SindusCon reclama de falta de mão de obra, de terrenos centrais e de financiamento de longo prazo
Crescimento foi de 11% neste ano, o maior desde 1986; analistas veem esgotamento de estrutura do país
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
“Exuberante.” Assim a indústria da construção civil classificou o crescimento de 11% neste ano. A marca se tornou o 6º maior crescimento do PIB setorial desde o “milagre” econômico brasileiro e desde 1986, quando o Brasil vivia sob a influência do Plano Cruzado.
Mas o melhor ano da construção civil na era Lula vai perder fôlego em 2011. O SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de SP) estima que o PIB da construção crescerá 6%. ” Não se pode dizer que é um crescimento ruim, afinal a base de 2010 é alta. Mas o crescimento volta a um dígito”, diz Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da Fundação Getulio Vargas.
Mas a preocupação do setor nem é essa. A queda do crescimento também se dará pelo esgotamento da estrutura do país, avalia o SindusCon. O setor diz que 2011 terá de ser “divisor de águas”. ” Em 2010 põe fim a um ciclo de expansão do setor que usou mais e melhor o que existia. Esse modelo de crescimento lastreado na estrutura atual está no limite”, diz Eduardo Zaidan, diretor de Economia do SindusCon-SP. Segundo ele, ou o país encontra outro patamar em 2011 ou recua depois.
SOLUÇÕES
A indústria da construção civil, cujo PIB atingirá R$ 152,4 bilhões em 2010, indica cinco temas para manter o crescimento:
1) Manter os programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida;
2) criar novas fontes de financiamento de longo prazo;
3) aumentar investimentos em inovação para ganhos de produtividade;
4) reduzir os custos de terrenos nas regiões metropolitanas; e
5) atacar o deficit de mão de obra qualificada.
Assegurar o dinamismo da construção civil significa manter 40% do investimento brasileiro ou sustentar um setor que gerou 300 mil empregos com carteira assinada neste ano. Em 2010, a construção civil atingirá a marca inédita de 2,8 milhões de empregos formais.
MÃO DE OBRA
do governo um plano nacional para formação maciça de mão de obra qualificada. Por enquanto, boa parte da formação ocorre de forma precárias nos canteiros.
” A formação hoje é feita no canteiro de obra, com um sujeito imitando o outro. Um país que quer crescer 6%, 7% não pode depender de um método medieval como esse para formação de pessoas”, diz Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP.
Fonte: Folha de S. Paulo