Aumento oferecido pela estatal e esquema de compensação de dias parados desagradaram funcionários; TST deve julgar dissídio da categoria
Os trabalhadores dos Correios derrubaram o acordo fechado anteontem entre a empresa e o comando de greve e decidiram manter a paralisação, que já dura 21 dias. O texto formalizado entre os diretores dos Correios e os representantes dos funcionários em audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST) precisava ser aprovada por pelo menos 18 dos 35 sindicatos da categoria no país. Entretanto, como mais de 20 sindicatos já negaram a proposta, não há mais como o acordo ser aprovado. “As assembleias avaliaram que negociamos errado, então agora a federação vai seguir em frente e dar sustentação à greve”, disse José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Fentect (federação dos trabalhadores).
O governo federal e líderes do movimento davam como certo o fim da greve. Mas a situação começou a ser invertida pela manhã de ontem, quando os sindicatos mais influentes – Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo – rejeitaram a proposta. Até o fechamento desta edição, nenhum sindicato havia votado a favor do acordo, refutado também no Paraná. Ainda haveria algumas assembleias na noite de ontem e ao longo desta quinta-feira. Com o impassse, o dissídio da categoria deverá ser julgado pelo TST. “Na segunda-feira deveremos saber da data”, diz Cruz.
Proposta
A proposta de consenso previa a reposição da inflação de 6,87%, retroativo a agosto, e um reajuste linear de R$
O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR) orientou os funcionários a não aceitarem a proposta da empresa. A entidade não concordou com o reajuste de 6,87% e também não aceita que haja desconto de nenhum dos dias de greve – mesmo que os dias parados fossem descontados de forma parcelada. Segundo Anderson Baesso, diretor de mobilização do sindicato, os trabalhadores até aceitariam o desconto dos dias parados caso recebessem um reajuste salarial maior. “A empresa não tem o mínimo de respeito com o trabalhador e com a sociedade. Um salário base de R$ 807 não é suficiente para sustentar uma família”, argumenta.
Colaborou Fernanda Trisotto.