Em Cascavel, na Região Oeste, ainda são poucos os cabos eleitorais segurando bandeiras de candidatos na Avenida Brasil, principal via da cidade. O contato com o eleitor se resume aos carros de som e aos panfletos deixados nas caixas de correios de residências. A expectativa é de que a campanha ganhe um novo fôlego nos últimos 20 dias.
As poucas e concentradas panfletagens e bandeiras de candidatos também não empolgaram o eleitor londrinense. Essa é a opinião do taxista Antônio Teixeira Maciel, 69 anos. “ Eu gosto de política, mas [a campanha] ainda está morna”, afirmou. Segundo ele, apenas uma ou outra pessoa comenta sobre política.
Em Foz do Iguaçu, a movimentação se resume à presença de cabos eleitorais nos principais cruzamentos do centro da cidade, com faixas e placas de candidatos, a maioria postulantes aos cargos de deputado e governador. Três candidatos ao governo já passaram pela cidade. Os deputados concentram a campanha nas comunidades onde procuraram participar de reuniões e festas. Mas propaganda para presidente quase não se vê e a cidade ainda não recebeu a visita de um presidenciável nessa campnha. O clima se reflete na apatia do eleitor. “No horário eleitoral o pessoal diz que desliga a televisão. É desanimador porque os candidatos são os mesmos”, diz o agente de segurança Agnaldo Bego Lopes, 35 anos.
Quem passa por Icaraíma, na divisa do Paraná com Mato Grosso do Sul, nem percebe que o momento é de campanha eleitoral. “Talvez o pessoal esteja deixando as cidades pequenas mais para o final da campanha”, diz o prefeito Paulo Queiroz de Souza. A realidade é a mesma nos pequenos municípios da região de Umuarama, onde a campanha é feita, principalmente, pelas lideranças locais, no corpo a corpo com os eleitores. O investimento mais visível em propaganda está mesmo nas cidades maiores.
Emprego
Em Maringá, a principal movimentação tem sido registrada na Agência do Trabalhador. Cerca de 120 pessoas que buscaram emprego foram encaminhadas aos comitês de campanha, de acordo com o diretor da agência Maurílio Mangolin. Outras estão sendo contratadas diretamente pelos partidos. O salário dos porta-bandeiras é de aproximadamente R$ 600 por mês, para um trabalho de seis horas diárias. Anabela Marcondes, 29 anos, é uma das contratadas. O trabalho dela é segurar a bandeira do candidato ao longo da tarde, já que a legislação proíbe propagandas espalhadas em vias púbicas sem um responsável por perto. “Estava no seguro-desemprego e esse trabalho vai me ajudar mais uns meses, até encontrar algo fixo”, disse a jovem.
Nas oito principais quadras da mais movimentada avenida de Ponta Grossa, cabos eleitorais de diversos candidatos disputam espaço nas esquinas, empunhando faixas, bandeiras e cartazes. Além disso, quase não se vê os reflexos da campanha eleitoral no restante da cidade. Apesar disso, na 15.ª Zona Eleitoral já se somam oito processos contra candidatos que se excederam na campanha, usando caminhões de som perto de escolas ou utilizando publicidade irregular.
O professor Sérgio Gadini, que esteve em Brasília, Porto Alegre e Curitiba no mês passado, percebe que, proporcionalmente, a disputa empolga muito menos em Ponta Grossa. “Acredito que só na corrida para presidente é que o debate pegou, tanto na mídia como em conversas informais”, pondera Gadini, que é o porta-voz local do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE). Para ele, a campanha para o governo do estado não empolgou porque os eleitores não encontram diferenças significativas entre os dois principais candidatos. Ele lembra também que no interior, tradicionalmente, as eleições municipais, quando são escolhidos prefeitos e vereadores, movimentam mais as cidades.
Visibilidade de candidatos é menor na eleição deste ano
Estudioso da temática política, o professor Emerson Cervi mora em Curitiba, mas trabalha em Ponta Grossa em alguns dias da semana e consegue observar a mudança no clima eleitoral entre as duas cidades. “Comparando com o mesmo período de outras campanhas, a visibilidade neste ano é bem menor”, afirma. Já na disputa para os cargos do Legislativo, ele ressalta que é uma prática comum fazer uma campanha localizada. As pessoas que já são conhecidas em uma determinada região se concentram em reforçar o nome ao invés de buscar novos campos. Aí pesa a diferença regional: quando muitas pessoas disputam o mesmo lugar, há a concorrência real. Mas nas localidades onde apenas as figuras já consagradas estão em campanha, a movimentação é menor.
Outro fenômeno que acaba esfriando a disputa são as campanhas que não são pra valer. O professor cita os vários casos de candidatos a deputado estadual ou federal, por exemplo, que buscam apenas reforçar o nome para garantir a vitória no pleito para vereador ou prefeito, daqui a dois anos. Cervi pesquisa o processo eleitoral há muitos anos e observa que, nesta campanha, há uma situação particularmente curiosa. “Temos um candidato ao governo querendo ‘interiorizar’ seu nome e outro querendo ganhar mais espaço na capital”, destaca. Cervi salienta os candidatos não perdem de vista o eleitor interiorano, que representa 70% da quantidade de votantes em outubro.