NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Ministério do Trabalho vai adiantar dados da Rais para inflar os números e chegar ao objetivo prometido por Carlos Lupi em abril

Brasília – O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, usará uma manobra estatística para entregar a meta de geração de 2,5 milhões de empregos de carteira assinada em 2010 à nova pre­­sidente Dilma Rousseff. Os dados serão divulgados oficialmente na próxima semana, mas o ministro adiantou ontem, durante o programa de rádio Bom Dia, Minis­tro, que o volume de novos empregos formais ultrapassou a marca de 2,550 milhões. Para inflar os números, ele usará informações que só costumam ser atualizadas pelas empresas no início do ano, mas que extraordinariamente foram compiladas antecipadamente no último trimestre de 2010.

A quantidade de vagas criadas no ano passado que Lupi promete apresentar chamou a atenção porque, até novembro, o Cadastro Geral de Empregados e Desem­pregados (Caged) acumula um total de 2.544.457 empregos gerados. Ainda que o número supere a meta, é sabido que os meses de dezembro costumeiramente puxam o volume total de empregos com carteira para baixo, porque o período é marcado pela dispensa dos empregados temporários e pelas poucas contratações.

Isso acontece porque o saldo anunciado todos os meses – e também no acumulado do ano – é fruto da subtração do número de desempregados no total de novas vagas criadas, o que é chamado de “geração líquida” de empregos. Assim, se houve hipoteticamente 200 mil desligamentos e 100 mil contratações em dezembro, o resultado do mês em questão é de 100 mil demissões.

A média de desligamentos líquidos dos meses de dezembro durante os sete primeiros anos do governo Lula foi de 378 mil trabalhadores, segundo cálculos da reportagem feitos com base nos números do Caged. O ano em que o mercado de trabalho menos demitiu em dezembro foi em 2005, com saldo líquido de 287 mil desempregados. Assim, ainda que o mercado de trabalho esteja aquecido, pelo efeito sazonal dificilmente o mês de dezembro de 2010 apresentará um número positivo.

Para conseguir atingir a meta por ele estipulada, Lupi deve adiantar alguns números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que só costumam ser divulgados meses depois do início do ano. Junto com a Rais, os empresários atualizam seus dados reais de contratações e demissões do ano anterior.

É que os dados do Caged são compilados a partir de informações cedidas por empregadores mês a mês. Quando uma empresa perde o prazo da entrega, ela apenas faz a atualização no início do ano seguinte. Com os novos números em mãos, o MTE refaz o cálculo para atualizar o verdadeiro retrato do mercado de trabalho brasileiro no ano anterior.

Os dados da Rais de um ano eram conhecidos apenas quase no final do ano seguinte. O início da entrega da Relação este ano é a próxima segunda-feira. Em 2010, Lupi conseguiu adiantar essas informações para julho e a intenção é a de revelar o quadro final do ano passado até abril de 2011. Desta vez, para ter logo um resultado dentro da meta imposta pelo próprio ministro, o ministério pode ter acelerado a coleta das informações. Em outubro, durante entrevista coletiva, Lupi indicou que tentaria adiantar pelo menos uma parte dos números. E é com eles que deve contar para aumentar desde já o resultado de 2010.

Fonte: Agência Estado