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A fábrica será instalada em Ponta Grossa e vai custar aproximadamente R$ 300 milhões. A Secretaria da Fazenda não revelou se atendeu ao pedido da empresa, que queria redução de tributos

Ponta Grossa – Um ano e meio após o início das negociações, a Ambev e a Secretaria de Estado da Fazen­da fecharam ontem acordo para a instalação de uma fábrica da companhia em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A informação foi divulgada pelo governo estadual, que, no entanto, só dará detalhes sobre a negociação no dia da assinatura do protocolo. Ela depende do retorno do governador Beto Richa, que está em férias.

A Ambev não confirmou a negociação e disse que a empresa só vai se manifestar após o protocolo. Mas, segundo a prefeitura de Ponta Grossa, quatro terrenos já estão sendo analisados pela companhia, que precisará de uma área de 1,5 milhão de metros quadrados. A fábrica – que deve custar em torno de R$ 300 milhões e gerar 500 empregos diretos e 2,5 mil indiretos – vai atender aos mercados do Paraná, parte de São Paulo e Mercosul. A Ambev já tem duas fábricas no Paraná – uma em Curitiba e outra em Almirante Tamandaré.

Tributos

A Ambev pedia a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para abrir uma nova planta no estado. A alíquota paranaense é de 29%, superior à cobrada em São Paulo (27%) e em Santa Catarina (18%). A Secretaria de Fazenda não confirmou se aceitou ou não reduzir o tributo, mas, segundo o deputado estadual Plauto Miró Guima­rães Filho (DEM), que participou do encontro, sinalizou para um desfecho positivo. “Eles chegaram, enfim, a um denominador comum, que beneficia a indústria e que não prejudica o estado”, comentou.

Fornecedores

“Para nós, isso representa o aumento no número de empregos e de arrecadação para o município”, comemorou o prefeito de Ponta Grossa, Pedro Wosgrau Filho. O secretário municipal de Indústria, Comér­cio e Qualificação Profissional, João Luiz Kovaleski, cita que o município tem infraestrutura, com oferta de matéria-prima.

A região fica relativamente próxima da Agromalte, localizada no distrito de Entre Rios, em Guarapuava (Centro-Sul do estado). A fábrica é a maior maltaria do país e uma das fornecedoras da Ambev (veja texto nesta página). Além disso, entrou em funcionamento neste ano a fábrica de latas de alumínio da Crown, com capacidade para 2 bilhões de latas por ano.

A Ambev fabrica cerveja (é dona de marcas como Skol, Brahma e Antarctica) e refrigerantes (Guaraná Antarctica, Pepsi e H2OH, entre outros). Na linha de cervejas, ela domina cerca de 70% do mercado nacional. Segundo a prefeitura de Ponta Grossa, a tendência é de que a fábrica do município seja de cervejas.

Heineken

A Ambev fará companhia à concorrente Heineken, que fabrica Kaiser, Bavária e Sol, entre outras marcas. A fábrica foi instalada em Ponta Grossa em 1997 e passou pela última grande expansão em 2000. A prefeitura revela que uma nova ampliação projetada pela unidade custaria R$ 60 milhões. Porém, o diretor de relações corporativas da Heineken, Paulo Macedo, se restringe em falar que “há possibilidade” de ampliação. “Temos localização, capacidade técnica dos funcionários e potencial de mercado”, adianta. O grupo teve 14% de acréscimo nas vendas no ano passado, enquanto que o crescimento do mercado foi de 10%.

Schincariol e Petrópolis

Outras duas companhias interessadas no Paraná são a Schincariol e o grupo Petrópolis, que fabrica a Itaipava. Nenhuma delas tem fábrica no estado. A Schincariol reuniu-se no início do ano com a prefeitura de Guarapuava, quando foi revelado que a fábrica custaria cerca de R$ 200 milhões. O grupo Petrópolis, por sua vez, não divulgou investimentos, mas já se reuniu neste ano com o governo do estado. O gerente de marketing do grupo, Douglas Costa, diz que a empresa “está atenta ao mercado e suas oportunidades”, e “observa todas as possibilidades de crescer e ampliar seus negócios”.

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Para atrair cervejarias, Guarapuava oferece malte em abundância

O malte – grão germinado de cereal – fabricado na Agromalte abastece as principais cervejarias e destilarias do país. A empresa, que pertence à Cooperativa Agrária Agroindustrial, de Guarapuava, produz aproximadamente 220 mil toneladas por ano e atende a 25% do mercado nacional.

A existência da maltaria na região é um dos argumentos da prefeitura de Guarapuava para atrair cervejarias. “Temos a maior maltaria do país, estamos numa posição central, bem localizada, que favorece o transporte para outras regiões, e muita mão de obra”, defende o secretário municipal de Indústria e Comércio de Guarapuava, Mauro Claudio Temoscho. Os concorrentes da Agromalte ficam em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

Segundo Temoscho, o grupo Schincariol está interessado no município, mas a instalação de uma fábrica da empresa depende de outros benefícios oferecidos pelo estado, como a redução do ICMS – algo que foi pleiteado também pela Ambev.

A Schincariol, que tem 13 fábricas no país, não confirma a instalação em Guarapuava, mas também não descarta a possibilidade. Disse em nota que, por questão estratégica, “prefere não entrar em detalhes sobre eventuais estágios de negociação em localidades específicas”.

A região de Guarapuava produz cevada em abundância para o processamento do malte. O coordenador de marketing da Agrária, Jeferson Caus, conta que o mercado está aquecido, apesar de o Brasil ainda importar cerca de 60% do malte consumido no país. Há dois anos, a maltaria investiu R$ 164 milhões para expandir em cerca de 60% a capacidade da fábrica. (MGS)

Fonte: Gazeta do Povo