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Lideranças dizem que pedirão aumentos reais de salários nas negociações de data-base do segundo semestre

SÃO PAULO. Os sindicatos de trabalhadores com datas-base no segundo semestre do ano não pretendem abrir mão da reposição integral da inflação acumulada e de negociar aumentos reais de salário, como sugeriu o governo. Para os sindicalistas, a ideia do governo de segurar os reajustes salariais para que não haja pressão sobre a inflação vai na contramão do movimento sindical, que quer manter o poder de compra dos trabalhadores. No ano passsado, 89% das categorias conseguiram aumentos salariais acima da inflação, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

– Não é arrochando salário que o governo vai combater a inflação – disse Jamil D”Avila, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, que reúne em sua base cerca de 65 mil trabalhadores, e que na campahha salarial do ano passado conseguiu reajuste de 10,8%.

Na quarta-feira passada, o sindicato de Curitiba negociou com a Volvo uma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$15 mil para todos os trabalhadores, depois de paralisação de dois dias na montadora. Ontem, foi a vez de os funcionários da Volks cruzarem os braços por uma PLR de R$12 mil.

– Isso é só uma prévia do que vai acontecer em setembro, caso as empresas não queiram negociar aumento real de salário – avisou.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, disse que essa questão de salário alimentar inflação, como tem sugerido o governo, está superada desde os tempos em que o economista Delfin Netto comandava a economia do país. Segundo ele, no caso das montadoras, os percentuais de reajustes estão abaixo dos ganhos de produtividade e o setor automobilístico vive um dos melhores momentos de sua história.

– É uma bobagem essa tese de que os aumentos salariais alimentam a inflação. Salário só é inflacionário se tiver reajuste superior aos ganhos de produtividade – disse Nobre.

O coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado, concorda com Nobre e lembra que, com a economia crescendo, os sindicatos vão continuar reivindicando aumentos reais.

– Se a economia, a produtividade e os lucros das empresas estão crescendo, porque os salários teriam que ter reajustes menores? – pergunta o economista do Dieese.

– Acho um absurdo o governo pedir isso (que contenham os pedidos de aumento) para os trabalhadores. Não faz sentido – reagiu a presidente do Sindicato dos Bancários de Sao Paulo, Juvandia Moreira.

São mais de 470 mil bancários em todo o país com data-base em setembro e a campanha salarial será focada no aumento expressivo dos lucros dos bancos.

Fonte: O Globo