O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, atacou ontem a política do governo federal para as estradas. O tucano criticou as condições das rodovias e defendeu a política de concessões realizada pelo governo de São Paulo. Serra disse que o governo arrecadou R$ 65 bilhões nos últimos oito anos por meio da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) dos combustíveis e só investiu nas estradas um terço desse valor.
“Está cheio de estradas da morte em todo lugar. Esse modelo federal não deu certo”, afirmou o candidato, acrescentando que oito em cada dez rodovias federais “não têm condições de operar”, disse, em entrevista ao programa “Minas Urgente”, da TV Bandeirantes.
O candidato tucano defendeu que em “alguns casos” se pode repetir pelo país o modelo de concessões de rodovias feito em São Paulo, com a cobrança de pedágios. Segundo ele, a política paulista elevou a qualidade das estradas e poupou 11 mil vidas desde 1999.
Serra também atacou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), dizendo que o órgão federal é “totalmente loteado entre políticos”. “A prioridade deixa de ser o interesse nacional e passa a ser interesse político daqui ou dali. Isso comigo vai acabar”, afirmou.
Em viagem a Minas, ao lado do ex-governador Aécio Neves (PSDB), Serra evitou responder a declarações da candidata do PT, Dilma Rousseff, de que estaria baixando o nível da eleição. Porém, em discurso, voltou a desafiá-la. “Estou fazendo um esforço nesta campanha para ter debate. Debate, em vez de ficar com aquele tititi. Fulano falou, sicrano disse”, afirmou.
Nos discursos, o tucano adotou como estratégia o uso de temas polêmicos para confrontar sua principal rival na disputa. Serra voltou a insistir na necessidade de “enfrentamento decidido” no combate às drogas. Segundo ele, o “o governo precisa se envolver mais”. O candidato também criticou o tratamento oferecido hoje por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje o SUS tem mais problema do que jamais teve”.
Ao fazer campanha ontem em Minas Gerais, Serra disse ter apoio como “em nenhum outro lugar”. de seus principais aliados políticos no Estado – o governador Antonio Anastasia e o ex-governador Aécio Neves, ambos do PSDB. A declaração foi feita pelo candidato espontaneamente, sem que ele tivesse sido questionado sobre o assunto.
“Viemos aqui na nossa campanha acompanhados do meu amicíssimo Anastasia e do meu queridíssimo Aécio Neves”, disse Serra, em Patos de Minas, a 401 km de Belo Horizonte. “Quero dizer que a nossa campanha aqui tem todo o empenho, como em nenhum outro lugar, dos nossos principais líderes, o Aécio e o Anastasia.” Serra também fez elogios ao ex-presidente Itamar Franco (PPS). “Apoio Itamar Franco para senador, o homem que honrou Minas na Presidência”, declarou.
Serra disse ser “a favor” de um piso salarial nacional para os policiais, mas por meio de lei e não mudança constitucional. Ele não se comprometeu com a promessa de equiparar os salários das polícias estaduais ao da polícia do Distrito Federal, que é financiada pelo governo federal. Segundo ele, isso custaria até 40 bilhões por ano. “É uma batalha que eu gostaria de dar, agora isso vai depender de ter dinheiro.”