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Terceirização da atividade-fim e subordinação compartilhada

Terceirização da atividade-fim e subordinação compartilhada

TRABALHO CONTEMPORÂNEO

 

Para quem não sabe, só em 2017 tivemos uma regulamentação geral no Brasil sobre o fenômeno da terceirização. Antes, aplicávamos o entendimento construído na Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho, embasada na ideia da impossibilidade de terceirização da atividade-fim.

A lógica jurisprudencial trazia algumas consequências interessantes, como a percepção da pureza dos elementos da relação de emprego apenas e tão somente entre o trabalhador terceirizado e a prestadora de serviços, não permitindo nenhum traço de pessoalidade ou subordinação diretas em relação ao tomador, a empresa contratante.

Nada mais razoável, pois se terceirizar é delegar atividades a empresas prestadoras de serviços, incumbe a estas contratar empregados para execução do objeto do contrato, figurando, assim, como o real empregador, aplicando-se a tradicional visão dual do Direito do Trabalho ao novo fenômeno de gestão empresarial.

Tanto era assim que a já ultrapassada Súmula 331 dispunha em seu item III que “não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta”.

Em outras palavras, ainda que se tratasse de objeto lícito de terceirização, se na prática os elementos da relação de emprego estivessem presentes em relação ao tomador dos serviços, haveria de se reconhecer a ilicitude da terceirização, estabelecendo-se o vínculo diretamente com a empresa contratante.

Conceito dual x Relações trilaterais

A questão é sabermos se, com a atual legislação (Lei 6.019/74 modificada pelas Leis 13.429/2017 e 13.467/2017), bem como após as decisões vinculantes do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, na ADPF 324 e no Tema 725 da Repercussão Geral, devemos ou não manter o antigo entendimento do TST, de que pessoalidade e subordinação diretas gerariam a ilicitude da terceirização.

A indagação é pertinente, pois depois de muito relutar a aplicação das teses vinculantes do Supremo sobre terceirização na atividade-fim, inicia-se na Justiça do Trabalho nova fase para justificar seu afastamento, agora por meio da técnica do distinguish, conforme se observa do julgamento do Recurso de Revista TST-Ag-AIRR-10339-89.2015.5.05.0531, item 2.3 da ementa:

“Com efeito, a jurisprudência desta Corte vem assentando o entendimento de que a existência de subordinação direta do empregado à empresa tomadora dos serviços não se amolda à tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 324 e do RE 958.252, caracterizando, ao revés, fraude, o que implicaria, em atenção ao princípio da primazia da realidade, no reconhecimento do vínculo de emprego diretamente com esta. Precedentes.”

De fato, se a terceirização for mero simulacro, se o caso concreto demonstrar que todos os elementos do vínculo de emprego estão presentes em relação ao tomador dos serviços, que a prestadora foi contratada apenas para fraudar a aplicação dos preceitos trabalhistas, não há que se titubear, o caso é de reconhecer o vínculo diretamente com o tomador dos serviços (empresa contratante), aplicando-se o artigo 9º da CLT.

Spacca

Ocorre que a análise dessa suposta fraude pelos elementos da pessoalidade e da subordinação não podem ocorrer com a mesma visão tradicional que inspirou o texto celetista em 1943, época em que vigorava a ideia de relações de trabalho duais, entre empregado e empregador.

Foram décadas de um silogismo óbvio: quem exerce poder diretivo é o empregador; na terceirização o empregador é o prestador de serviços, não o tomador; se o tomador estiver dando ordens ou exigindo pessoalidade, ele é o verdadeiro empregador; fraude.

A interpretação clássica, assim, remete ao conceito dual de relação de emprego, sem levar em conta a prática de relações trilaterais, como no caso da terceirização. Será que o exercício do poder diretivo, que denota a subordinação, deve ficar realmente concentrado unicamente na figura do empregador (prestadora de serviços)? Ou pode ser compartilhado com o tomador (contratante) a partir do momento em que é possível terceirizar a atividade-fim?

A lógica do trabalho temporário

A resposta pode ser dada por mera interpretação lógica, reforçada por aplicação de caso semelhante há muito pacificado, o da intermediação de mão-de-obra típica do trabalho temporário, prevista na Lei 6.019/74, que desde sua criação autoriza a contratação de trabalhador para a atividade-fim do tomador.

