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Eleitores engajados na campanha presidencial, que tem seu início oficial hoje, terão acesso a uma infinidade de conteúdos na internet, receberão notícias e mensagens interativas em seus smartphones, farão doações para o candidato que bem entenderem. Eles não poderão escolher candidatos enrolados na Justiça nem votar no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas terão duas mulheres como opção entre os três candidatos mais fortes ao Planalto. Todos esses ingredientes no mesmo balaio tornam a corrida eleitoral deste ano única. Para tudo acontecer, a Justiça Eleitoral, que ontem recebeu as últimas inscrições (muito embora os principais candidatos já viessem em campanha informal desde o início do ano) terá de desembolsar R$ 549,3 milhões. Em 2006, o orçamento previa R$ 427,7 milhões. Até agora, R$ 69 milhões já foram executados.

A principal vedete da eleição é a internet, que, se atingir todo seu potencial, criará um canal de diálogo entre os candidatos e a população. Por meio da interatividade dos blogs e microblogs, os eleitores terão oportunidades de conversa, ainda que limitada a pequenas perguntas e respostas. A estimativa de especialistas mostra que 65 milhões de pessoas acima de 16 anos estão conectadas no país, quase 50% do eleitorado apto a votar em outubro.

As campanhas esperam tirar dividendos dessa interação. A legislação eleitoral permite que se faça doação direta pelos sites com cartão de crédito. Há também uma estratégia voltada para a parcela — ainda minoritária — altamente conectada ao mundo virtual. Eleitores com telefones inteligentes serão usados como foco de disseminação de conteúdos e materiais de seus candidatos preferidos. Na eleição presidencial norte-americana, essa rede móvel mobilizou-se em torno do vitorioso Barack Obama.

A especialista em direito digital Vivian Pratti, do escritório Patrícia Peck Pinheiro, afirmou que a internet terá papel substancial na campanha, mas fez advertências para evitar, como no mundo real, percalços na Justiça . “Deverá haver problemas pontuais. Pessoas vão fazer perfis falsos para fazer campanha negativa”, disse Vivian. Para ela, os candidatos devem se preocupar em não afogar os eleitores com excesso de conteúdo.

A Justiça também terá a responsabilidade de aplicar a lei de iniciativa popular que proíbe a candidatura de políticos que respondem a processos. O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral fiscaliza ao lado do Ministério Público a aplicação da proibição para evitar que a peneira da Justiça deixe passar o registro de algum ficha suja.

Polar
Para o cientista político Geraldo Tadeu Moreira Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, a eleição deste ano caracteriza-se também pela polarização. “Nas eleições anteriores, sempre houve mais de dois candidatos competitivos ou um único candidato competitivo. A polarização entre Dilma e Serra é a grande marca desta eleição”, afirmou. Na opinião dele, o fato de haver duas candidatas mulheres com possibilidades reais é outro destaque. A ex-ministra da Casa Civil foi escolhida pelo presidente Lula para dar continuidade ao seu governo. A senadora Marina Silva (PV) aparece como terceira via. Ambas tiram proveito do ineditismo das candidaturas e tentam reforçar qualidades do sexo feminino, como a intuição e o lado maternal.

O último relatório do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero (2009/2010) aponta que a baixa participação de mulheres em espaços de poder e decisão é um dos obstáculos à consolidação da democracia. Não chegam a 20% nos cargos de maior nível hierárquico no Legislativo, nos governos municipais e estaduais, nas secretarias do primeiro escalão do Executivo, no Judiciário. Apesar disso, as mulheres são mais da metade da população e do eleitorado e representam quase 50% da população economicamente ativa do país.

Em cima dessa profusão de novidades, essa será a primeira eleição desde a redemocratização que Lula não disputará, mas quer que o eleitor vote em Dilma como se estivesse votando nele.

A polarização entre Dilma e Serra é a grande marca desta eleição”
Geraldo Tadeu Moreira Monteiro, cientista político

O número
R$ 549 milhões
Quantia a ser desembolsada pela Justiça Eleitoral

Faça seu comentário sobre este assunto na reportagem publicada no site do Correio.

Novidades

Cadê o Lula?
Pela primeira vez desde a redemocratização do país, o petista Luiz Inácio Lula da Silva não terá o nome na cédula, mas espera ser o cabo eleitoral número um. Sua meta é fazer o eleitor votar em Dilma Rousseff como se estivesse votando nele.

Legião conectada
Com a proliferação de residências conectadas à internet — 65 milhões em todo o país —, os candidatos apostam nas redes sociais para maximizar a publicidade eleitoral.

Mulheres na fita
O Brasil teve na última eleição Heloísa Helena (PSol) como candidata, mas por vir de um partido pequeno, ela não foi considerada um nome competitivo. Neste ano, há duas candidatas com força eleitoral na disputa: Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV).

Sem fichas sujas?
Por ação da sociedade civil, o Congresso aprovou um projeto de lei que dificulta candidaturas de políticos com condenação na Justiça. Os parlamentares alteraram bastante a proposta permitindo, por exemplo, que o político ficha suja entre com recurso para garantir o registro da candidatura.

Militância apartidária
As novas regras da lei eleitoral criaram o militante não filiado. As candidaturas poderão receber doações de pessoas físicas na internet por meio do cartão de crédito. Os candidatos também esperam que os eleitores conectados ajudem na difusão de conteúdo eleitoral.

Polarização radical
A eleição deste ano é considerada a mais polarizada de todos os tempos, apesar de 2006 ter tido o presidente Lula contra o tucano Geraldo Alckmin. Diferentemente da outra campanha, os especialistas apostam que Dilma e Serra disputarão lado a lado a corrida até o dia da votação.