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Os alimentos são a principal fonte de pressões inflacionárias da economia brasileira a partir de 2006, ano em que houve mudança na dinâmica do aumento de preços, seguidos do grupo serviços, conclui estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem e denominado “A dinâmica da inflação brasileira: considerações a partir da desagregação do IPCA”. Os preços de itens monitorados, administrados por contrato, e de produtos industrializados, por sua vez, têm segurado a inflação nos últimos anos.

“Uma inflação ao redor de 5% é um nível adequado e aceito pela sociedade e uma redução rápida nesse nível arcaria com custos maiores, com impacto direto na geração de renda”, avalia o coordenador de regimes monetários e cambiais do Ipea, Thiago Martinez. “A inflação não é um obstáculo estrutural para o modelo de continuidade do crescimento brasileiro e não há risco dela explodir”, disse depois de apresentar o estudo.

“A distribuição de renda gera impacto sobre a inflação, e é bom que gere. É bom que suba o salário do empregado doméstico”, disse. No estudo, o Ipea conclui que a melhora da distribuição de renda e a política de ganhos reais do salário mínimo são os principais fatores que mantêm os preços de serviços pressionados acima da meta de inflação nos últimos anos.

Segundo Martinez, não é necessária no atual momento da economia uma política para reduzir rapidamente a inflação, que está em 6,71% em 12 meses, acima do teto da meta de 6,5% estabelecida pelo governo. “Agora estamos um pouco acima da meta, mas um nível em cerca de 5% é adequado para atingir níveis de distribuição de renda”, concluiu o coordenador.

Segundo o instituto, a alta das commodities no mercado externo nos últimos anos é o principal responsável pela escalada interna no preço dos alimentos, junto ao fortalecimento do mercado interno e aquecimento da economia, que também pressionam os serviços.

Os preços monitorados foram responsáveis por mais da metade de toda a pressão inflacionária para cima das metas entre 2000 e 2005, mas passaram a contribuir negativamente para os índices a partir de 2006 devido à mudança em regras de contrato com novos indexadores.

Os serviços de telefonia deixaram de ser reajustados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) e foi criado um indicador específico, o Índice de Serviços de Telecomunicações (IST). As tarifas de energia passaram a ser reajustadas pelo IPCA.

O Ipea aponta a atuação do governo sobre o preço dos combustíveis como fator atenuante para a inflação dos monitorados, já que a Petrobras demora a repassar altas do petróleo no mercado internacional e também controla os preços por meio de variação na alíquota da Contribuição por Intervenção de Domínio Econômico (Cide). A popularização do carro flex também ajuda a manter os preços da gasolina estáveis, com a concorrência do etanol.

Sobre os produtos industriais, o Ipea afirma que a taxa de câmbio é determinante para que eles continuem contribuindo com a inflação, já que a concorrência do produto importado pressiona os produtores nacionais a manter os preços em níveis menos pressionado.

Fonte: Valor Econômico