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Segundo Dieese, inflação mais alta tende a achatar os reajustes. Índices melhores ficarão para 2012

Os ganhos reais dos trabalhadores nas negociações salariais deste ano devem ser menores do que em 2010, apesar da continuidade do crescimento econômico, em ritmo mais baixo do que no ano passado, e do mercado de trabalho ainda aquecido. A inflação maior deve achatar os ganhos, avaliam líderes sindicais de diversos setores e regiões do país, tendo como base os acordos fechados nos primeiros meses deste ano, que obtiveram ganhos reais bem mais modestos. Categorias mais fortes, porém, podem ter um desempenho melhor.

“O ano de 2011 deve ficar ‘prensado’ entre o de 2010, que foi muito bom para os trabalhadores, e o de 2012, que também deve ser muito bom sob o ponto de vista das negociações”, afirma o coordenador de relações sindicais do Departamento Inter­sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado, que acredita que apenas em 2012 as categorias devem retomar os níveis de aumento real obtidos no ano passado. Ele disse que a inflação é uma variável determinante sobre os porcentuais de ganhos reais dos trabalhadores. “Histori­camente, quanto maior a inflação, menor tende a ser o ganho real.”

Para as categorias com data base em janeiro, os ganhos reais apurados foram mais baixos, segundo o Dieese. Os trabalhadores da indústria de bebidas do Rio de Janeiro, por exemplo, conquistaram um reajuste de 7,43%, com ganho real de 0,9%. Em Manaus, a área de construção civil e instalações hidráulicas e elétrica teve aumento de 8%, com ganho real de 1,44%, e a indústria plástica, de 6,47%, sem ganho real. No Paraná, os trabalhadores da indústria gráfica obtiveram aumento de 8%, com ganho real de 1,44%, e a área de serviços de asseio e conservação teve um reajuste de 7,7%, com ganho real de 1,22%.

Com data-base em fevereiro, os trabalhadores da indústria calçadista da cidade de Franca (SP) obtiveram aumento de 8,5%. Com data-base em março, os trabalhadores da indústria de bebidas do Estado de São Paulo conquistaram um reajuste de 7,4%, com 1% de aumento real. Os frentistas do Estado de São Paulo conseguiram um aumento de 9%, com ganho real de 2,71%. Os trabalhadores da indústria química de Guaíra (SP) conquistaram reajuste de 10%.

A amostra demonstra que os ganhos reais neste ano estão sendo bem mais modestos do que em 2010, quando o balanço das negociações salariais acompanhadas mostrou que 88,7% de um total de 700 categorias obtiveram aumento real acima do INPC, o melhor resultado de toda a série, iniciada em 1996. Embora a maioria (73,6%) tenha conquistado ganhos reais entre 0,01% e 3% acima do INPC, outros 15,1% das categorias obtiveram ganhos reais acima de 3%.

Mais fortes querem manter conquistas

Algumas das categorias de trabalhadores mais organizadas, como bancários, metalúrgicos e petroleiros, têm data-base no terceiro trimestre, justamente quando a inflação acumulada em 12 meses poderá superar o teto da meta, de 6,5%. Apesar disso, o objetivo é, ao menos, manter os ganhos reais de 2010. No ano passado, os bancários obtiveram um reajuste de 7,5%, com aumento real de 3,08%. Os metalúrgicos das montadoras da região do ABC conseguiram um aumento de 10,8%, com ganho real de 6,26%. Os petroleiros, além da reposição da inflação pelo IPCA, conquistaram reajustes entre 2,5% e 3,6%.

Os representantes dessas categorias, porém, argumentam que, se o cenário macroeconômico não é tão favorável como no ano passado, os setores, por outro lado, continuam em boa fase. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, afirma que os ganhos de produtividade das montadoras permanecem elevados. “Embora o governo tenha adotado medidas para restringir o crédito, nada impede que as negociações deste ano sejam melhores que as do ano passado. Não sei a que porcentual chegaremos, mas que teremos aumento real, isso teremos.”

De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Finan-ceiro (Contraf), Carlos Cordeiro, não há motivos para a categoria obter um reajuste menor neste ano. “Os lucros dos bancos continuam batendo recordes. A arrecadação apenas com tarifas supera o gasto que as instituições têm com folha de pagamento.”

Fonte: Gazeta do Povo