Ali sempre se entendeu que para substituir pessoal permanente ou para demanda complementar de serviços (antigo acréscimo extraordinário) poderia a empresa contratante (tomadora) admitir trabalhadores temporários tanto na atividade-meio quanto na atividade-fim, o que hoje está expresso no artigo 9, §3º da citada lei.

Como consequência, a doutrina nunca titubeou em apontar que, no trabalho temporário, o exercício do poder diretivo é compartilhado, podendo o tomador dos serviços emitir ordens aos empregados assim contratados.

Nada mais coerente, pois, se o gestor possui trabalhadores efetivos e terceirizados executando tarefas idênticas, ambos na atividade-fim, há necessidade de uma coordenação única, de um comando único, de uma gestão única para se atingir os objetivos empresariais de forma organizada e produtiva.

Já imaginou um setor com trabalhadores de diversas empresas terceirizadas e empregados efetivos, nas mesmas tarefas da atividade empresarial, cada um com um comando diferente? Sem comunicação ou organização para o exercício de tais atividades? Seria um caos.

Quem disse que seria fácil?

Ao invés de olharmos para o novo fenômeno da terceirização da atividade-fim sob a antiga ótica da relação dual de emprego, precisamos reformular os paradigmas que nos informaram por décadas e parar com a “obsessão fraudeana” que já comentei em artigos passados.

A construção de um novo modelo de terceirização exige uma nova interpretação do fenômeno trabalhista, não mais retilínea e compartimentalizada como a do passado. Primeiro, simplesmente não poderia haver terceirização, depois só na atividade-meio, época em que nosso mundo ainda fazia sentido.

Agora, que a terceirização chegou plenamente à atividade-fim, precisamos nos atualizar para novamente não causar enorme insegurança jurídica e injustas condenações, sob o pretexto de não afrontarmos o STF pelo distinguish, mas com aquele sentimento de que podemos mais uma vez ignorar a realidade para reafirmar o passado.

A atualidade pede uma nova mentalidade trabalhista. Sei que demora, que há resistência, mas o fato é que ninguém disse que seria fácil, ou, parafraseando Rupi Kaur, “quem disse que eu queria fácil, eu não gosto de fácil, gosto de difícil”.

Terceirização da atividade-fim e subordinação compartilhada

Focus: analistas do mercado financeiro elevam estimativas de inflação para 2024 e 2025

Números foram divulgados nesta terça-feira (13) pelo BC. Analistas do mercado também elevaram projeção de crescimento da economia neste ano e em 2025.

Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

Economistas do mercado financeiro elevaram as estimativas de inflação para os anos de 2024 e de 2025.

As previsões constam no relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Banco Central. O levantamento ouviu mais de 100 instituições financeiras, na semana passada, sobre as projeções para a economia.

Para a inflação deste ano, os analistas dos bancos subiram a expectativa de inflação de 3,72% para 3,76%.

  • Com isso, a expectativa dos analistas para a inflação de 2024 se mantém acima da meta central de inflação, mas abaixo do teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
  • A meta central de inflação é de 3% neste ano, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.

Para 2025, a estimativa de inflação avançou de 3,64% para 3,66% na última semana. No próximo ano, a meta de inflação é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, o BC já está mirando, neste momento, na meta do ano que vem, e também em 12 meses até meados de 2025.

Quanto maior a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam, sem que o salário acompanhe esse crescimento.

Decisão do Copom

O aumento nas estimativas de inflação aconteceu após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ter baixado a taxa básica de juros de 10,75% para 10,50% ao ano na semana passada.

A decisão foi dividida. Os quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votaram por um corte maior nos juros, de 0,5 ponto percentual, para 10,25% ao ano. Mas foram voto vencido. Quatro diretores mais antigos e o presidente do BC, formando uma maioria, optaram por uma redução menor na taxa Selic.

O ‘racha” no Copom teve efeito no mercado financeiro no dia seguinte. A bolsa de valores caiu, enquanto o dólar e os juros futuros avançaram.

O temor do mercado é que a diretoria do BC indicada pelo presidente Lula — com maioria no Copom a partir de 2026 –, possa ter mais leniente com a inflação em busca de um ritmo maior de crescimento da economia.

Para definir o nível da taxa Selic, o Banco Central trabalha com o sistema de metas de inflação. Se as estimativas para o comportamento dos preços estão em linha com as metas pré-definidas, pode reduzir a taxa. Se as previsões de inflação começam a subir, pode optar por manter ou subir os juros.

Produto Interno Bruto

Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, a projeção do mercado subiu de de 2,05% para 2,09%.

