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Tanto o senador Roberto Requião como o seu colega Alvaro Dias sinalizaram, por gestos inequívocos, que se encontram em fim de carreira: militantes do moralismo e da austeridade, depois de longo tempo até porque a memória não é tão frágil, habilitaram-se a receber a maldita aposentadoria.

 

A dupla derrubou em 1990 o candidato José Richa por essa acusação: a de beneficiar-se de uma aposentadoria mais do que imoral porque sórdida. E isso foi massificado com a presença indispensável do filibusteiro de sempre, hoje secretário de Beto Richa, Luiz Claudio Romanelli, que tirou certidões do benefício como volantes de campanha eleitoral.

PHD em baixaria, o PMDB fustigou tanto o candidato que liderava as pesquisas e com tal paroxismo que ficaria, em função do alarido moralista, fora da disputa para o segundo turno. E para afastar o candidato que saíra em primeiro lugar, José Carlos Martinez, aprontaram, logo na abertura do segundo turno, uma das encenações mais criminosas da história eleitoral: a lenda do Ferreirinha, um suposto pistoleiro a serviço da colonizadora dos Martinez que ganhou reportagens em jornais e documentário em vídeo. Nos dois casos estavam Requião e Alvaro unidos. Tanto que o governador chegou a receber o pistoleiro teatralizado no Palácio Iguaçu e em vez de entregá-lo à polícia, como consta do processo, mandou-o ao comitê eleitoral do PMDB. Prevaricação clássica e que o criminalista Élio Narézi enxergou na montagem da cena bufa.

A longa espera

Tanto Requião como Alvaro tiveram o cuidado de não pleitear a remuneração vitalícia e deixaram o tempo passar, confiando, como é comum nos políticos, na amnésia do eleitor. Com a repercussão nacional e de clara reprovação que o tema ganhou na mídia, estão sendo obrigados a reavaliar a atitude tomada e o quadro é pior para Alvaro, figura mais nacional dos dois, até pela cobertura que recebe sistematicamente da Rede Globo que, anteontem em entrevista coletiva, afirmou que transfere o dinheiro para entidades filantrópicas como se isso elidisse o fator principal do recuo naquilo que asperamente condenava.

O desgaste é pior porque os dois são velhos exploradores do moralismo e em especial para o líder do PSDB no Senado que quase diariamente destila a sua indignação em torno da improbidade do governo. A alegação salvadora de Alvaro (inclusive documentada com recibos de doação à entidade Santa Betila Boscardin ainda no ano passado) não convence, embora bem articulada, e o arrependimento eficaz, no sentido cristão que se pretende sugerir, é insuficiente.

Autenticidade

Nossa maior carência é a falta de autenticidade na política e enquanto vemos um senador como Pedro Simon reavaliando o pleito que fez em seu favor da prebenda que não se ajusta à imagem que tem de pessoa correta, os nossos dois representantes se colocam tão mal em fim de carreira e de certa forma a traduzem na maneira como transformaram em direito e legalidade aquilo que condenavam como ilegítimo e imoral. A vida inteira tentam sugerir que são iguais ao homem comum e de repente entram numa dessa.

Luiz Geraldo Mazza – Folha de Londrina