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PERSPECTIVAS
Sondagem da Fiep mostra que 77% dos empresários têm expectativas favoráveis. O índice caiu pelo segundo ano consecutivo
 
A indústria paranaense vê com reservas os resultados que suas atividades podem ter no próximo ano. De acordo com um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o quadro que se vê é de um otimismo com cautelas, semelhante ao que outros representantes da iniciativa privada vêm apontando para o período.
Segundo os indicadores da Fiep, 76,9% dos industriais locais têm expectativas favoráveis para o próximo ano – número que, segundo o presidente da organização, Edson Campagnolo, não é alto para o setor e representa um “bom humor relativo”. A sondagem consultou 425 empresas, de todos os portes e regiões do estado, que empregam 106 mil pessoas– 20% dos trabalhadores do setor.
 
64% dos empresários temem desaquecimento
 
Boa parte do empresariado brasileiro tem expectativas positivas quanto às operações de suas empresas e o cenário econômico para 2012. Mas os números levantados por alguns representantes do setor revelam que os empresários estão com uma espécie de “confiança desconfiada”. Segun­do uma dessas sondagens, mais da metade dos homens de negócios cita uma possível desaceleração da economia brasileira como sua maior preocupação em relação ao próximo ano.
 
Do lado do otimismo, as pesquisas apontam que o bom mo­­mento brasileiro pode resultar em investimentos na operação das companhias, em estratégias comerciais e também em contratações. No entanto, chama atenção a possibilidade de desaceleração do país, influenciada por fatores como a crise europeia.
 
Segundo um levantamento feito pela consultoria de recursos humanos Michael Page junto a empresas instaladas no Brasil, 45,9% dos entrevistados acreditam que 2012 deve trazer um crescimento mais vigoroso do produto interno bruto (PIB) brasileiro em comparação com o de 2011.
 
Em outra pesquisa, feita pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), a expectativa de um crescimento ainda maior do PIB é dividida por 44% dos empresários, enquanto a inflação mais controlada é esperada por 50% deles. Entretanto, o desaquecimento da economia nacional é a maior preocupação de 64% dos empresários.
O diretor executivo do grupo Battistella, Marcos Perillo, concorda com parte das perspectivas. Mas se coloca como otimista. Segundo ele, mesmo diante de possíveis adversidades internacionais, o Brasil continua inserido em um “cenário privilegiado” – possibilitado, entre outras coisas, pela “economia bem estabelecida, madura e pouco alavancada”.
 
“É difícil prever alguns resultados pontuais, mas o Brasil tem boa segurança para fazer um bom 2012. Dependendo dos rumos da crise europeia, isso pode acontecer de forma mais tranquila ou mais turbulenta. Mas ainda assim o país exibe condições de crescer”, diz Perillo.
 
“O humor do industrial caiu, motivado em parte pelas notícias que vêm de fora. Ainda há certas expectativas positivas, claro, mas tudo com muito cautela.”
Edson Campagnolo, presidente da Fiep
O porcentual de expectativas favoráveis caiu pelo segundo ano seguido –ele era de 87,8% para 2010 e de 86,4% para 2011. “O humor do industrial caiu, motivado em parte pelas notícias que vêm de fora. Ainda há certas expectativas positivas, claro, mas tudo com muito cautela, muita responsabilidade”, afirmou Campagnolo.
O levantamento apontou que, entre as indústrias que veem 2012 com otimismo, boa parte delas considera a possibilidade de novos investimentos (apontada por 40,6% das entrevistadas), número que supera a previsão de aumento nas vendas (citada por 39% das companhias).
A maior parte dos investimentos deve ser voltada à atividade produtiva das empresas. Ela é contemplada pelos cinco principais destinos dos aportes apontados pelas companhias. A produtividade, lembrada por 48% das indústrias, e a modernização tecnológica, citada por 46,8%, lideraram a lista. A busca por novas tecnologias, com 13,4%, e o marketing, com 13,9%, ficaram entre os que menos devem receber verbas em 2012.
Outro desafio apontado pela Fiep está nas exportações de manufaturados de maior valor agregado. Segundo o coordenador do Departamento de Economia da organização, Maurílio Schmitt, este é o setor que deve atravessar o ano com mais dificuldades.
A queda da participação relativa desses produtos no total exportado pelo Paraná e o forte crescimento das importações de mercadorias do mesmo tipo colaboraram para o déficit comercial de US$ 1,2 bilhão acumulado pelo estado de janeiro a novembro deste ano. Segundo Schmitt, com a expectativa de manutenção do cenário de exportações do estado, 2012 pode ser mais um ano de saldo negativo na balança comercial paranaense.
Quase 70% das empresas vão contratar
Segundo uma outra sondagem, produzida pela consultoria de recursos humanos Michael Page, 69,9% das empresas pretendem aumentar o seu quadro de funcionários em 2012. “As empresas estão apostando em margens maiores e riscos menores. Assim, devem focar na eficiência de suas operações e das vendas, reduzindo custos e aumentando a eficiência da operação”, diz Leandro Muniz, gerente regional da Michael Page no Paraná.
De acordo com o levantamento, 63% das companhias devem elevar o volume de investimentos no ano que vem. A grande aposta das empresas se encontra na melhoria de suas operações, pensando principalmente no aumento da produtividade.
Outro estudo reforça a importâncias que as vendas terão em 2012. Em levantamento feito pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), 70% das empresas ouvidas afirmam que seu foco de investimentos estará nas estratégias comerciais. Outro alvo im­­portante é o marketing, lembrado por 52% das companhias.
Os dois pontos se encaixam nos planos da paranaense Ibema, fabricante de papel cartão. De acordo com o gerente financeiro da companhia, Evaristo Bicalho, a expectativa é de aumentar o volume de vendas em cerca de 13% sobre 2011, devendo atingir a comercialização de 92 mil toneladas.
“Estamos fortalecendo muito nosso departamento comercial, incentivando o trabalho e também dando uma base muito sólida de estatísticas para a equipe. E tudo isso deverá mostrar bons resultados já em 2012”, afirma Bicalho.
Ele conta que neste ano a empresa deu prioridade ao corte de custos e que, por isso, o aumento de vendas esperado para 2012 deve ser ainda mais bem recebido.
No ano que vem, a empresa também lança um novo posicionamento de marketing, ancorado no conceito da marca trabalhando pelo cliente.