  • O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia.
  • Já para 2025, a previsão de alta do PIB do mercado financeiro ficou estável em 2%.

Taxa de juros

Os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa para a taxa básica de juros da economia brasileira para o final deste ano.

  • Atualmente, a taxa Selic está em 10,50% ao ano, após sete reduções seguidas promovidas pelo Banco Central.
  • Para o fechamento de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia ficou avançou de 9,63% para 9,75% ao ano.
  • Para o fim de 2025, por sua vez, o mercado financeiro manteve a projeção estável em 9% ao ano.

Outras estimativas

Veja abaixo outras estimativas do mercado financeiro, segundo o BC:

  • Dólar: a projeção para a taxa de câmbio para o fim de 2024 permaneceu em R$ 5. Para o fim de 2025, a estimativa continuou em R$ 5,05.
  • Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção subiu de US$ 79,8 bilhões para US$ 80 bilhões de superávit em 2024. Para 2025, a expectativa para o saldo positivo avançou de US$ 76 bilhões para US$ 76,2 bilhões.
  • Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano subiu de US$ 68,8 bilhões para US$ 69,5 bilhões de ingresso. Para 2025, a estimativa de ingresso ficou estável em US$ 73 bilhões.

G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/05/13/focus-analistas-do-mercado-financeiro-elevam-estimativas-de-inflacao-para-2024-e-2025.ghtml

Terceirização da atividade-fim e subordinação compartilhada

Os juros brasileiros continuam estratosféricos. Por quê?

O economista Paulo Nogueira Batista Jr questiona a explicação técnica para a persistência de juros tão elevados e suas consequências para a economia brasileira

por Paulo Nogueira Batista Jr.

O economista Paulo Nogueira Batista Jr. expressou sua decepção com a recente redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros básica da economia, Selic, pelo Banco Central. Essa decisão contrariou as expectativas de alguns membros da diretoria do BC, que defendiam uma redução mais significativa, incluindo quatro dos nove integrantes favoráveis a um corte mais acentuado. Nogueira Batista questionou os motivos que levam o Banco Central a manter as taxas de juros reais entre as mais altas do mundo, argumentando que essa política tem consequências negativas para a economia brasileira.

Assista ao comentário do economista em seu canal no Youtube:

Em seu comentário, o economista destacou duas questões principais. Primeiramente, questionou a ambiciosidade das metas de inflação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, do qual o Banco Central faz parte. Ele sugeriu que metas menos ambiciosas poderiam permitir uma redução mais realista nas taxas de juros. Em segundo lugar, levantou dúvidas sobre os modelos econômicos utilizados pelo BC para embasar suas decisões, argumentando que esses modelos não são transparentes e não estão disponíveis para análise crítica externa.

O economista ressaltou que as altas taxas de juros reais têm um impacto significativo na economia brasileira. Elas aumentam o custo da dívida pública, contribuindo para o desequilíbrio fiscal do governo. Além disso, beneficiam os mais ricos e os rentistas, concentrando ainda mais a renda no país. Nogueira Batista enfatizou que a política de juros elevados desestimula os investimentos e o consumo, o que por sua vez prejudica o crescimento econômico e reduz a arrecadação de impostos.

Diante desses argumentos, o economista concluiu que é fundamental que o Banco Central e o governo atuem para reduzir as taxas de juros reais no Brasil e torná-las mais condizentes com a realidade econômica do país.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/05/10/os-juros-brasileiros-continuam-estratosfericos-por-que/

Terceirização da atividade-fim e subordinação compartilhada

Centrais orientam sindicatos de todo o Brasil a promoverem ações pró-RS

Batizada de “Unidos pela Reconstrução do Rio Grande do Sul”, a campanha tem como diretrizes “Solidariedade, Ação, Preservação de Vidas, de Empregos e Direitos”

por André Cintra

O movimento sindical iniciou uma campanha nacional unificada em solidariedade aos atingidos pela enchente histórica no Sul do País. Um anúncio publicado neste sábado (11) na Folha de S.Paulo e em outros jornais marcou o lançamento da iniciativa, conclamando sindicatos de todo o Brasil a promoverem ações de apoio à população gaúcha.

Batizada de “Unidos pela Reconstrução do Rio Grande do Sul”, a campanha tem como diretrizes “Solidariedade, Ação, Preservação de Vidas, de Empregos e Direitos”. O documento é assinado por CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), Força Sindical, CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Intersindical – Central da Classe Trabalhadora e Pública Central do Servidor.

