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Privatização das praias: veja como cada deputado votou a proposta em 2022

Privatização das praias: veja como cada deputado votou a proposta em 2022

Aprovada pela Câmara dos Deputados em fevereiro de 2022, a PEC das Praias, que propõe a extinção e a transferência dos chamados terrenos de marinha, tem ganhado relevância no debate público. Segundo os ambientalistas, a proposta abre caminho para a privatização do acesso às praias. O texto foi aprovado pelos deputados ainda na legislatura passada. Quase 300 desses parlamentares se reelegeram e seguem no mandato.

Na ocasião, o PT, do presidente Lula, orientou sua bancada a votar contra a proposta, ao passo que o extinto PSL e o PL, partidos pelos quais o ex-presidente Jair Bolsonaro começou e terminou o mandato, recomendaram a votação favorável. Na época, PSL e DEM ainda não haviam formalizado a fusão que resultou no União Brasil.

Na Câmara, a PEC passou com o apoio de 377 deputados. Apenas 93 votaram contra e um se absteve. Eram necessários pelo menos 308 por se tratar de mudança constitucional.

Atualmente, a PEC está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde é relatada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Conforme o placar da consulta pública da Casa, a medida é apoiada por pouco mais de 2 mil cidadãos, e rechaçada por quase 150 mil.

Veja como os deputados votaram na PEC das Praias:

