NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Um estudo feito por dois pesquisadores alemães e pelo professor José Pastore, da USP, analisou o que aconteceu com algumas indústrias durante a crise de 2008. A principal lição: as empresas que conseguiram negociar com os sindicatos se deram bem.

Quando vem a crise, o horizonte muda. “Nós estávamos preparados para produzir para um mercado aquecido e o mercado tombou de uma hora para outra esse era o problema que a gente se deparou na época”, fala a diretora de recursos humanos da Renault, Ana Paula Camargo.

É um cabo de guerra: patrões pensam em cortes para sobreviver. Sindicatos querem manter os empregos. Mas um estudo mostra que, nessa hora, o melhor é quando empresa e sindicato puxam a corda para o mesmo lado.

Uma montadora de veículos, sediada no Paraná, começou uma negociação com o sindicato para evitar a demissão em massa na crise de 2008. Na época, o consultor em recursos humanos, Diogo Clemente, participou das conversas.

“Despedir empregado no Brasil tem um custo bastante expressivo. Se o mercado recuperasse e a empresa tivesse que trazer o empregado de volta, ela teria outro custo, custo de recrutamento, de treinamento, adaptação, esses dois custos, eles eram também bastante relevantes”.

Montadora e sindicato entraram em acordo. Em janeiro de 2009, o contrato de trabalho de mil empregados foi suspenso, por cinco meses, e a montadora conseguiu diminuir as despesas. Passado o pior da crise, as vendas melhoraram. E, três meses depois, a empresa começou a chamar os funcionários de volta.

“O que se nota é que as empresas que negociaram, elas preservaram quase todo o seu quadro e se não tivesse negociado, ela teria dispensando 20 ou 30% do seu quadro no mínimo”, fala o professor da Fea-USP, José Pastore.

O estudo também mostra casos em que não houve negociação. Uma multinacional instalada no Sudeste teve que parar grande parte da produção. A empresa tentou usar o banco de horas para que os funcionários pagassem, no futuro, as horas que deixariam de trabalhar. O sindicato não aceitou. A fábrica falou então em suspender temporariamente os contratos de trabalho. De novo, o sindicato não quis. Resultado: férias coletivas e cerca de cinco mil demissões.

Só que as conclusões do estudo desafiam um pouco a natureza do sindicalismo. Sindicato que apoia proposta de empresa costuma ser chamado de ‘pelego’. Sindicato visto como atuante, normalmente, é aquele que briga.

“Esse tipo de sindicalismo que não enfrenta os problemas, que não negocia, também não serve para os trabalhadores, que fazem o uso de ‘quanto pior melhor’, invariavelmente é sempre em prejuízo dos trabalhadores que é a corda mais fraca dessa relação capital-trabalho”.