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Lula

Há 30 anos, o atual presidente da República comandou a greve mais importante da história brasileira. Mesmo sob repressão da ditadura militar, 80% dos 200 mil metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema cruzaram os braços por 41 dias. O feito consolidou o PT e a CUT.

Lech Walesa

Também em 1980, o polonês fundador do Sindicato Solidariedade conduziu mais de 50 mil grevistas no estaleiro de Gdansk contra as políticas trabalhistas do comunismo. Assim como Lula, também foi preso e eleito presidente, em 1990. Não conseguiu voltar ao poder nas eleições de 1995 e 2000.

Luiz Antonio de Medeiros

Foi o anti-Lula do sindicalismo dos anos 1980. Em 1991 fundou a Força Sindical, em oposição à CUT. De comunista e exilado no anos 1970, elegeu-se deputado federal pelo PFL (atual DEM) em 1998. Em 2007, aderiu ao governo Lula.

Paulinho da Força

Sucessor de Medeiros na Força Sindical, foi candidato a presidente em 2002 na chapa de Ciro Gomes. Está no primeiro mandato como deputado federal.

Vicentinho

Foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema e, depois, assumiu a CUT. Está no segundo mandato como deputado federal pelo PT.

Entrevista
José Pastore, sociólogo da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em economia do trabalho

Qual deve ser o limite entre sindicalismo e política?

O limite, em geral, é dado pela prática. Se avaliarmos todo o mundo desenvolvido, políticos e sindicalistas só andam juntos antes das eleições.

Depois é cada um para o seu lado. O candidato que vence e é apoiado pelos trabalhadores logo começa a cobrar moderação por parte dos sindicatos, que não esquecem o seu papel. Isso gera um processo de afastamento, que chega a um inevitável divórcio. Já nos países mais pobres, especialmente na América Latina, o governante é tentado a cooptar os sindicatos o tempo todo. Aí, ele pede moderação e eles simplesmente obedecem, sem contestar.

Como é essa cooptação?

Ela é feita com cargos, dinheiro e poder. Há, por exemplo, vários projetos em tramitação no Brasil para ampliar ainda mais o imposto sindical ou para dar mais atribuições aos sindicatos. Além disso, o governo Lula alocou muitos e muitos sindicalistas no conselho das empresas estatais e em cargos executivos.

Os sindicatos saem mais fortes do governo Lula?

Em muitas áreas, eles estão mais fortes. Eles têm muito mais recursos para mobilização, estão mais equipados, contam com um pessoal mais preparado. São bem mais capazes para sentar nas mesas de negociação e apresentar argumentos fortes. Em relação à antiga atitude contestadora, de luta, eles saem mais fracos. Há um espírito de moderação.

O apoio quase integral das centrais a Dilma é bom para as entidades trabalhistas?

Se ela ganhar, o modelo atual vai se repetir ou até ser radicalizado. O Brasil é tentado a seguir o caminho do peronismo sindical praticado na Argentina. Lá, as benesses oferecidas foram tão grandes que o país se transformou em uma república de sindicalistas.

Qual é o futuro do sindicalismo no Brasil?

No curto prazo, depende de quem vencer a eleição. No caso da Dilma, vai continuar o modelo atual, muito aparelhamento do Estado, onde a carteirinha do sindicato vale mais do que o mérito.

Tenho impressão de que o Serra valorizaria mais o mérito. Mas o indiscutível é que ele, caso vença, terá uma duríssima oposição sindical pela frente. (AG)