Avante

André Janones MG Sim

Chiquinho Brazão RJ Sim

Greyce Elias MG Sim

Leda Sadala AP Sim

Pastor Sargento Isidório BA Sim

Sebastião Oliveira PE Sim

Tito BA Sim

Cidadania

Alex Manente SP Sim

Arnaldo Jardim SP Sim

Carmen Zanotto SC Sim

Da Vitória ES Sim

Daniel Coelho PE Sim

Paula Belmonte DF Sim

Rubens Bueno PR Sim

DEM

Alan Rick AC Sim

Alexandre Leite SP Sim

Arthur Oliveira Maia BA Sim

Bilac Pinto MG Sim

Carlos Henrique Gaguim TO Sim

Dr. Zacharias Calil GO Sim

Eli Corrêa Filho SP Sim

Elmar Nascimento BA Sim

Fernando Coelho Filho PE Sim

Geninho Zuliani SP Sim

Hélio Leite PA Não

Igor Kannário BA Sim

Jose Mario Schreiner GO Sim

Juninho do Pneu RJ Sim

Juscelino Filho MA Sim

Kim Kataguiri SP Sim

Leur Lomanto Júnior BA Sim

Luis Miranda DF Sim

Marcos Soares RJ Sim

Norma Ayub ES Sim

Olival Marques PA Sim

Paulo Azi BA Sim

Pedro Lupion PR Não

Professora Dorinha Seabra Rezende TO Sim

MDB

Alceu Moreira RS Sim

Carlos Chiodini SC Sim

Celso Maldaner SC Sim

Daniela do Waguinho RJ Sim

Dulce Miranda TO Sim

Elcione Barbalho PA Sim

Fábio Ramalho MG Sim

Fabio Reis SE Sim

Flaviano Melo AC Sim

Giovani Feltes RS Sim

Gutemberg Reis RJ Sim

Hercílio Coelho Diniz MG Sim

Herculano Passos SP Sim

Hermes Parcianello PR Sim

Hildo Rocha MA Sim

Isnaldo Bulhões Jr. AL Sim

Jéssica Sales AC Sim

José Priante PA Sim

Juarez Costa MT Sim

Leonardo Picciani RJ Sim

Márcio Biolchi RS Sim

Marcos Aurélio Sampaio PI Sim

Mauro Lopes MG Sim

Newton Cardoso Jr MG Sim

Osmar Terra RS Sim

Raul Henry PE Sim

Rogério Peninha Mendonça SC Sim

Sergio Souza PR Sim

Walter Alves RN Sim

Novo

Adriana Ventura SP Sim

Alexis Fonteyne SP Sim

Gilson Marques SC Sim

Lucas Gonzalez MG Sim

Marcel van Hattem RS Sim

Paulo Ganime RJ Sim

Tiago Mitraud MG Sim

Vinicius Poit SP Sim

Patriota

Alcides Rodrigues GO Sim

Dr. Frederico MG Sim

Marreca Filho MA Sim

Pastor Eurico PE Sim

Roman PR Sim

PCdoB

Alice Portugal BA Sim

Daniel Almeida BA Sim

Jandira Feghali RJ Sim

Orlando Silva SP Sim

Perpétua Almeida AC Não

Professora Marcivania AP Sim

Rubens Pereira Júnior MA Sim

PDT

Afonso Motta RS Sim

Alex Santana BA Sim

André Figueiredo CE Sim

Chico D`Angelo RJ Sim

Dagoberto Nogueira MS Sim

Damião Feliciano PB Sim

Eduardo Bismarck CE Sim

Fábio Henrique SE Sim

Félix Mendonça Júnior BA Sim

Flávia Morais GO Sim

Flávio Nogueira PI Sim

Gustavo Fruet PR Sim

Idilvan Alencar CE Não

Jesus Sérgio AC Sim

Leônidas Cristino CE Sim

Mário Heringer MG Sim

Marlon Santos RS Sim

Pompeo de Mattos RS Sim

Robério Monteiro CE Sim

Subtenente Gonzaga MG Sim

Túlio Gadêlha PE Não

Wolney Queiroz PE Sim

PL

Aelton Freitas MG Sim

Altineu Côrtes RJ Sim

Bosco Costa SE Sim

Capitão Augusto SP Sim

Capitão Fábio Abreu PI Sim

Christiane de Souza Yared PR Sim

Edio Lopes RR Sim

Fernando Rodolfo PE Sim

Gelson Azevedo RJ Sim

Giacobo PR Sim

Giovani Cherini RS Sim

João Carlos Bacelar BA Sim

João Maia RN Sim

Jorielson AP Sim

José Rocha BA Sim

Josimar Maranhãozinho MA Sim

Laerte Bessa DF Sim

Lincoln Portela MG Sim

Luiz Antônio Corrêa RJ Sim

Luiz Carlos Motta SP Sim

Luiz Nishimori PR Sim

Magda Mofatto GO Sim

Marcio Alvino SP Sim

Marina Santos PI Sim

Miguel Lombardi SP Sim

Pastor Gil MA Sim

Paulo Freire Costa SP Sim

Policial Katia Sastre SP Sim

Pr. Marco Feliciano SP Sim

Sergio Toledo AL Não

Soraya Santos RJ Sim

Tiririca SP Sim

Valdevan Noventa SE Sim

Vicentinho Júnior TO Sim

Wellington Roberto PB Sim

Zé Vitor MG Sim

Podemos

Bacelar BA Não

Diego Garcia PR Sim

Igor Timo MG Sim

José Medeiros MT Sim

José Nelto GO Sim

Josivaldo JP MA Sim

Léo Moraes RO Sim

Renata Abreu SP Sim

Ricardo Teobaldo PE Sim

Roberto de Lucena SP Sim

Rodrigo Coelho SC Sim

PP

Adriano do Baldy GO Sim

Afonso Hamm RS Sim

Aguinaldo Ribeiro PB Sim

AJ Albuquerque CE Sim

André Abdon AP Sim

Angela Amin SC Sim

Arthur Lira AL [Presidente não vota Art.17]

