O presidente da Câmara Municipal de Curitiba, o vereador João Luiz Cordeiro (PSDB), anunciou hoje a revogação dos contratos de publicidade da Casa. A medida foi tomada no momento em que o Legislativo da Capital, incluindo o próprio atual presidente, voltou às manchetes por conta de novas denúncias de gastos irregulares com publicidade. Com a decisão, segundo Cordeiro, a Câmara deixará de gastar cerca de R$ 1 milhão por ano.
Cordeiro – também conhecido como “João do Suco” – substituiu o vereador João Cláudio Derosso (PSDB), que renunciou à presidência em março, após ser acusado de gastos irregulares de mais de R$ 30 milhões com publicidade entre 2006 e 2011. Os contratos incluíam R$ 5,1 milhões para serviços de publicidade da Oficina da Notícia, empresa de propriedade de sua atual esposa, a jornalista Cláudia Queiroz. Na época da licitação, ela ocupava cargo comissionado no Legislativo. Por lei, servidores públicos não podem manter contratos com os órgãos nos quais trabalham.
Em outra denúncia, o Ministério Público acusou Derosso pela contratação de funcionários “fantasmas”. E pediu na Justiça o bloqueio dos bens do vereador. O tucano nega as acusações, atribuindo-as à perseguição política.
Na semana passada, outra série de reportagens da RPC/Gazeta do Povo apontou que o atual presidente manteve em seu gabinete um funcionário em cargo comissionado que é sócio de um jornal de bairro beneficiado pelas verbas de publicidade da Casa. Além disso, o presidente do Conselho de Ética, vereador Francisco Garcez (PSDB), foi acusado de ser sócio do jornal Folha do Boqueirão, que teria recebido pelo menos R$ 35 mil em recursos da Câmara. E o corregedor, Roberto Hinça (PSD), teria um funcionário que é sócio de uma gráfica que também manteria negócios com a Casa.
As acusações levaram a oposição a entrar, na quarta-feira, com um pedido de afastamento dos três de seus cargos. O pedido foi rejeitado pela Mesa Executiva, sem votação no plenário, alegando que o pedido não cumpria as normas regimentais.
Cordeiro, que na véspera não se pronunciou nem deu explicações sobre as denúncias contra ele, anunciou ontem o fim dos contratos de publicidade. “Não teremos mais agência de publicidade e licitações, esse processo licitatório foi revogado”, afirmou ele. A Casa se limitará agora a fazer publicidade oficial para a divulgação de editais e audiências públicas. “Não vai ter mais recurso para pagar jornal de bairro ou outros tipos de mídia. Só o oficial”, explicou.
