Um em cada cinco produtos industriais vendidos no Brasil em 2011 foi fabricado em outro país, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os importados responderam por 19,8% do consumo no ano passado, porcentual recorde, acima dos 17,8% registrados em 2010.
A própria indústria nacional contribuiu para o aumentou no consumo de importados: 21,7% dos insumos utilizados pelo setor vieram de outros países, participação também recorde no levantamento realizado com dados retroativos a 1996, em parceira com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
O levantamento também calcula a parcela da produção nacional vendida para o exterior. Coincidentemente, é o mesmo porcentual de consumo de importados. Ou seja, o Brasil exportou quase 20% da sua produção industrial e importou quase 20% do que consumiu em 2011.
Para CNI, esse ”empate” não é algo positivo para o País. Em primeiro lugar, porque as vendas para o exterior superavam com folga o consumo de importados até 2007, o que mudou a partir da crise de 2008. Além disso, enquanto a importação bate recorde, a exportação ainda está abaixo do pico de 22,9% alcançado em 2004. Por isso, a previsão é que as vendas voltem a ficar abaixo das compras externas neste ano, o que não acontece desde 2001.
”Isso é uma combinação de câmbio valorizado e uma economia em que o consumo cresce. A tendência é continuar esse quadro, o que nos leva a esperar um crescimento mais intenso na importação do que na exportação”, disse o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Segundo o economista, essa ”coincidência” se deve ainda ao desempenho da indústria extrativa, exportadora de produtos básicos. Quando se considera apenas a indústria de transformação, a participação das vendas cai para 15% da produção, abaixo do porcentual de consumo de importados (18,5%).
Outro resultado ruim para a indústria de transformação, segundo o levantamento, é o índice que considera a diferença entre a compra de componentes importados para a produção e as exportações desse segmento. O indicador geral cresceu de 8,1% em 2010 para 9% em 2011, a favor das exportações, também puxado pela indústria extrativa. Na indústria de transformação, no entanto, caiu de 3,4% para 3% no mesmo período, menor valor da série iniciada em 1997.
Para a CNI, esses números tendem a piorar, mesmo com as medidas adotadas pelo governo para segurar o dólar e impulsionar a atividade econômica. ”Se nada for feito para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, creio que o quadro tenda a se agravar. Vamos ter um baixo crescimento da produção e, como consequência, da economia em 2012”, disse Castelo Branco.
