NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Ação sindical de solidariedade além de levar água aos trabalhadores, levou informação sobre a campanha salarial 2011 e os direitos trabalhistas dos motoristas

Giba_agua

Motoristas estavam dependendo da água vendida a preços abusivos de até R$ 70. Na foto, o diretor do Sintracarp e Fetropar, Gilberto Amorim, distribui galão de água a motorista parado na fila da BR 277.


Nesta quarta-feira, 16, diretores do Sindicato dos Trabalhadores Motoristas e Ajudantes em Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná (Sintracarp) distribuíram 7,5 mil litros de água mineral aos motoristas que estão presos nas filas pra descer pro porto de Paranaguá na BR 277 e aos motoristas que estavam nas filas da ligação do contorno sul (que faz ligação entre as BRs 277, 376 e 116). A água foi custeada pelo Sintracarp e pela Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar).

Evaldo_aguaAPPA
Evaldo Baron distribui água e boletim da Fetropar a motoristas
que chegavam ao pátio de triagem do Porto de Paranaguá

Como a situação era mais crítica na BR 277 sentido Paranaguá, onde diversas pontes foram destruídas, os dirigentes direcionaram maior quantidade de galões de água para esta região, entregando por toda extensão da rodovia até o pátio de triagem do porto de Paranaguá. Durante a manhã a fila iniciava-se na altura da Renault, em São José dos Pinhais.

Além da água, os dirigentes entregaram boletim informativo da Fetropar contendo a pauta de reivindicações da campanha salarial unificada 2011 dos trabalhadores do setor do transporte de cargas do Paraná e informações relevantes sobre direitos trabalhistas e prevenções de saúde.

PREÇOS ABUSIVOS

Os motoristas que aguardavam na fila para descer para Paranaguá por mais de 24 horas e os que já estavam no pátio de triagem denunciaram aos dirigentes os abusos por parte dos comerciantes que estão vendendo galões de água mineral de cinco litros por até R$ 70. Motoristas também denunciaram o preço abusivo de alimentos. “Estavam cobrando até R$ 17 por um prato de comida em alguns locais”, conta o motorista paulista Paulo.   

EMPRESAS SEM NOÇÃO

Igor A. trabalha para uma transportadora de Araucária, região metropolitana de Curitiba. Diz que chegou de uma viagem na noite do dia anterior e já teve que sair de casa às 5h da manhã do outro dia para ficar na fila. “A empresa manda e a gente tem que cumprir. Eles não querem saber se tem fila, se está tudo parado ou não, se falta água ou comida”, diz. O motorista conta que na maioria dos dias dirige de madrugada. “Costumo sair de Curitiba às 23h para São Paulo, carrego lá cedinho e volto. Muitas vezes já tem outra viagem na seqüência. Não existe descanso”, diz. Igor diz que não usa drogas para suportar as longas jornadas, mas já chegou a fazer 2.200 km em 36 horas até Ilhéus-BA. “O máximo que fiquei acordado foi 44 horas. Sem tomar nada. Só café e água”, diz.

PREJUÍZO

Mesmo para os motoristas empregados, a fila e a espera inesperada geram prejuízos. “Eu já gastei mais de R$ 100 em celular pra me comunicar com a família e com a empresa. A Ecovia podia pelo menos abater o pedágio pra nós”, reclama um motorista. Outro motorista conta que está tendo que tirar dinheiro do bolso pra bancar a alimentação a preços altos cobrados no trecho.

Roberto-e-Igor

Roberto e Igor reclamam da ausência de informação e da falta de consideração com os motoristas por parte da Ecovia

FALTA DE INFORMAÇÃO

Foi gritante a falta de consideração por parte da concessionária de pedágio Ecovia e da Polícia Rodoviária Federal com os motoristas na descida da serra. “A Ecovia não estava passando a informação aos motoristas sobre a real situação da pista ou tempo de descida. As reclamações dos motoristas foram unânimes”, conta diretor do Sintracarp e Fetropar, Evaldo Antonio Baron. 

Outra dificuldade encontrada, logo no início da distribuição da água, foi junto à Polícia Rodoviária Federal. “Ao invés de dar apoio à nossa ação de solidariedade aos motoristas na distribuição de água, a polícia estava reprimindo e impedindo nosso trabalho”, conta Evaldo.

Um motorista oriundo de Itu-SP conta que foi ameaçado pela DPRF. “Antes do pedágio nos avisaram que os caminhões vazios poderiam descer. Eu não estou levando soja e nem vou para o porto. Logo, não tinha motivo de eu ficar na fila. O policial me parou e disse que iria me multar por falta de consideração com os colegas, como se eu estivesse furando a fila. Daí tive que entrar aqui atrás, como os graneleiros”, diz.