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Apenas 22,5% da população frequenta educação profissionalizante; Pa­ra­ná es­tá en­tre os ­três es­ta­dos com ín­di­ce ­maior de estudantes
Pelo menos 70% dos brasileiros não frequentam a educação profissionalizante por desinteresse. A pesquisa ”As Razões da Educação Profissional: Olhar da Demanda”, divulgada recentemente pelo Senai, Fundação Getúlio Vargas e Confederação Nacional da Indústria mostra que apenas 22,5% da população brasileira frequenta esse tipo de curso. Dos que começaram o curso e largaram, 55% alegaramm perda de interesse. Em contrapartida, o Paraná está entre os estados com índice maior de pessoas com educação profissional (4,74%). São Paulo (4,77%) e Roraima (5,62%).

”Esses números são resultados de uma tradição cultural focada na formação universitária bacharelesca”, diz o professor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, que coordena a pesquisa. Para ele, há um grande paradoxo na sociedade brasileira, de se valorizar apenas o ensino superior. No entanto, o número de pessoas nas unidades é bem aquém do contingente populacional no Brasil.

”Os brasileiros ainda têm um preconceito com o ensino técnico. Contudo, isso está mudando. Houve um grande salto. Mais de 80% da população com idade ativa já fez algum curso profissionalizante. O desinteresse também vem diminuindo. O fato é que há uma onda jovem em busca dessas carreiras”, explica, lembrando que uma pessoa com nível médio completo tem salário 15% maior quando já concluiu um curso técnico.

Para o diretor regional do Senai no Paraná, Marco Antonio Areia Secco, o desinteresse pela educação profissional está atrelado a uma cultura imperial centrada nas profissões liberais como Direito, Medicina, Engenharia, entre outras, que vêm de séculos e se efetivou no presente. ”Isso refletiu no setor da indústria que ficou precarizada passando a ser vista como uma subfunção”, afirma. ”É possível ver em todas as esferas profissionais graduados atuando em funções de nível técnico”, acrescenta.

Segundo Secco, a falta de um movimento nacional para valorizar as profissões em nível técnico também colabora para o baixo índice da pesquisa. ”Com a aprovação do Programa Nacional de Acesso ao Emprego e Ensino Técnico (Pronatec), que, a partir do segundo semestre, oferece educação profissional gratuita para jovens, que estejam cursando ensino médio público, seja possível sanar esse gargalo de mão de obra técnica nos próximos dois, três anos”, prospecta.

Para amenizar o problema nos últimos quatro anos, o Senai investiu mais de R$ 100 milhões na estruturação de ambientes de ensino. A partir do segundo semestre coloca a disposição nas 44 unidades espalhadas pelo Paraná os cursos de tecnólogos em fabricação mecânica, meio ambiente, controle de obras, celulose e papel. Todos com duração de três anos. ”Com essa ação pretendemos acabar com as necessidades do mercado de trabalho. Nossos cursos são desenhados o mais próximo possível da realidade vivenciada pelas indústrias que é quem mais sofre com a demanda de profissionais técnicos”, afirma.

O gerente comercial do Instituto Profissionalizante de Educação e Cultura (IAPEC), Jonas Ambrózio, concorda com as opiniões e vai além. ”Os pais acreditam que a chave para o mercado de trabalho está apenas no ensino superior e nos tradicionais cursos de bacharelado. Não preparam os filhos desde a adolescência para o mercado de trabalho e quando se dão conta já é tarde”, frisa.


Para desmistificar essa ideia, na opinião do gerente, as instituições que trabalham na área devem fornecer informações relevantes, por meio de palestras, que demonstrem os benefícios dessa qualificação, além de procurar saber qual é a real necessidade do mercado de trabalho no momento, e o mais importante: o que será necessário para o futuro.