O anúncio lembra que dirigentes sindicais já participam de “resgate de vítimas, doações, abrigo, arrecadação e distribuição de alimentos. Porém, “quando as águas baixarem” haverá “novos desafios” para os trabalhadores. “Vamos lutar em outras frentes para garantir, primeiramente, a preservação de vidas, e também pela manutenção dos empregos e direitos”.

Confira abaixo o anúncio.

Terceirização da atividade-fim e subordinação compartilhada

Sindicalistas cobram medidas para proteger os trabalhadores no RS

Governador Eduardo Leite afirmou que o custo da reconstrução do estado será de ao menos R$ 19 bilhões. Dada a crescente fragilidade do estado, governo Lula terá papel central no pós-enchente

por André Cintra

O Rio Grande do Sul está às voltas com a tragédia mais sombria de sua história. As cheias que assolam o estado desde o final de abril já devastam a economia gaúcha, especialmente a agropecuária. Os impactos de curto e médio prazo vão da inflação à recessão, passando por desemprego e aumento da miséria.

Conforme a Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), 80% da atividade econômica no estado foi atingida. A Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul) projeta danos patrimoniais às famílias de até R$ 2,3 bilhões. Todos os números tendem a piorar nas próximas semanas.

Sérgio de Miranda, um dos líderes dos trabalhadores rurais no estado e atual secretário nacional de Finanças da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), define os prejuízos como “imensos e incalculáveis”. Como alguns rios devem demorar mais de um mês para retornar a seus níveis históricos, a volta à normalidade está distante. “Na medida em que as águas forem baixando, teremos melhores condições de avaliar os prejuízos”, afirma.

É certo, porém, que a crise foi generalizada. “A tragédia vai afetar todos os segmentos da sociedade – do grande ao pequeno e médio empresário, dos grandes, pequenos e médios agricultores. Os trabalhadores, de modo geral, sejam eles rurais ou urbanos, serão muito prejudicados, porque muitos ficarão sem emprego”, declara o sindicalista.

Ex-dirigente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) e da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), o sindicalista diz que as perdas irão além do emprego. “No caso específico da agricultura familiar, são centenas e centenas – talvez milhares – de agricultores que perderam as suas casas, perderam toda a infraestrutura e instalações, perderam animais, perderam produção.”

Os trabalhadores da indústria tampouco estão imunes a riscos. Nesta semana, viralizou um vídeo do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul (RS), Assis Melo, que denunciava manobras dos empresários locais para retirar direitos e piorar as condições de trabalho. A data-base da categoria – que está em campanha salarial – é 1º de junho.

“A solidariedade é a nossa bandeira. Mas nos estranha a atitude patronal de, mais uma vez, tentar impor aos trabalhadores mais sacrifícios”, declarou Assis no vídeo. “É uma tentativa de surrupiar direitos dos trabalhadores. Portanto, não há acordo nisso.”

A serra gaúcha foi uma das regiões mais afetadas na enchente. Desde os primeiros dias, a entidade liderada por Assis apoiou ações de solidariedade e apoio, sendo um ponto de coleta de doações.

“Várias cidades do nosso estado praticamente foram dizimadas, assim como empresas e hospitais. Com isso se perde emprego e, às vezes, se perde a perspectiva”, declarou Assis ao Vermelho. “Será uma luta de reconstrução do estado em todas as frentes. A solidariedade precisa ser continuada, em todos os cantos do nosso estado e – por que não dizer? – do nosso país, para poder restaurar o mínimo de dignidade”.

O sindicalista também preside a Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil). A seu ver, diante da iminente explosão do desemprego no Rio Grande Sul, os governos federal e estadual, articulados com as prefeituras, precisam planejar, rapidamente, “ações emergenciais”.

“São necessárias medidas de frentes de trabalho, contratos emergenciais também, para que as pessoas possam ter o mínimo de condições de continuar vivendo pelos próximos anos. Isso requer do Poder Público uma atitude bastante ousada e dedicada para buscar soluções”, afirma.

Da mesma maneira, Assis defende novos modelos de planejamento urbano, já que a tragédia foi especialmente agravada pelo descaso e pela negligência tanto de governos quanto da iniciativa privada. “É preciso repensar as cidades e as questões climáticas. Em meio a toda a tragédia, é preciso enxergar futuro e melhores condições de vida para o nosso povo.”