Átila Lins AM Sim

Átila Lira PI Sim

Beto Rosado RN Sim

Cacá Leão BA Sim

Celina Leão DF Sim

Christino Aureo RJ Sim

Claudio Cajado BA Sim

Covatti Filho RS Sim

Dimas Fabiano MG Sim

Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. RJ Sim

Eduardo da Fonte PE Sim

Evair Vieira de Melo ES Sim

Fausto Pinato SP Sim

Fernando Monteiro PE Sim

Franco Cartafina MG Sim

Guilherme Derrite SP Sim

Guilherme Mussi SP Sim

Hiran Gonçalves RR Sim

Iracema Portella PI Sim

Jaqueline Cassol RO Sim

Jerônimo Goergen RS Sim

Julio Lopes RJ Sim

Laercio Oliveira SE Sim

Marcelo Aro MG Sim

Margarete Coelho PI Sim

Mário Negromonte Jr. BA Sim

Osmar Serraglio PR Sim

Pedro Westphalen RS Sim

Pinheirinho MG Sim

Professor Alcides GO Sim

Ricardo Barros PR Não

Ricardo Izar SP Sim

Ronaldo Carletto BA Sim

PROS

Acácio Favacho AP Sim

Capitão Wagner CE Sim

Carla Dickson RN Sim

Clarissa Garotinho RJ Sim

Eros Biondini MG Sim

Gastão Vieira MA Sim

Toninho Wandscheer PR Sim

Vaidon Oliveira CE Sim

Weliton Prado MG Sim

PSB

Alessandro Molon RJ Não

Aliel Machado PR Não

Camilo Capiberibe AP Não

Cássio Andrade PA Sim

Danilo Cabral PE Não

Denis Bezerra CE Não

Elias Vaz GO Não

Emidinho Madeira MG Sim

Felipe Carreras PE Sim

Gervásio Maia PB Não

Gonzaga Patriota PE Não

Heitor Schuch RS Não

Jefferson Campos SP Sim

Júlio Delgado MG Não

Lídice da Mata BA Não

Liziane Bayer RS Sim

Luciano Ducci PR Sim

Marcelo Freixo RJ Não

Marcelo Nilo BA Não

Mauro Nazif RO Sim

Milton Coelho PE Não

Rafael Motta RN Não

Ricardo Silva SP Não

Rodrigo Agostinho SP Não

Rosana Valle SP Sim

Tabata Amaral SP Não

Tadeu Alencar PE Não

Ted Conti ES Não

Vilson da Fetaemg MG Não

PSC

Aluisio Mendes MA Sim

André Ferreira PE Sim

Euclydes Pettersen MG Sim

Gilberto Nascimento SP Sim

Glaustin da Fokus GO Sim

Lauriete ES Sim

Leonardo Gadelha PB Sim

Osires Damaso TO Sim

Otoni de Paula RJ Sim

Paulo Eduardo Martins PR Sim

Pedro Dalua AP Sim

Ricardo da Karol RJ Sim

PSD

André de Paula PE Sim

Antonio Brito BA Sim

Cezinha de Madureira SP Sim

Charles Fernandes BA Sim

Darci de Matos SC Sim

Delegado Éder Mauro PA Sim

Edilázio Júnior MA Sim

Expedito Netto RO Sim

Fábio Mitidieri SE Sim

Fábio Trad MS Sim

Francisco Jr. GO Sim

Haroldo Cathedral RR Sim

Hugo Leal RJ Sim

Joaquim Passarinho PA Sim

Jones Moura RJ Sim

Júlio Cesar PI Sim

Júnior Ferrari PA Sim

Marco Bertaiolli SP Não

Marx Beltrão AL Sim

Misael Varella MG Sim

Neucimar Fraga ES Sim

Otto Alencar Filho BA Não

Paulo Magalhães BA Sim

Paulo Vicente Caleffi RS Sim

Pedro Augusto Palareti RJ Sim

Reinhold Stephanes Junior PR Sim

Ricardo Guidi SC Sim

Sargento Fahur PR Sim

Sérgio Brito BA Sim

Sidney Leite AM Sim

Stefano Aguiar MG Sim

Vermelho PR Sim

PSDB

Adolfo Viana BA Sim

Aécio Neves MG Sim

Alexandre Frota SP Sim

Beto Pereira MS Sim

Bia Cavassa MS Sim

Bruna Furlan SP Sim

Carlos Sampaio SP Sim

Célio Silveira GO Sim

Daniel Trzeciak RS Sim

Eduardo Barbosa MG Sim

Eduardo Cury SP Sim

Geovania de Sá SC Sim

Lucas Redecker RS Sim

Mara Rocha AC Sim

Mariana Carvalho RO Sim

Miguel Haddad SP Sim

Nilson Pinto PA Sim

Otavio Leite RJ Sim

Patrick Dorneles PB Sim

Pedro Vilela AL Sim

Rodrigo de Castro MG Não

Rossoni PR Sim

Ruy Carneiro PB Sim

Samuel Moreira SP Sim

Shéridan RR Sim

Tereza Nelma AL Sim

Vanderlei Macris SP Sim

Vitor Lippi SP Sim

PSL

Abou Anni SP Sim

Alê Silva MG Sim

Aline Sleutjes PR Sim

Bia Kicis DF Sim

Bibo Nunes RS Sim

Bozzella SP Sim

Carla Zambelli SP Sim

Carlos Jordy RJ Sim

Caroline de Toni SC Sim

Celso Sabino PA Sim

Charlles Evangelista MG Sim

Chris Tonietto RJ Sim

Coronel Armando SC Sim

Coronel Chrisóstomo RO Sim

Coronel Tadeu SP Sim

Daniel Freitas SC Sim

Daniel Silveira RJ Não

Delegado Antônio Furtado RJ Sim

Delegado Marcelo Freitas MG Sim

Delegado Waldir GO Sim

Dr. Luiz Ovando MS Sim

Dra. Soraya Manato ES Sim

Eduardo Bolsonaro SP Sim

Fabio Schiochet SC Sim

Felício Laterça RJ Sim

Felipe Francischini PR Sim

Felipe Rigoni ES Sim

Filipe Barros PR Sim

General Girão RN Sim

General Peternelli SP Sim

Guiga Peixoto SP Sim

Gurgel RJ Sim

Heitor Freire CE Sim

Helio Lopes RJ Sim

Joice Hasselmann SP Sim

Junio Amaral MG Sim

Léo Motta MG Sim

Loester Trutis MS Sim

Lourival Gomes RJ Sim

Luiz Lima RJ Sim

Luiz Philippe de Orleans e Bragança SP Sim

Major Fabiana RJ Sim

Marcelo Álvaro Antônio MG Sim

Marcelo Brum RS Sim

Márcio Labre RJ Sim

Nelson Barbudo MT Sim

Nereu Crispim RS Sim

Nicoletti RR Sim

Professor Joziel RJ Sim

Professora Dayane Pimentel BA Sim

Sanderson RS Sim

Vitor Hugo GO Sim

PSOL

Áurea Carolina MG Não

David Miranda RJ Não

Fernanda Melchionna RS Não

Glauber Braga RJ Não

Ivan Valente SP Não

Luiza Erundina SP Não

Sâmia Bomfim SP Não

Talíria Petrone RJ Não

Vivi Reis PA Não

PT

Afonso Florence BA Não

Airton Faleiro PA Não

Alencar Santana Braga SP Não

Alexandre Padilha SP Não

Arlindo Chinaglia SP Não

Beto Faro PA Não

Bohn Gass RS Não

Carlos Veras PE Não

Carlos Zarattini SP Abstenção

Célio Moura TO Não

Enio Verri PR Não

Erika Kokay DF Não

Frei Anastacio Ribeiro PB Não

Gleisi Hoffmann PR Não

Helder Salomão ES Sim

Henrique Fontana RS Não

João Daniel SE Não

Jorge Solla BA Não

José Guimarães CE Não

José Ricardo AM Não

Joseildo Ramos BA Não

Leo de Brito AC Não

Leonardo Monteiro MG Não

Marcon RS Não

Maria do Rosário RS Não

Marília Arraes PE Não

Merlong Solano PI Sim

Natália Bonavides RN Não

Nilto Tatto SP Não

Odair Cunha MG Sim

Padre João MG Não

Patrus Ananias MG Não

Paulão AL Não

Paulo Guedes MG Não

Paulo Pimenta RS Não

Paulo Teixeira SP Não

Pedro Uczai SC Não

Professora Rosa Neide MT Não

Reginaldo Lopes MG Não

Rejane Dias PI Não

Rogério Correia MG Não

Rubens Otoni GO Não

Rui Falcão SP Não

Valmir Assunção BA Não

Vander Loubet MS Não

Vicentinho SP Não

Waldenor Pereira BA Não

Zé Carlos MA Não

Zé Neto BA Sim

Zeca Dirceu PR Não

PTB

Eduardo Costa PA Sim

Emanuel Pinheiro Neto MT Sim

Maurício Dziedricki RS Sim

Nivaldo Albuquerque AL Sim

Paulo Bengtson PA Sim

Pedro Augusto Bezerra CE Sim

Pedro Lucas Fernandes MA Sim

PV

Célio Studart CE Não

Enrico Misasi SP Não

Leandre PR Não

Professor Israel Batista DF Não

Rede

Joenia Wapichana RR Não

Republicanos

Aline Gurgel AP Sim

Amaro Neto ES Sim

Aroldo Martins PR Sim

Benes Leocádio RN Sim

Capitão Alberto Neto AM Sim

Carlos Gomes RS Sim

Celso Russomanno SP Sim

Cleber Verde MA Sim

Ely Santos SP Sim

Gil Cutrim MA Sim

Gilberto Abramo MG Sim

Hélio Costa SC Sim

Hugo Motta PB Sim

Jhonatan de Jesus RR Sim

João Campos GO Sim

Jorge Braz RJ Sim

Julio Cesar Ribeiro DF Sim

Lafayette de Andrada MG Sim

Luizão Goulart PR Sim

Marcelo Squassoni SP Sim

Márcio Marinho BA Sim

Marcos Pereira SP Sim

Milton Vieira SP Sim

Ossesio Silva PE Sim

Rosangela Gomes RJ Sim

Severino Pessoa AL Sim

Silvio Costa Filho PE Sim

Tia Eron BA Sim

Vavá Martins PA Sim

Vinicius Carvalho SP Sim

Solidariede

Augusto Coutinho PE Sim

Aureo Ribeiro RJ Sim

Bosco Saraiva AM Sim

Dr. Leonardo MT Sim

Dra. Vanda Milani AC Sim

Eli Borges TO Sim

Genecias Noronha CE Não

Gustinho Ribeiro SE Sim

Lucas Vergilio GO Sim

Ottaci Nascimento RR Sim

Paulinho da Força SP Sim

Tiago Dimas TO Sim

Zé Silva MG Sim

Após a publicação desta matéria, o PC do B enviou ao Congresso em Foco uma nota explicando o posicionamento do partido na votação da então PEC 39/2011, hoje PEC 3/2022 no Senado Federal, e as diferenças dos dois textos.

