Pelos valores divulgados no Portal da Transparência da Câmara, propagar o que está sendo feito em Brasília às bases eleitorais de cada um demonstra ser uma das principais preocupações e fonte de gastos. Somente no mês de março, por exemplo, outro deputado federal paranaense, Nelson Meurer, chegou a gastar R$ 39,8 mil, dos quais R$ 10,1 mil foram para divulgar seu trabalho parlamentar, em empresas como Jornal de Beltrão.
Já o deputado federal que menos gastou com o ”Cotão” foi Rubens Bueno (PPS), seguido por Leopoldo Meyer (PSB), Rosane Ferreira (PV), Dr. Rosinha (PT) e André Vargas (PT), de acordo com as informações disponíveis no Portal da Transparência da Câmara. Líder entre os que tiveram menos gastos, Rubens Bueno evita polemizar e criticar os colegas. ”Há deputados que têm necessidade de gastar mais, isso depende do estilo com que defendem o mandato. Não posso ser juiz de ninguém sobre isso. Na minha maneira de trabalhar, eu procuro zelar pela correta aplicação do dinheiro público, gastando o necessário para desenvolver meu mandato. Eu gasto aquilo que preciso gastar”, declarou.
Senado
Da mesma forma como ocorre na Câmara, os senadores têm direito a uma verba específica para gastos diversos. Juntos, os três representantes paranaenses no Senado Federal gastaram mais de R$ 381 mil de verba indenizatória durante todo o ano de 2011. Com mais da metade do valor total, o campeão de gastos é o senador peemedebista Sérgio Souza, que assumiu a cadeira no mês de junho, no lugar de Gleisi Hoffmann (PT), que foi chamada pela presidente Dilma Housseff (PT) para comandar a Casa Civil.
Souza foi o responsável pelo gasto de mais de R$ 134 mil pelo período de sete meses. Junto com o que foi declarado por Gleisi, o mandato teve um custo total de mais de R$ 198,5 mil só com a Ceap. Desse total, o maior ocorreu em outubro. Foram R$ 33.636,00 gastos naquele mês, cujos maiores valores se destinaram à divulgação da atividade parlamentar (R$ 11,8 mil) e às passagens aéreas (R$ 10,4 mil). Em setembro, de um total de mais de R$ 27,7 mil, foram R$ 11,5 mil destinados às passagens aéreas e R$ 6,4 mil declarados dentro do quesito aluguel de imóveis para escritório político.
A reportagem tentou entrevistar Souza para detalhar esses gastos, mas recebeu apenas uma nota enviada por meio da assessoria de imprensa do parlamentar que se limita a informar que ”os gastos foram feitos dentro da mais absoluta legalidade, seguindo as normas do Congresso Nacional”.
Na outra ponta, Alvaro Dias (PSDB) foi o mais ”econômico”, com despesas declaradas apenas nos meses de junho a dezembro. Todas elas são referentes a passagens aéreas e começaram a existir depois que o Senado agregou o gasto com passagens aéreas à verba indenizatória, com a instituição da Ceap. Desde 2009, Alvaro havia aberto mão da verba indenizatória a que tinha direito. ”Há questionamentos sobre a utilização dessa verba e por isso passei a defender a sua extinção. Esse é um custo a se pagar na vida pública. Faço sempre palestras em vários estados e pago do bolso meu deslocamento e minha hospedagem”, afirmou.
Entre os gastos do senador Requião, o maior total foi de julho: R$ 17.185,33, sendo R$ 6,3 mil correspondente a 11 passagens aéreas e R$ 5 mil com despesas no escritório que mantém. O maior valor individual ocorreu em maio: foram R$ 6,7 mil, também com despesas de escritório.
O levantamento foi realizado pela FOLHA com base nas prestações de contas mensais dos parlamentares, disponíveis nos portais da Transparência da Câmara Federal e do Senado. O valor das despesas, contudo, pode ser ainda maior, já que os parlamentares ainda estão dentro do prazo para acrescentar notas fiscais.