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Em 2010, os 494 mil empreendimentos de pequeno porte do estado empregavam quase 60% do total de ocupados do estado, segundo pesquisa do Sebrae e do Dieese.

O Paraná é o quarto estado do país e o primeiro da Região Sul em número de empregados em micro e pequenas empresas. Em 2010, os 494 mil pequenos empreendimentos paranaenses empregavam 1,11 milhão de pessoas – quase 60% do total de 1,9 milhão de pessoas ocupadas no estado –, com destaque para o setor de comércio, que sozinho tinha 456 mil funcionários. Os dados fazem parte do 4.º Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, divulgado ontem pelo Sebrae e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
 
Depois do comércio, os setores que mais empregam entre as micro e pequenas empresas do estado são indústria (305 mil pessoas ao fim de 2010), serviços (270 mil) e construção civil (80 mil).
 
Patrões
País tem 23 milhões de pequenos empreendedores
 
Entre 2001 e 2009, 2,7 milhões de brasileiros se tornaram donos de suas próprias micro e pequenas empresas. Com isso, o número de micro e pequenos empresários passou de 20,2 milhões para 22,9 milhões em todo o país. Desse total, quase 19 milhões são autônomos que conduzem o próprio negócio sem empregados e 3,9 milhões são empresários que empregam trabalhadores. Juntos, eles representam 22,7% da população economicamente ativa.
 
O número de estabelecimentos também cresceu. Em 2000, havia no país 4,2 milhões de pequenas empresas e em 2010 eram 6,1 milhões – o que corresponde a um crescimento médio anual de 5,5%. Além disso, a remuneração média dos empregados formais de todo o país cresceu 1,4% ao ano, passando de R$ 961 para R$ 1.099. O crescimento ficou acima do aumento da renda média total dos trabalhadores (0,9% ao ano) e do reajuste obtido por profissionais de médias e grandes empresas (0,4% ao ano).
Glossário
 
Veja os parâmetros que definem o tamanho de uma empresa:
– Microempresa : estabelecimento com até 19 pessoas ocupadas, nos setores de indústria e construção, ou até nove funcionários, no comércio e serviços.
– Pequena empresa: empreendimento de 20 a 99 funcionários, na indústria e construção, e de 10 a 49 pessoas ocupadas no comércio e serviços.
– Média empresa: estabelecimento de 100 a 499 funcionários, na indústria e construção, e entre 50 e 99 trabalhadores no comércio e serviços.
– Grande empresa: empreendimento com mais de 500 pessoas ocupadas, na indústria e construção, e mais de 100 funcionários no comércio e serviços.
 
Para o diretor-superintendente do Sebrae-PR, Allan Marcelo de Campos Costa, os dados reforçam a importância desses empreendimentos para a economia paranaense. “Os números evidenciam o peso das micro e pequenas empresas na economia local. Um dado interessante é que o Paraná tem menos estabelecimentos que o Rio Grande do Sul e, mesmo assim, emprega mais pessoas. Há uma concentração saudável no estado, em que os empresários estão conseguindo gerar outro emprego, além do próprio”, diz Costa.
 
Metro quadrado
A empresária Cristina Lopes Miara, dona da panificadora Brioche, em Curitiba, já ultrapassou o limite do autoemprego há um bom tempo. Ela e seu marido e sócio, Jefferson Miara, empregam 38 funcionários. Ano que vem, com a inauguração de uma nova unidade, outros 38 profissionais devem ser contratados.
“Se fizermos um comparativo, uma panificadora gera mais empregos por metro quadrado que uma indústria, por exemplo. Aqui, a pessoa entra em seu primeiro emprego, faz cursos e se torna um profissional. Com isso, vemos uma melhor distribuição da renda entre nossos funcionários”, salienta Cristina.
O diretor do Dieese, Clemente Ganz Lucio, diz que as indústrias do Sul do Brasil estão concentradas nos pequenos estabelecimentos, uma característica própria da região. “O sucesso das micro e pequenas passa por investimentos em educação, para ampliar a produtividade e o rendimento”, diz.

Contra a crise
A força das micro e pequenas empresas pode ajudar o país a passar melhor pela crise mundial, mesmo que ela se agrave. A opinião é do presidente nacional do Sebrae, Luiz Barretto. Segundo ele, como os pequenos estabelecimentos são focados no mercado consumidor interno, eles podem continuar a abrir postos de emprego, diferentemente de grandes empresas, em especial exportadoras, que tendem a cortar vagas. “Em 2008 e 2009 as micro e pequenas empresas ajudaram o Brasil a continuar gerando emprego e renda. Estas empresas sobrevivem mesmo com uma crise mais forte na Europa”, avalia Barreto.

Salário é 32% inferior ao pago por companhias maiores
A remuneração média dos empregados em micro e pequenas em­­presas paranaenses vem crescendo, mas ainda está longe dos valores pagos nas médias e grandes. Em 2010, a média salarial nos me­­nores estabelecimentos foi de R$ 1.089, 32% abaixo do valor mé­­dio pago pelos maiores, de R$ 1.594.
Os melhores salários entre as micro e pequenas empresas estão no setor da indústria (R$ 1.131), seguido de construção civil (R$ 1.152), serviços (R$ 1.077) e comércio (R$ 1.059). O salário médio dos paranaenses que trabalham em micro e pequenas empresas é ligeiramente menor que o da média nacional (R$ 1.099).
O diretor-superintendente do Sebrae-PR, Allan Marcelo de Cam­pos Costa, não considera o número negativo porque, segundo ele, a média reflete o fato de os empregos serem melhor distribuídos no estado, e no restante do país estarem concentrados no autoemprego. “A renda um pouco menor traduz o fato de que o autoemprego faz a remuneração se concentrar no próprio empresário, en­­quanto o que vemos no Paraná é que o rendimento é distribuído para um ou mais funcionários”, explica.

Interior
O Paraná apresenta um índice superior ao nacional de interiorização das micro e pequenas empresas. A média brasileira de concentração de empregos é de 65,4% no interior e 34,6% nas capitais, enquanto o interior paranaense gera 76,5% dos postos de trabalho criados no estado e Curitiba, 23,5% – o estudo considera como interior todas as cidades do estado, exceto a capital.
“O Paraná tem conseguindo descentralizar os empregos das micro e pequenas empresas. É uma questão cultural, temos um interior forte, baseado em agronegócio e cooperativas. Cidades com mais emprego e renda geram a demanda para que novos negócios sejam abertos, principalmente nos setores de comércio e serviços”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae-PR.