mulher, Tatiana Leite, uma plataforma de realização coletiva de projetos (crowdfunding). O objetivo é incentivar projetos que tenham um impacto positivo em toda a cadeia criativa.
 
— A economia criativa não é só feita de produtos. É importante que os modelos de negócios também sejam criativos — destaca o empreendedor.
 
O núcleo criativo emprega 771 mil pessoas em todo o Brasil: São Paulo está em primeiro lugar (315 mil), Rio em segundo (88 mil) e Minas Gerais em terceiro (63 mil). Mas esses números ganham amplitude quando é considerada toda a cadeia da indústria criativa, o que inclui as atividades relacionadas e de apoio ao núcleo criativo na indústria, comércio e serviços: são 10,5 milhões de profissionais no total.
 
— A indústria criativa tem de fato um poder multiplicador muito elevado. A arquitetura, por exemplo, gera demanda para a construção civil, que por sua vez gera demanda para indústrias de insumos, e assim por diante. Ela movimenta toda uma cadeia que envolve diversos setores. Daí seu grande potencial — ressalta o gerente de estudos econômicos da Firjan.
 
Apesar de a média de remuneração mensal do Estado do Rio ser superior à brasileira no cômputo geral dos segmentos analisados, São Paulo tem a melhor média em quatro deles: filme e vídeo (R$ 1.289), publicidade (R$ 2.474), software e computação (R$ 3.198) e mercado editorial (R$ 2.753).
 
Claudio Nasajon, presidente da Nasajon Sistemas, empresa que desenvolve softwares, e presidente do Conselho da Pequena e Média Empresa da Associação Comercial do Rio, concorda que, no mercado de tecnologia da informação, a economia fluminense ainda não compete com São Paulo — mas ele vê aí um cenário de rápida transformação.
 
— Temos condições de desenvolver ecossistema para tornar o Rio o melhor local para as empresas de TI começarem — acredita Nasajon, que não considera significativa a diferença de média salarial entre e Rio (R$ 3.060) e São Paulo (R$ 3.198). — Essa diferença é flutuante. Até porque o Rio está muito competitivo.
 
Mas para Nasajon a valorização dos profissionais, que se reflete em salário, pode desmotivar o empreendedorismo:
 
— O aumento dos rendimentos salários se reverte em ganhos para a economia. Mas, com boas oportunidades de emprego nas empresas, a vontade de abrir um negócio próprio pode diminuir. A saída para isso é sobrevalorizar a atividade empreendedora.
 
Para incentivar o “empreendedorismo criativo”, a Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro lançou, em agosto de 2010, o Programa Rio Criativo, que conta com uma incubadora que abriga 21 empreendimentos da economia criativa. Concluído o processo seletivo, o programa começou a funcionar em julho deste ano.
 
— O objetivo é também promover um estudo amplo sobre a economia criativa do estado, a fim de nortear as políticas públicas para os setores embasados pela criatividade — destaca Marcos André Carvalho, coordenador de Economia Criativa da Secretaria Cultura.
 
‘A matéria-prima dessa nova economia é limpa’
 
Para Carvalho, é grande a chance de desenvolvimento que o setor abre ao estado:
 
— A economia criativa é uma nova possibilidade para pensarmos numa política de desenvolvimento econômico e social que vá além da indústria do petróleo, que é finita e poluente. A criatividade, matéria-prima dessa nova economia, é limpa, abundante e está no nosso DNA.