Veja a íntegra da nota do partido:

A bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados, de larga tradição de coerência e vinculação às lutas populares vem, em relação ao seu voto quando da apreciação da PEC 39, no ano de 2022, esclarecer que:

1- Durante a sua tramitação na Câmara dos Deputados, a PEC 39 mereceu nosso voto favorável, ressalvados os destaques, porque o texto viabilizava a regularização de habitações de interesse social para foreiros e ocupantes cadastrados, realizando a regularização fundiária, respeitando o definido no Estatuto das Cidades e nos seus planos diretores.

2- Podemos citar, por exemplo, as populações de Brasília Teimosa no Recife, da Gamboa em Salvador, vastas áreas em São Luís e os pescadores de Santa Catarina. Este era o contexto.

EM NENHUM MOMENTO FOI TRATADO DE PRIVATIZAÇÃO DE PRAIAS OU ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL.

EM NENHUM MOMENTO A ÊNFASE ERA PARA FAVORECER A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA QUE, COM CORAGEM, CONTESTAMOS.

3-O PCdoB posicionou-se nos destaques e votou para mitigar o esbulho e a especulação que já hoje existe nessas áreas e contra que essas transferências beneficiassem concessionárias (para que esses terrenos ficassem vinculados aos serviços relacionados a essas concessões e não às empresas concessionárias).

Os destaques foram, no entanto, derrotados.

4-Nesses anos de bolsonarismo, os ataques sobre direitos sociais, ambientais e às cidades, foram aprofundados. Confundir a luta por regularização fundiária com o apoio à especulação imobiliária e à privatização de praias é reduzir a importância da conquista dos direitos das populações impactadas por uma legislação ultrapassada. Devemos estar atentos a mudanças que possam ser feitas no texto no Senado.

5-Por isso, a bancada do PCdoB se soma à justa mobilização social, nas ruas e nas redes, contra qualquer ameaça ao espaço público das praias, ao meio ambiente e contra a usura da especulação imobiliária.

Brasília, 4 de junho de 2024

Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados

AUTORIA

Pedro Sales

PEDRO SALES Jornalista em formação pela Universidade de Brasília (UnB). Integrou a equipe de comunicação interna do Ministério dos Transportes.

CONGRESSO EM FOCO
Privatização das praias: veja como cada deputado votou a proposta em 2022

Câmara pauta urgência para PL que restringe direito ao aborto

Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (4) o projeto de lei da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) que estabelece diretrizes gerais para a elaboração de planos de adaptação, por parte do poder público, às consequências das mudanças climáticas. O projeto havia retornado do Senado, e será enviado à sanção presidencial.

O projeto visa adaptar a infraestrutura e os sistemas produtivos de estados e municípios para que consigam reduzir os riscos decorrentes de catástrofes ambientais climáticas, como inundações, desmoronamentos e secas intensas. Ele também estabelece um prazo de um ano para que o governo apresente um Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, além de criar normas para iniciativas semelhantes em estados e municípios, que deverão por exemplo adotar mecanismos de redução das emissões de carbono em suas práticas agrícolas.

Também foi aprovado o projeto de lei complementar vindo do Senado que permite a securitização das dívidas públicas de todos os entes federados. Com isso, estados, municípios ou a própria União com créditos pendentes podem “vender” suas dívidas a investidores interessados para acelerar o recebimento dos recursos.

O texto enfrentou oposição tanto de parlamentares do Psol quanto do PL e Nov. Na ala psolista, a principal crítica diz respeito à motivação do projeto, visto pela bancada como um instrumento para contornar a falta de investimento e de vontade de gestores públicos em cobrar dívidas de sonegadores de impostos ou de outros devedores do Estado.

Os oposicionistas já consideraram o projeto como economicamente irresponsável: para Gilson Marques (Novo-SC), trata-se de uma abdicação de recursos que entrariam no futuro para que gestores públicos consigam recursos no presente, deixando de lado um interesse social de longo prazo para abraçar os interesses eleitorais de curto prazo.

AUTORIA

Lucas Neiva

LUCAS NEIVA Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.

CONGRESSO EM FOCO
Privatização das praias: veja como cada deputado votou a proposta em 2022

Javier Milei conseguiu: elevou a pobreza para 55%

São números deixados pelo relatório do Observatório da Dívida Social Argentina elaborado pela UCA. Segundo sua estimativa, nos primeiros 120 dias de governo houve um aumento de 11% na taxa de pobreza. A indigência passou de 9,6 para 17,5 no primeiro trimestre de 2024.

A reportagem é publicada por Página|12, 04-06-2024.

25 milhões de cidadãos argentinos vivem na pobreza. Esse é o número estimado pelo Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica Argentina, ao estipular que no final de 2023 a taxa de pobreza era de 44 e que, nos primeiros três meses – que coincidem com o governo de Javier Milei – a pobreza aumentaria para 55%. Enquanto isso, Milei também deve soar o alarme de quase duplicar a taxa de indigência: segundo a medição da UCA, nesse mesmo período estima-se um aumento de 9,6 para 17,5%.

Os números derivam do relatório denominado Raio X da pobreza na Argentina: realidade social e solidariedade que é esperança. Aí, através de gráficos e números, indicam que este aumento brutal é atribuído, em grande parte, ao impacto da inflação dos últimos meses e ao aumento principalmente do sector alimentar que afetou as camadas mais baixas da sociedade. Ao tomar posse, o governo La Libertad Avanza provocou uma desvalorização de 114% e capacitou trabalhadores sem-abrigo, com o lema de “desregulamentar a economia”.

Da mesma forma, o estudo garante que cerca de 7,8 milhões de pessoas se encontram em estado de extrema pobreza ou indigência, ou seja, estão abaixo da cesta básica (CBA).

“A insegurança alimentar total nas áreas urbanas pesquisadas pela pesquisa ODSA-UCA atinge 24,7% das pessoas, 20,8% dos domicílios e 32,2% das crianças e adolescentes. Por outro lado, 10,9% das pessoas, 8,8% dos domicílios e 13,9% das crianças e adolescentes (NNyA) estão em situação ainda mais grave, com grave insegurança alimentar. Ao considerar a AMBA, os valores totais de insegurança alimentar situam-se em 26,4% das pessoas, 21,8% dos domicílios e 35% das crianças e adolescentes. Quando se considera a insegurança alimentar grave, são 9,9%, 12,7% e 16,5%, respetivamente”, afirma o relatório.

