NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Brasileiro nunca destinou parcela do orçamento pessoal tão grande para pagar dívidas, mas medidas recentes pretendem estimular gastos

 

Reversão

Veja as principais mudanças nas medidas macroprudenciais:
• Para o financiamento de veículos, foi extinta a restrição a empréstimos de até 60 meses sem entrada – só foi mantida a limitação para financiamentos acima desse prazo.
• Será mantido o porcentual mínimo de pagamento das faturas de cartão de crédito em 15% (seria elevado para 20% a partir de dezembro).
• Foram reduzidas as exigências que encareciam o crédito consignado e crédito pessoal com prazo entre 36 e 60 meses, mas as exigências para operações acima desse prazo ficaram ainda mais apertadas.
 
O aumento do custo de vida e o endividamento das famílias, que atingiu o nível mais alto da história, vão pressionar o consumo no fim do ano e no início de 2012. Apesar das medidas para estimular o crédito e o corte nos juros, o consumidor já começa a pensar duas vezes na hora de comprar.
 
Segundo dados do Banco Central, as famílias brasileiras estão comprometendo 42% da sua renda total de um ano com dívidas tomadas junto a instituições financeiras e estabelecimentos comerciais. O número nunca foi tão alto. Desde a crise de 2008, quando o governo tomou uma série de medidas de estímulo para a reanimar a economia, a dívida total dos brasileiros em todas as modalidades saltou 80% – para R$ 715,2 bilhões –, mas a massa salarial avançou menos: 33%. “Essa diferença [entre o rendimento e a dívida] estava sendo coberta pelo crédito”, lembra o economista Luciano D’Agostini, sócio da consultoria Inva Capital.
 
Com receio de um recuo mais expressivo da demanda do consumidor nos próximos meses por causa da crise internacional, o governo promoveu, além de cortes na taxa de juros, a flexibilização de medidas macroprudenciais adotadas no fim do ano passado (leia mais nesta página). O objetivo é evitar que a economia esfrie demais no mercado interno, justamente o responsável por segurar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O consumo deve seguir pressionado, segundo Marianne Hanson, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), até o fim do primeiro semestre de 2012, efeito também de um ritmo mais fraco de geração de novos empregos.
 
Natal

A CNC estima que as vendas do comércio vão fechar 2011 com alta de 6%, depois de um avanço de 11% no ano passado. “Para o Natal, as condições já estão dadas. Mesmo com os incentivos mais recentes do governo sobre o crédito, eles não terão influência nas vendas de fim de ano, que deverão crescer 5,6%”, prevê Marianne.
 
Para Thais Marzola Zara, economista chefe da Rosenberg Consultores Associados, o alto endividamento limita a capacidade de consumo da nova classe média e da classe média tradicional, que também tem sua confiança afetada pelo ambiente externo adverso. “Esse novo cenário deve influenciar as vendas neste Natal, que deve ainda deve ser bom, mas com menor ticket médio que no ano passado”, diz ela. A última pesquisa da Associação Comercial do Paraná (ACP), feita em outubro, revela que o otimismo do comércio está diminuindo. Em setembro, estimava-se alta nas vendas de 14% para o fim de ano, mas agora se fala em 8%.
 
Com a inflação rodando acima do teto da meta, tem sobrado menos para gastar. Em setembro, o rendimento real da população ocupada medido pelo IBGE teve a primeira queda desde abril deste ano, e em outubro recuou na comparação anual. Segundo Luciano D’Agostini, a taxa de crescimento do rendimento médio real apresenta trajetória negativa e decrescente desde setembro de 2010 e deve se manter dessa forma, com leve melhora, nos próximos meses. “Esse vai ser um limitador que influenciará o varejo, cuja taxa de crescimento das vendas reais também está desacelerando”, afirma.