Sua opinião é compartilhada por Sérgio de Miranda. “A Fetag e a Contag, que representam a agricultura familiar, já estão tratando junto ao governo federal e ao governo estadual para que medidas sejam tomadas”, aponta. “Algumas já foram anunciadas, como a prorrogação do prazo de pagamento das dívidas e um plano de empréstimo emergencial.”

Segundo ele, “o grande desafio agora é reconstruir e recuperar o que foi perdido, garantir condições para aqueles que ficarem sem colheita, sem receita, sem casa. Eles precisam se manter, se sustentar”. Já os passos seguintes têm de levar em conta preocupações como a construção de casas e a recuperação de solos “que foram completamente degradados”.

Dada a crescente fragilidade do estado, o governo Lula terá papel central no pós-enchente. Embora seja uma das regiões mais ricas do País, o Rio Grande do Sul já estava prestes a colapsar antes mesmo da tragédia. A dívida do estado com a União, estimada em R$ 100 bilhões, corresponde a quase 200% de sua receita corrente líquida. A economia gaúcha é responsável por 6,5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, mas responde igualmente por 14% das dívidas estaduais com a União – o maior patamar entre todas as unidades federativas.

Na quinta-feira (9), o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) afirmou que o custo da reconstrução do estado será de ao menos R$ 19 bilhões. O setor mais atingido foi o habitacional. Além das 143 pessoas mortas, 125 desaparecidas e 806 feridas, a Defesa Civil estadual contabiliza, até este domingo (10), 537,3 mil desalojados e 81,1 mil desabrigados.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2024/05/12/sindicalistas-cobram-medidas-para-proteger-os-trabalhadores-no-rs/

Terceirização da atividade-fim e subordinação compartilhada

Marielle foi assassinada para proteger interesses da milícia, diz PGR

A Procuradoria-Geral da República (PGR), em denúncia apresentada contra os irmãos Brazão ao Supremo Tribunal Federal (STF), concluiu que o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, ocorreu para proteger os interesses econômicos da milícia. A denúncia foi apresentada na terça-feira, mas tornada pública na noite dessa quinta-feira (9), quando Alexandre de Moraes retirou o sigilo do documento.

Além da denúncia contra os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, acusados de serem os mentores do crime contra a vereadora Marielle Franco, a Polícia Federal (PF) efetuou ontem a prisão preventiva de Robson Calixto da Fonseca, assessor de Domingos Brazão, e o policial militar Ronald Alves de Paula, conhecido como major Ronald.

Segundo a PGR, o apoio da vereadora à regularização de terras para pessoas de baixa renda foi determinante para colocá-la como alvo dos irmãos, uma vez que os terrenos estavam localizados em áreas de atuação de milícias.

“Marielle se tornou, portanto, a principal opositora e o mais ativo símbolo da resistência aos interesses econômicos dos irmãos. Matá-la significava eliminar de vez o obstáculo e, ao mesmo tempo, dissuadir outros políticos do grupo de oposição a imitar-lhe a postura”, aponta a denúncia.

As investigações dos homicídios, que foram iniciadas pela Polícia Civil e atualmente também estão sendo feitas pela PF, já resultaram na prisão de sete pessoas. Os dois acusados de executarem os assassinatos, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, os acusados de planejarem o crime, os irmãos Brazão, e o delegado de Rivaldo Barbosa que, teria tentado garantir que os irmãos saíssem impunes, e agora Robson e major Ronald.

“Foi Rivaldo quem orientou a todos a não executar o crime em trajeto que partisse ou seguisse para a Câmara Municipal, para dissimular a motivação política do crime”, acrescenta a PGR sobre a participação do delegado no crime

O deputado Chiquinho Brazão está preso na Penitenciária de Campo Grande desde 24 de março, por determinação do Supremo. No último mês, a Câmara dos Deputados votou pela manutenção da prisão preventiva do parlamentar. O placar ficou em 277 votos favoráveis, 129 contrários e 28 abstenções. O mínimo para manter a prisão preventiva eram 257 votos.

O Conselho de Ética da Casa também instaurou processo de cassação contra o parlamentar. A relatoria do caso será da deputada Jack Rocha (PT-ES). Os deputados votam no colegiado, mas a decisão final pela cassação acontece no plenário.

Com informações da Agência Brasil

AUTORIA

Pedro Sales

PEDRO SALES Jornalista em formação pela Universidade de Brasília (UnB). Integrou a equipe de comunicação interna do Ministério dos Transportes.

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