NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Para a Standard & Poor’s, países da América Latina avaliados como bons para investir não correm risco de recessão 
Para analista, porém, Brasil não mostra o mesmo dinamismo dos asiáticos e, na crise, poderá crescer menos

DE NOVA YORK

A América Latina não deve passar incólume pela crise que dá sinais de avanço na Europa e nos EUA, mas uma recessão não está no cenário previsto para a região pela agência Standard & Poor’s.

Segundo Sebástian Briozzo, analista da S&P para a América Latina, os países que têm grau de investimento (Brasil, Chile, Colômbia, México, Panamá e Peru) não correm o risco de ter títulos rebaixados, como ocorreu com os EUA. 

(ÁLVARO FAGUNDES)
Folha – Como essa crise nos países ricos pode afetar a América Latina? Quem são os mais expostos?

Sebastián Briozzo – Primeiro, é importante comparar o impacto desta crise com as passadas. Antes, cada vez que havia não uma crise global, mas sim movimentos fortes em juros, commodities, o impacto na América Latina era pelo canal financeiro, porque a região precisava de financiamento externo.

Este momento dos últimos cincos anos é novo para a América Latina. Claro, o impacto financeiro existe, mas não é mais tão significativo. Para nós, da S&P, isso não implica queda nas notas dos títulos da América Latina. 

Mas quais os efeitos na região?

Em termos de economia real, os países mais dependentes de commodities podem sofrer mais rapidamente. Nesse cenário, Chile, Peru, Venezuela e, em menor grau, México são países que dependem bastante da demanda externa para crescer. Não é o caso do Brasil e da Argentina. Nos países que citei antes, muito mais abertos, as exportações são concentradas em poucos produtos, especialmente primários.

São economias pouco diversificadas.

Exato. Você olha as exportações peruanas e 70% delas são formadas por minerais. Na Venezuela, a mesma coisa com o petróleo. A Colômbia é um pouco menos. Em países como Brasil e Argentina, a demanda externa tem papel negativo na contribuição ao PIB desde 2005. Mas, claro, a valorização das commodities tem melhorado muito as contas externas desses países. Se a economia global virar para um cenário de crescimento muito baixo, o impacto não deverá ser muito dramático, mas deverá levar a região a crescer menos.

Uma recessão não está no cenário de vocês?

Não. A América Latina tem evoluído muito para diminuir a sua vulnerabilidade. Por outro lado, a região -e o Brasil é um bom exemplo- não tem mostrado o dinamismo de outras partes do mundo, como a Ásia. A América Latina é menos vulnerável, mas ainda assim não cresce rápido. Isso pode levar a que o crescimento médio fique, em vez dos 5% que projetamos agora, para perto de 3% se houver problemas importantes.