Por sua vez, 20,6% dos agregados familiares que sofrem de insuficiência alimentar total são cerca de 3,7 milhões de lares que albergam cerca de 11 milhões de habitantes.

A pobreza reflete-se também na falta de acesso a serviços básicos e na elevada dependência de ajudas estatais. O relatório detalha que 42,6% das crianças e adolescentes moram em lares que recebem o Bolsa Criança Universal (AUH) e o Cartão Alimentação. Além disso, 50% dos menores frequentam os refeitórios escolares, 36,7% recebem caixas ou sacos de alimentos nos refeitórios e 11,1% nos refeitórios não escolares.

No que diz respeito à mortalidade infantil, o estudo observa que, embora tenha havido melhorias gerais nas últimas décadas, persistem disparidades significativas entre as províncias, com níveis mais elevados de mortalidade infantil correlacionados com taxas mais elevadas de miséria monetária.

O déficit educacional é outro aspecto crítico. A pesquisa refere que 23% das crianças dos 3 aos 5 anos não frequentam estabelecimentos de ensino formal, 9,1% das crianças e adolescentes dos 6 aos 12 anos frequentam o ensino primário com excesso de idade e 35,3% dos jovens entre os 18 e os 29 anos. anos não concluíram o ensino médio. Estes dados refletem o impacto negativo da pobreza na educação, apesar do apoio do sistema de gestão público e privado.

O mercado de trabalho não escapa a esta realidade. 32,5% dos trabalhadores empregados residem em agregados familiares em situação de pobreza. Além disso, 30,9% trabalham na economia social e, considerando a população economicamente ativa, 26,5% têm emprego precário e 24,3% têm subemprego instável.

A apresentação do relatório – que revela os novos dados da pobreza – surge num contexto crítico para o Governo, já atingido pelo escândalo dos alimentos armazenados e pelas contratações irregulares no Ministério do Capital Humano.

IHU-UNISINOS

https://www.ihu.unisinos.br/639972-javier-milei-conseguiu-elevou-a-pobreza-para-55

Privatização das praias: veja como cada deputado votou a proposta em 2022

Como a IA e o Google ameaçam devastar a web

A principal ferramenta de buscas na internet quer oferecer apenas resumos, capturando o conteúdo gerado por zilhões de sites e omitindo as fontes. O que isso diz sobre monopólios, apagamento da memória e apropriação do trabalho coletivo.

O artigo é de James Görgen, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, publicado por Outras Palavras em 03-06-2024.

Eis o artigo.

Duas notícias que circularam na semana passada chamaram a atenção por serem riscos em potencial para o futuro da Internet. Uma trata do possível começo do fim e a outra, do fim do começo da world wide web como a conhecemos. A primeira foi o anúncio por parte da Google do lançamento da ferramenta AI Overviews durante a conferência da empresa voltada a desenvolvedores[1]. Comemorada pelos entusiastas de inteligência artificial e condenada como o fim da web por alguns jornalistas e especialistas em tecnologia, trata-se da substituição de sua clássica interface e sistema de busca na Internet, que deixará de apresentar weblinks como primeiro resultado, passando a usar IA para exibir um pequeno resumo do que foi pesquisado pelo usuário direcionando-o para determinadas fontes. Na outra ponta, do apagamento da história digital, um estudo do Pew Research Center revelou que 38% das webpages existentes na Internet em 2013 já não podem mais ser encontradas ou acessadas.

Fim do começo

A metodologia do estudo[2] sobre acessibilidade de conteúdo on-line foi estruturada em três partes[3] e os resultados deste rastreamento, que os pesquisadores chamam de deterioração digital, se mostraram preocupantes. Entre as principais conclusões do estudo do centro de pesquisas vale destacar:

  • 25% de todas as páginas da Web que existiam entre 2013 e 2023 não estavam mais acessíveis em outubro de 2023, sendo que o conteúdo mais antigo tem ainda mais probabilidade de desaparecer. 38% das páginas da Web de 2013 não estão mais disponíveis hoje, em comparação com 8% das páginas de 2023.
  • 23% dos sites de notícias e 21% dos sites governamentais contêm pelo menos um link quebrado. As páginas de governos locais têm taxas especialmente altas de links quebrados. Sites de notícias com níveis de tráfego altos e baixos têm a mesma probabilidade de ter links quebrados.
  • 54% das páginas da Wikipédia têm pelo menos um link quebrado em sua seção “Referências”.
  • Quase um em cada cinco tweets não é mais visível publicamente no Twitter apenas alguns meses após ter sido publicado. Em 60% desses casos, a conta foi tornada privada, suspensa ou totalmente excluída. Certos tipos de tweets têm maior probabilidade de desaparecer, como aqueles em turco ou árabe, ou de contas com configurações de perfil padrão.
  • A maioria dos tweets que são removidos tende a desaparecer logo após serem publicados. Metade dos tweets que acabam sendo removidos fica indisponível nos primeiros seis dias e 90% em 46 dias. No entanto, 6% dos tweets removidos ficam disponíveis novamente mais tarde.

Estes resultados levam a algumas perguntas as quais pode ser muito cedo para termos respostas. Por exemplo, o conteúdo que está desaparecendo seria útil para preservar a veracidade de alguma informação na Internet ou era algo irrelevante ou falso? Como a memória da humanidade armazenada em bilhões de webpages ao longo das últimas três décadas pode ser preservada? O elevado indicador de sites de notícias que apresentam links quebrados pode ter impactos na formação da opinião pública? Difícil termos alguma pista para onde esse fenômeno vai nos levar. Mais dramático ainda é perceber que pouco pode ser feito para impedi-lo ou revertê-lo.

