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Em 2010, vagas formais bateram recorde. Mas ministério antecipa dados da Rais para ampliar resultado

Geralda Doca

OCadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho contabilizou em 2010 a criação líquida de 2,136 milhões de vagas com carteira assinada no país. Trata-se de recorde da série histórica iniciada em 1992, puxado pelo setor de serviços, mas abaixo da meta fixada pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, de 2,5 milhões. Na semana passada, Lupi afirmou que o país tinha criado mais de 2,550 milhões de postos. Por isso, ele anunciou ontem um saldo de 2,524 milhões – mas isso só foi possível porque a pasta, pela primeira vez, incluiu no fechamento do Caged números que seriam computados apenas na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), a ser divulgada em maio.

O Caged é o balanço mensal do emprego formal, com números absolutos de vagas. Para ser divulgado num prazo mais curto, ele computa apenas as contratações e as demissões no setor privado informadas pelas empresas até o dia 7 do mês subsequente ao de referência da pesquisa.

Já a Rais engloba, além das empresas privadas, governo federal, estados e municípios. Além disso, todos os dados repassados após o dia 7 são contabilizados no mês anterior, atualizando a série do Caged. Ou seja, a Rais, fechada em meados do primeiro semestre, é um levantamento mais abrangente (inclusive com o perfil dos trabalhadores).

No governo Lula, 15 milhões de vagas

Ao divulgar ontem o Caged, o ministro informou que foram incluídas no resultado do ano 387.731 vagas informadas pelas empresas depois do dia 7 de cada mês. Como em dezembro, por motivos sazonais (as demissões dos trabalhadores temporários no fim de ano), o saldo foi negativo em 407.510 postos, a antecipação dos dados da Rais neutralizou a maior parte desta baixa.
Ainda falta incluir no balanço fechado do ano os dados de dezembro informados após 7 de janeiro. Ou seja: o número final do emprego formal no ano passado ainda sofrerá nova alteração.

Lupi informou que, a partir de agora, passará a incluir sempre no resultado mensal do Caged os dados consolidados dos meses anteriores.

– Estamos aprimorando as informações, não há manipulação, a metodologia é a mesma. Há desinformação e má vontade da parte de vocês – respondeu o ministro Carlos Lupi aos jornalistas que o perguntaram sobre a manobra, pela qual sua previsão de geração de emprego se concretizou de imediato.

A divulgação também fechou o desempenho do governo Lula. Pela apuração anual do Caged, foram 9,953 milhões de vagas – número que sobe para 15,048 milhões de postos com carteira assinada quando se atualiza toda a série pela Rais.

Nos números de 2010, Lupi salientou que os desligamentos do mês passado ficaram abaixo das 415.192 vagas eliminadas em dezembro de 2009. Para este ano, o ministro mantém a projeção de três milhões de vagas formais só para o Caged, apesar do esperado aperto orçamentário e da perspectiva de elevação da taxa de juros para conter a inflação.

Lupi afirmou ainda que, durante a reunião ministerial na semana passada, teria ficado clara a orientação do governo de que o corte não atingirá os investimentos, somente o custeio (despesas com aluguel, luz e passagens, por exemplo).

– Se não há corte em investimento, não haverá desemprego – disse Lupi, acrescentando que o impacto da alta de juros na geração de empregos também será pequeno, porque a economia se ajusta e os setores são atingidos de forma diferente, uns mais prejudicados do que outros.

Já considerando a antecipação dos números da Rais, os empregos no ano passado foram puxados pelo setor de serviços – onde são lançadas as vagas abertas, por exemplo, nas imobiliárias, nas escolas e na hotelaria -, que respondeu por pouco mais de um milhão de vagas.

No comércio, foram gerados 601.846 postos em 2010 e na indústria de transformação, 536.070. Já na agricultura, o resultado foi negativo em 2.580. O Ministério do Trabalho só divulgou os números decompostos com os dados antecipados da Rais.

O Sudeste respondeu por mais da metade do total de empregos criados em 2010, seguido pelo Nordeste, que há dois anos supera a Região Sul. São Paulo foi o estado que mais contratou, com saldo positivo de 726.449 postos. Em segundo lugar, ficou Minas Gerais, com 296.230, seguido do Rio, com 217.805 postos.

No Estado do Rio, o setor de serviço teve o melhor desempenho, com a contratação de 120.706 trabalhadores com carteira assinada, seguido pelo comércio (49.933). Já a administração pública (contratação de celetistas ou temporários) registrou resultado negativo de 5.519 vagas e a agricultura, 1.243 desligamentos.

Fonte: O Globo