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Congelada há dois anos, passagem de ônibus na capital deve ser reajustada após dissídio de trabalhadores

O usuário do transporte coletivo de Curitiba vai pagar mais caro pela passagem em 2011. Há dois anos operando com o mesmo valor – R$ 2,20 –, a expectativa do setor é de que a nova tarifa não fique abaixo de R$ 2,50. De acordo com Marcos Isfer, diretor presidente da Urbanização Curitiba S/A (Urbs) – empresa responsável pelo transporte coletivo da cidade –, é natural que o preço da passagem aumente. “O valor atual já está defasado. No ano passado nós tivemos uma série de reajustes e nenhum deles foi anexado ao valor da tarifa”, diz.

Segundo Isfer, ainda não existe um índice ou uma data oficial para o reajuste, que não deve ocorrer antes de fevereiro. “Nós temos de aguardar o dissídio coletivo dos trabalhadores, que incide sobre o valor da tarifa. Natural­­mente, depois do dissídio, vai haver um equilíbrio da tarifa, é normal”, afirma.

Especialistas que trabalham no setor apontam outros fatores que vão contribuir para o reajuste da tarifa ainda neste ano: a nova licitação do transporte coletivo, em vigor desde o ano passado, e o custo de insumos como o diesel, geraram déficits que vêm sendo acumulado ao longo dos dois anos de congelamento da passagem.

Na opinião de Valdir Apa­recido Mestriner, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Urbani­zação do Paraná (Sin­diUrbano), o aumento é inevitável. “Os custos do contrato de licitação serão reavaliados em janeiro. Também tem a revisão dos salários dos trabalhadores do transporte. Uma inflação de aproximadamente 6%, como a de 2010, justificaria um aumento de 3% sobre a passagem. Tudo indica para um reajuste imediato, em fevereiro, e superior a R$ 2,50”, explica.

Uma projeção feita pelo Sin­­diUrbano, levando em conta da­­dos fornecidos pelo próprio edital de licitação, mostra que, para co­­brir os custos da operação, a tarifa teria de subir para R$ 2,50. Se­­gundo a Urbs, para que a arrecadação fosse equivalente ao custo total do sistema, a tarifa deveria ser de R$ 2,32 desde agosto de 2009.

De acordo com André Caon, presidente da Sociedad Peatonal (ONG que tentou impugnar o edital de licitação do transporte coletivo), além dos custos, existe a questão do lucro. “O transporte coletivo é um negócio e, como tal, também visa ao lucro. E por questões econômicas, o preço da passagem está defasado. A passagem vai subir e nada menos que R$ 2,50”, afirma.

Para João Carlos Cascaes, ex-diretor de Planejamento da Urbs, alguém tem de pagar os custos da licitação, e não serão as empresas de ônibus. “Para a licitação foram cobrados R$10 milhões de cada empresa participante. O edital também previa renovação da frota, custos sociais. As empresas não vão pagar por isso. É a prefeitura ou o usuário. O preço da passagem vai aumentar, sem que a qualidade do transporte aumente”, diz.

Trabalhadores

Motoristas e cobradores realizaram ontem uma assembleia para discutir as reivindicações da categoria. O sindicato deve encaminhar um pedido de reajuste salarial de 15%. “O aumento dos salários não vai interferir no preço da tarifa, que deve subir em breve. É claro que as empresas vão usar isso como desculpa, mas o valor atual da tarifa está defasado há muito tempo. Eles vão subir pela defasagem e não pelos trabalhadores. Mas alguém tem de servir de bode expiatório”, afirma o presidente Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transportes de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira.

O último reajuste da categoria aconteceu em janeiro de 2009, no mesmo mês em que a passagem aumentou 15,7%, passando de R$ 1,90 para R$ 2,20. Na época, a tarifa estava congelada há cinco anos em R$ 1,90. O fato aumenta a ex­­pectativa de que haja aumento em 2011.

A planilha tarifária do transporte coletivo de Curitiba, de acordo com informações do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), é formada por despesas com mão de obra (40%); custos variáveis, como óleo, diesel e peças (29%); custos de capital, como depreciação e remuneração (12%); custos administrativos (8%); taxas e impostos (5%); taxa da Urbs (4%); e outros, como limpeza de tubos e seguros de vida (2%). A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o Setransp, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta. A justificativa é que o sindicato está de férias coletivas até o dia 10.

Fonte: Gazeta do Povo