Memória digital

Se a história sempre foi escrita pelos vencedores, e consequentemente a memória também, a democratização do acesso à Internet e a população da web deram esperanças que isso poderia estar mudando ao final dos anos 1990. Agora, ao invés de estarmos presos a arquivos e museus com artefatos e textos coletados e organizados por uma elite intelectual, em tese qualquer um poderia registrar para a posteridade seu próprio conteúdo, produzir trabalho em co-autoria e interagir com a própria construção oficial da memória a partir de comentários em sítios e outras atividades. Além do boom dos blogs, isso obrigou os compiladores da história oficial a alterarem a forma como construíam seu próprio acervo, incorporando alguns destes usuários, e suas criações, a seu trabalho.

 

Esta evolução, ou involução se você preferir, está bem documentada no texto Between Archive and Participation: Public Memory in a Digital Age, de Ekaterina Haskins”[4], que analisou ainda em 2007 as informações sobre os atos de terrorismo de 11 de setembro de 2001 e seus registros na Internet. Analisando este conteúdo, ela pôde perceber que essa nova forma de memória criou um paradoxo: a democratização do passado foi entrelaçada com a perda da consciência histórica. “A velocidade destrói o espaço e apaga a distância temporal. Em ambos os casos, o mecanismo de percepção fisiológica é alterado. Quanto mais memória armazenamos nos bancos de dados, mais o passado é sugado para a órbita do presente, pronto para ser chamado na tela”, escreve Andreas Huyssen.

Este risco se torna ainda mais presente quando alguém decide registrar e interpretar para nós o nosso passado. “Quando a tecnologia oferece a capacidade de recuperação instantânea, o impulso individual de se lembrar diminui. Se a preservação e a recuperação de arquivos não forem equilibradas por mecanismos que estimulem o envolvimento participativo, a memória eletrônica poderá levar à amnésia autocongratulatória”, concluiu Haskins ainda em 2007, quando a IA generativa ainda não tinha virado a coqueluche do momento.

Começo do fim

Talvez pior do que um conteúdo desaparecer da rede mundial de computadores, ou abrirmos mão de o recuperarmos por nós mesmos, iniciando o fenômeno do apagamento da memória digital da humanidade, é este mesmo pedaço de história ser silenciado ou se tornar invisível para a maior parte das pessoas. Este é o efeito mais natural que a maior aposta da Search Generative Experience (SEG) da Google, os AI Overviews, pode causar à web[5]. No momento em que a ferramenta de busca que domina mais de 90% das pesquisas mundiais online decide alterar seu modelo de negócios para oferecer sumários de temas elaborados por algoritmos de IA, os impactos na Internet como a conhecemos são imprevisíveis. Os primeiros resultados não promissores foram compilados nesta matéria da BBC[6]. Basicamente, sítios jornalísticos perderam visibilidade e posts de redes sociais como ReeditQuora Instagram experimentaram crescimentos vertiginosos nos resultados.

O primeiro e mais eloquente deles é o desaparecimento dos produtores de conteúdos originais dos resultados gerados pelo modelo Gemini, a base algorítmica dos AI Overviews. No momento em que a busca do Google passa a preparar seus resumos valendo-se de técnicas como web scraping, a fonte de determinada informação desaparece. Isso levou algumas pessoas a especularem que esta foi a saída encontrada pela empresa para contornar o crescente número de serviços jornalísticos e legislações nacionais que passaram a pleitear remuneração ou incidência de tributos sobre a compilação de seu conteúdo original. Mais do que isso. “Os editores e os varejistas estão apavorados com a possibilidade de que isso corte profundamente o tráfego de referência e acabe com seus negócios”, escreveu Scott Rosenberg na Axios[7].

Outro ponto relevante a se levar em conta, além daqueles já apontados por Haskins, é o que externalidades como alucinações, erros e vieses dos modelos de IA podem acarretar para a integridade da informação que resultará da busca. Se na pesquisa tradicional as pessoas já acessavam apenas os primeiros links que viam, o que gerou a alavancagem de conteúdos por meio de publicidade, o recebimento de um resumo aparentemente plausível sobre qualquer tema que estejamos buscando tende a consolidar ainda mais esta tendência. E a empresa já anunciou que, em breve, incorporará publicidade a esta solução[8]. Com isso, a informação que não se enquadre na prioridade do algoritmo provavelmente permanecerá invisível para a maior parte dos usuários. Por mais que a empresa sustente que é possível você optar por usar a interface original, poucas pessoas saberão ou terão interesse em fazer isso dada a comodidade que os resumos oferecem.

Outra preocupação que advém desta alteração é sobre o próprio modelo de negócios da empresa, que sempre teve seu motor principal na publicidade por trás dos links azuis que nos acostumamos a ver várias vezes ao dia. “A Google tem mais motivos do que a maioria para agir com cautela nesse caso: ela fornece publicidade para muitas das páginas da Web que estão prestes a perder todo esse tráfego e tem a perder com o desaparecimento das visitas a essas páginas. No entanto, como a empresa mantém uma posição dominante em grande parte do mercado de publicidade digital, ela parece estar apostando que poderá enfrentar a transição e suavizar quaisquer solavancos, acionando as alavancas de suas muitas outras fontes de receita. (…) A empresa tem muitas alavancas à sua disposição aqui: ela pode escolher quando mostrar visões gerais de IA e quando não mostrar; se o tráfego de saída cair vertiginosamente, chamando a atenção de reguladores ou outras partes prejudicadas, ela poderá reverter as alterações por um tempo.”, argumentou Casey Newton, na Platformer[9].

Este acontecimento fez Andrew Orlowski decretar, mais uma vez, o fim da WWW em um texto[10], no sítio de notícias UnHerd, onde analisou de forma crítica a mudança estrutural anunciada há alguns dias. O jornalista e escritor mostra também que os planos do conglomerado para se afastar da web já vinham sendo traçados:

Mas, na realidade, o interesse do Google na Web vem diminuindo há muito tempo. Artigos lamentando seu fim têm aparecido desde que Chris Anderson, o chefe dos formadores de opinião da Wired, proclamou que a Web estava ‘morta’ em 2010. [Tim] Berners-Lee publica regularmente manifestos para “salvar” a Web, e ninguém presta atenção. Hoje, mais de 80% dos dois bilhões de usuários diários do Facebook acessam a rede social apenas por meio de um telefone. As empresas não se sentem mais obrigadas a criar sites. A maior parte do que restou é suja e está morrendo.

