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A nova política monetária do Banco Central (BC), adotada na gestão do presidente Alexandre Tombini, e que deu peso maior às medidas macroprudenciais, ampliou a dispersão das projeções para a inflação. Segundo dados do boletim Focus, há quatro grupos distintos de apostas no comportamento do IPCA do próximo ano, a maior parte deles contrária à visão do BC de convergência dos preços em 2012.

Pouco mais de 15% dos analistas acreditam que o BC será competente para trazer a inflação à meta no próximo ano, segundo relatório anexo ao Focus com a distribuição de frequência das expectativas de mercado. O grupo majoritário acredita que o ano terminará com inflação acima de 5% em 2012. Uma parcela menor de agentes, cerca de 10%, aposta em alta mais acentuada, de 5,6%. Há ainda um grupo mais pessimista, prevendo inflação acima de 6% no próximo ano.

Mesmo as projeções para este ano começaram a apresentar uma divisão maior, deixando de lado o consenso que havia em torno da alta de 5,8% até o fim de fevereiro. No relatório de distribuição de frequências, fica claro que o grupo majoritário aposta em inflação de 6% para este ano. Outro grupo acredita em inflação próxima do teto da meta, de 6,5%. Por outro lado, apenas 10% dos agentes entendes que o BC fechará o ano em 5,6%, mesma projeção feita pelo BC no último Relatório de Inflação (RI).

A mesma dispersão não ocorre com relação às projeções para a Selic, onde há um consenso em torno de apenas mais uma elevação de 0,5 ponto percentual (na reunião de abril), nos próximos 12 meses.

A dispersão é uma clara indicação de que o BC conseguiu trazer os analistas para sua visão dos juros (apenas uma alta de 0,5 ponto), mas está longe de obter uma ancoragem das previsões para a inflação, justamente o papel que cabe ao BC de controle das expectativas dos agentes no regime de metas.

A nova rodada de deterioração das expectativas ocorreu no primeiro boletim Focus após a divulgação do Relatório de Inflação, da semana passada, que jogou a convergência dos preços para o próximo ano. A mediana das projeções para o IPCA deste ano pulou de 6%, na semana passada, para 6,02%, no relatório divulgado ontem.

As estimativas para o próximo ano deram um salto ainda maior, passando de 4,91% para 5%, em uma semana. Ou seja, o mercado não acredita no sucesso do BC para trazer a inflação para a meta (4,5%) neste ou no próximo ano. Há grande incerteza quanto à efetividade das medidas macroprudenciais para conter a demanda e contribuir com o controle da inflação.

Uma nova informação divulgada no RI aponta a divisão das expectativas em grupos distintos: gestoras de recursos (assets), bancos e demais (onde estão consultorias, empresas e entidades de classes, entre outras). A abertura permitiu constatar que os mais pessimistas são as assets, que não acreditam em convergência da inflação.

O dado curioso, segundo levantamento feito pelo Valor, é que são justamente as assets que mais acertaram as projeções de inflação nos últimos 12 meses, de acordo com a frequência de inclusão no chamado Top 5 – grupo de instituições selecionadas a cada mês pelo BC, com base no índice de acerto das projeções.

Novas informações serão conhecidas nesta semana, quando o IBGE deve divulgar o IPCA de março, na quinta-feira. A mediana do Focus aponta índice de 0,65%. Segundo projeção do Bradesco, o indicador terá alta maior, de 0,76%, “mostrando-se ainda pressionado pelo grupo alimentação e preços administrados”, diz o banco.

O mercado se prepara, também, para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), daqui duas semanas, entre os dias 19 e 20. O mercado aguarda o comunicado divulgado após o encontro para saber se essa será, de fato, a última elevação do juros no ano, como esperam os analistas. Novas medidas macroprudenciais também são aguardadas.

Fonte: Valor Econômico