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Passada a etapa de euforia do mercado imobiliário – marcada pela compra desenfreada de imóveis na planta nos últimos três anos,  principalmente em Curitiba –, o que se espera é uma fase de equilíbrio daqui em diante. Acabou a correria por imóveis ainda na planta, vendas de empreendimentos inteiros encerradas em apenas um mês e revendas de unidades com margem de lucro antes mesmo de o empreendimento estar pronto para morar.

Com isso, os chamados “atravessadores” – pessoas que aproveitaram a maré de bons negócios devido a facilidades de crédito e aposta de valorização – começam a abandonar o barco e deixar de arriscar. Ficam os chamados “investidores constantes”, que veem o mercado de imóveis como um investimento seguro, independentemente de faturamento, com objetivo de ganhos no médio e longo prazos.

O empresário Hamilton Franck, presidente da H. Franck Construção Civil, revela que 10% das vendas são para compradores com o perfil de “atravessador”. “Condeno o incentivo a esse tipo de venda. Cabe à empresa filtrar, fazer análise de cadastro do cliente. Se não conseguir revender até a obra ficar pronta, esse comprador terá de honrar com as parcelas”, afirma Franck.

Estimativas

Levantamentos relacionados ao mercado imobiliário demonstram que o número de investidores em imóveis oscila em uma faixa de 5% a 10% do total de consumidores, de acordo o especialista no setor Marcos Kahtalian, da consultoria Brain. Especi­­ficamente entre aqueles que investem principalmente em apartamentos de um dormitório e sala comercial, a estimativa é de um índice de até 50%. “A pessoa que investe para ganhar no curto prazo está equivocada. O imóvel deve ser procurado como um investimento seguro, menos rentável, em tese”, diz Kahtalian.

Profissão: investidor

Quando ainda nem se imaginavam os “anos dourados” do mercado imobiliário, o administrador de empresas aposentado Carlos Quandt, 62 anos, apostava nele como uma fonte segura de renda. Em 2002, pouco depois do ajuste de mercado de papéis de renda fixa do governo federal, o que o fez perder o equivalente a um carro popular zero quilômetro, Quandt passou a dedicar suas finanças aos imóveis. “Em imóvel ninguém mexe nem confisca, e não fico sujeito a dor de barriga de banco”, afirma.

Se no últimos três anos, perío­­do da grande euforia, tivesse continuado a aplicar em papéis do governo, ele estima um ganho de cerca de 7% acima da inflação, contra um índice de 150% com os imóveis. “Com a acalmada no mercado, é a inflação e mais 20%”, diz. O último investimento de Quandt foi em duas unidades, durante a 20.ª Feira de Imóveis do Paraná, que termina hoje. O aposentado não revela quantos imóveis acumulou até hoje, apenas que investe à vista em apartamentos de dois quartos e duas vagas de garagem. “Atinjo um público maior, de solteiro a casal com até dois filhos”, explica. Os imóveis que ele compra são, geralmente, na região do bairro Água Verde, mobiliados e com face norte.