Atualmente, o Google está erguendo uma barreira entre o pesquisador e as informações que ele procura, usando a IA generativa, que a empresa acredita criar resultados mais úteis, como resumos. Essa barreira, que consiste no que a ex-diretora de pesquisa do GoogleMeredith Whittaker, chama de ‘pasta de conteúdo derivado’, causa problemas: o que é gerado pode ou não se parecer com o original, graças a erros adicionais e “alucinações”. A nova barreira também remove os criadores de material original da cadeia de valor. O mundo nunca foi tão empolgante quanto nos prometeram os utópicos da Web; agora, ele será mais vazio do que nunca.

Há anos quem acompanha de perto sabe que a web está definhando, não por meio de um colapso, mas através do que Newton nominou como um “declínio gerenciado”. Rosenberg lembra, porém, que se a Google não administrar esse declínio com cuidado, a IA poderá acabar não apenas “comendo” a Web, mas engolindo o próprio sustento do grupo Alphabet. “Em um mundo em que todos obtêm respostas e não precisam clicar em links, o maior perdedor é a Google”, disse à Axios o CEO da PerplexityAravind Srinivas.

O que parece ser uma jogada de mestre à primeira vista pode se tornar um tiro no pé em um futuro não tão distante. A web existe hoje em dia graças a milhões de pessoas que dedicaram tempo e recursos, muitas vezes sem obter retorno financeiro, para criar conteúdo e colocá-lo à disposição para qualquer pessoa acessar nas últimas décadas. É o caso da Wikipedia e outros projetos meritórios construídos a milhares de mãos. No fundo, a “raspagem” destas informações, de forma livre e sem obstáculo, para fins de treinamento de modelos permitiu que a própria IA generativa passasse a existir.

Agora, a nova abordagem dos sumários, e mesmo dos prompts trazidos por outras aplicações, pode causar um efeito reverso. “Ao tornar ainda menos convidativa a contribuição dos seres humanos para o acervo coletivo de conhecimento da Web, as respostas resumidas da Google também podem deixar suas próprias ferramentas de IA e as de todos os outros usuários com informações menos precisas, menos oportunas e menos interessantes”, ponderou Rosenberg. Se alguém aí está preocupado com integridade da informação deveria se debruçar um pouco mais sobre este movimento, que ainda não chegou ao Brasil de forma plena.

Comemorações e silêncios

Pensado nisso, o interessante é perceber que o anúncio da Google provocou mais euforia na comunidade global da Internet do que revolta ou manifestações sobre os riscos sistêmicos que esta alteração pode exercer no repositório universal de conhecimento que se tornou a web ao longo de 35 anos. A maior parte da mídia especializada celebrou a notícia como uma inovação e um avanço tecnológico, enquanto organismos internacionais, parte da sociedade civil organizada e da academia que gravitam nos fóruns de governança da Internet silenciaram.

Talvez por um motivo simples: os jovens que nasceram com celulares no bolso e habitando as redes sociais não usam mais esta ferramenta como principal motor de suas pesquisas. “Os adolescentes de hoje – e eu fiz uma pesquisa com uma amostra aleatória – não sabem nem se importam com o que é “a Web”. Eles nasceram com os celulares e as mídias sociais e não veem interesse em revivê-la como um meio de comunicação semi-irônico, como a fita cassete. O utopismo da Web é estritamente um fenômeno de mídia da Geração X”, escreveu Orlowski.

O mais irônico de tudo isso, na verdade, é ver quem diz defender uma Internet livre e aberta dar de ombros no momento em que mais uma de suas camadas está se fechando e silenciando conteúdo original por conta da atuação monopolista de uma empresa que controla quase integralmente este mercado. A alegação é que isso não compromete o “coração” da Internet, que para essas pessoas são as outras duas camadas da rede das redes e que isso é apenas um acomodar de abóboras no campo dos provedores de aplicações. Meia verdade, uma vez que estes mesmos conglomerados se expandiram para o mundo de padrões, protocolos e infraestrutura da web, como já sustentamos nesta Teletime. Onde tudo isso vai parar? Não pergunte ao Google.

Referências

[1] Referência disponível aqui.

[2] Referência disponível aqui.

[3] 1. Exame da acessibilidade de uma amostra representativa de páginas da Web existentes na última década. Os pesquisadores coletaram páginas do repositório da Web Common Crawl para cada ano de 2013 a 2023 e tentaram acessá-las para determinar quantas ainda estão disponíveis atualmente.

Análise dos links em páginas da Web existentes para ver quantas ainda estão funcionando. Os pesquisadores coletaram uma grande amostra de páginas de sites governamentais, sites de notícias e da Wikipedia. Eles identificaram domínios de notícias relevantes usando dados do comScore, domínios governamentais usando dados do get.gov e páginas da Wikipédia de um arquivo da Wikimedia Foundation. Para cada coleção, eles seguiram os links dessas páginas até seu destino para determinar a parcela de links que apontavam para sites inacessíveis.

Rastreamento da exclusão ou remoção de publicações individuais em sites de mídia social, especificamente tweets públicos na plataforma de mídia social X (ex-Twitter). Os pesquisadores coletaram uma grande amostra de tweets públicos em tempo real usando a API de streaming do Twitter e monitoraram seu status por três meses usando a API de pesquisa do Twitter para determinar quantos ainda estavam disponíveis publicamente.

[4] Referência disponível aqui.

[5] Saiba aqui.

[6] Disponível aqui.

[7] Disponível aqui.

[8] Disponível aqui.

[9] Disponível aqui.

[10] Disponível aqui.

IHU-UNISINOS

https://www.ihu.unisinos.br/639966-como-a-ia-e-o-google-ameacam-devastar-a-web

Privatização das praias: veja como cada deputado votou a proposta em 2022

E se 3 mil ‘bilionários’ pagassem 2% sobre o seu desempenho? Brasil refina sua proposta de imposto global

Lula defende que com este imposto será possível erradicar a mais profunda insegurança alimentar de África.

A reportagem é de Naiara Galarraga Gortázar, publicada por El País, 24-05-2024.

O Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, quer aproveitar a sua presidência rotativa do G-20 para propor aos seus parceiros que concordem em impor um imposto mínimo global sobre os mais ricos. Os defensores da iniciativa consideram-na um passo importante para colmatar o fosso crescente entre aqueles que acumulam mais riqueza e os restantes. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu-o esta quinta-feira nos seguintes termos após reunião com o seu homólogo do Benin, Patrice Talon: “Se os 3 mil bilionários do planeta pagassem impostos de 2% sobre o retorno das suas fortunas, poderiam ser gerados recursos para alimentar os 340 milhões de pessoas que, segundo a FAO, sofrem de grave insegurança alimentar em África”.

Em fevereiro passado, o seu governo encarregou o economista francês Gabriel Zucman, diretor do Observatório Fiscal da UE, de traduzir a vontade política brasileira numa proposta detalhada a apresentar na reunião dos ministros das finanças do G-20, em julho próximo, em São Paulo. Zucman, que visitou o Brasil esta semana, apresentou na quinta-feira ao Executivo um projeto de imposto. Em todo o mundo, os muito ricos pagam menos impostos do que as classes médias e pobres. Também no Brasil, que possui um sistema tributário extremamente complexo que também pune os pobres e recompensa os acionistas.

Zucman estima que os bilionários paguem impostos de 0,3% sobre sua riqueza, conforme explicou esta terça-feira em reunião com correspondentes no Brasil.

O francês aposta num imposto global para quem possui mais de um bilhão de dólares, o que equivale a cerca de 3 mil pessoas, segundo uma estimativa que ele próprio considera conservadora. Juntos, eles valorizam “cerca de 13 bilhões de dólares, uma média de 5 bilhões cada”. A sua proposta visa um imposto global mínimo de 2% das suas fortunas. Ele considera esta via a mais eficaz dado que “o imposto sobre o rendimento não funciona no caso dos ricos e porque o imposto sobre heranças é cobrado apenas uma vez”.

O economista calcula que com esta taxa mínima conseguiriam arrecadar cerca de 250 mil milhões de dólares. Os países de residência desses bilionários receberiam o dinheiro que correspondesse a cada um e decidiriam como gastá-lo, disse. Os ultrarricos estão espalhados por quase todo o planeta. Estima-se que cerca de 800 estejam nos Estados Unidos, 800 no Sudeste Asiático, cerca de 500 na Europa, mais de 100 na América Latina…

Embora este seja um debate apenas iniciado, a recepção obtida até agora permite o economista, discípulo de Thomas Piketty, ser otimista: “Basicamente, estamos vendo um verdadeiro impulso, com vários países a expressarem o seu apoio. Brasil, claro, mas também França, África do Sul, Espanha, Colômbia e Bélgica. “É impressionante”, enfatiza. “O G-20 é um fórum poderoso para avançar”, acrescenta.

O francês considera o presidente americano, Joe Biden, um aliado valioso neste esforço para tributar aqueles que estão no topo da pirâmide da riqueza global, mas admite que uma vitória do magnata Donald Trump nas eleições de novembro seria um grande revés. Nesse caso, disse ele, “não espero que os Estados Unidos liderem este debate”.

Em todo o caso, afirma que, para prosperar, uma iniciativa como esta precisa de enraizar-se num grupo considerável de países, mas o seu sucesso, insiste, não está condicionado à adesão de todos. Ele considera que esta proposta pode começar de forma viável se for adotada por 30 ou 50 países.

Este novo imposto inspira-se no imposto mínimo global de 15% sobre as grandes multinacionais proposto pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e acordado por cerca de 140 países, 35 dos quais já começaram a aplicá-lo, destacou Zucman. Se o imposto sobre os bilionários se tornar realidade, segundo ele, esse seleto grupo “vai pagar mais do que é arrecadado de 15% das multinacionais”.

IHU-UNISINOS

https://www.ihu.unisinos.br/639778-e-se-3-mil-bilionarios-pagassem-2-sobre-o-seu-desempenho-brasil-refina-sua-proposta-de-imposto-global

Privatização das praias: veja como cada deputado votou a proposta em 2022

STJ analisa tarifa bancária em recolhimento de contribuições sindicais

Tarifa bancária

Até o momento, votou apenas o relator do caso, ministro Villas Bôas Cueva, pela legalidade da cobrança.

Da Redação

Nesta terça-feira, 4, ministra Nancy Andrighi, do STJ, pediu vista e suspendeu julgamento de processo que analisa a validade de tarifa bancária no recolhimento e repasse de contribuições sindicais.

O caso, pautado na 3ª turma da Corte, teve até o momento apenas o voto do relator, ministro Villas Bôas Cueva, que se posicionou pela legalidade da cobrança.

Entenda

O recurso busca definir a legalidade da cobrança de tarifa bancária pela Caixa Econômica Federal em transações de valores provenientes da arrecadação de contribuição sindical. Na instância inicial, o acórdão estadual julgou improcedente o pedido que visava impedir a Caixa de cobrar essas tarifas.

Ministro Villas Bôas Cueva, relator do caso, explicou que, conforme os arts. 586 e 589 da CLT, cabe à Caixa Econômica Federal a responsabilidade pela arrecadação, processamento e repasse das contribuições sindicais às confederações, federações e sindicatos. S. Exa.  acrescentou que a cobrança da tarifa bancária não viola o art. 609 da CLT, pois não possui natureza tributária, limitando-se à remuneração pelo serviço contratual previsto e prestado.

O ministro também observou que as tarifas relativas a serviços prestados a pessoas jurídicas não são padronizadas, podendo ser livremente cobradas pelas instituições financeiras, desde que contratualmente previstas ou previamente autorizadas ou solicitadas pelo cliente ou usuário.

No caso em análise, S. Exa. entendeu que se trata de uma situação em que a instituição financeira exige o pagamento de uma tarifa contratualmente prevista decorrente do serviço prestado. Por esses motivos, o ministro negou provimento ao recurso.

Em seguida, a ministra Nancy Andrighi pediu vista dos autos, suspendendo assim o julgamento.

Migalhas: https://www.migalhas.com.br/quentes/408649/stj-analisa-tarifa-bancaria-em-recolhimento-de-contribuicoes-sindicais